{ parte 4 }

1.1K 55 1
                                    

O casaco chesterfield preto trazia chuva. E a chuva trazia o café preto e fumegante. Ela continuava escrevendo em seu caderno de notas, metade dele já havia sido usado.

Escrevia, como se as palavras fossem sopradas rapidamente em seus ouvidos e se não as captasse logo, seria como tentar pegar fumaça. Talvez ela fosse a fumaça. Nunca tinha companhia, ninguém nem ao menos sentava ao seu lado. Estavam todos ocupados demais em seus celulares para prestar atenção na verdadeira beleza da vida.

A garota do trem não conversava com ninguém, mas nunca chorava. Parecia estar constantemente feliz consigo mesma, ou então simplesmente escondia as lágrimas de todos. Alguém deveria ter lhe contado, enquanto ainda era pequena, que chorar significava fraqueza e que não devia –nunca – demonstrar fraqueza. Ela era misteriosa.

A garota do tremOnde histórias criam vida. Descubra agora