A garota do trem

{ parte 8 }

Nunca se ouvia a voz dela. Doce voz melodiosa. Nem mesmo um suspiro alto. Nada. Mas era possível ouvir seus pensamentos. Saltitavam pela sua mente, quase pulando para fora de seu corpo e contagiando todos ao redor. Todos que – malditos sejam – não entendiam a verdadeira preciosidade que tinham ao lado.

Se prestasse atenção nela por tanto tempo quanto eu, também conseguiria entender. Entender o que aquele ar pacífico transmitia. Mas conversar com ela não era uma possibilidade. Parecia uma alma muito acima de todas as outras, qualquer um se sentiria intimidado perto de tamanha beleza.

Não era só a beleza. Era algo que vinha de dentro, algo que mesmo nunca tendo trocado nem um bom dia, podia-se captar.

Ela despertava a vontade de ser alguém melhor. Parecia o tipo de mulher que durante a adolescência, todas as garotas queriam copiar por causa de seu tom autêntico, mesmo sem ser popular.

Os meninos do time de futebol assobiavam ao vê-la, mas não dava atenção á eles. Por isso era a mais desejada da classe. E a mais esperta. Pois tinha esse ar de humildade, que escondia sua inteligência acima da média. Ela era a beleza da simplicidade.