Capítulo 4 - A Donzela e o Coração Vazio

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BOA LEITURA!!!

"Consiste na monstruosidade do amor

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"Consiste na monstruosidade do amor...
Em ser infinita a vontade, e limitados
os desejos, e ato escravo do limite..."

William Shakespeare

°°°

Havia vários corações batendo naquele momento, eram milhões e milhões de arfar abafados em corpos quentes, uns mais acelerados que outros. Captava-se vários outros sons os quais ele poderia se manter preso, no entanto, no meio daquela festa o vampiro mantinha-se fixado em único som: o coração ritmado de Rose, que ora estava tranquilo, ora agitado.

Naquele primeiro encontro ele a olhava fixamente, sem ao menos disfarçar. A mundana estava ali, em sua frente, tão delicada, nervosa e desconfiada. O seu coração batia dois segundos mais acelerado quando sua prima a deixava constrangida na presença daquele homem. Como ela poderia ser tão inconveniente a ponto de jogá-la para cima de um desconhecido? O que aconteceu com a loira nos últimos três anos? Estava mais impulsiva do que antes.

Claire mencionava algum lugar quando Romeu percebera que todos os seus sentidos estavam ligados aos de Rose: o baticum do coração estava tão alto que podia jurar que encostara o ouvido no peito dela, que podia senti-lo pulsar entre as mãos. Observou o tórax da mesma subir e descer a cada respirada, fixou-se nos lábios pouco gretados quando ela levemente os abriu e imediatamente voltou a fechá-los. Acompanhou o movimento da garganta subir e descer quando ela engoliu em seco. Memorizou todas às vezes que ela olhou para baixo e em seguida de volta para ele para não manter contato visual. O vento fez a mecha ruiva se movimentar roçando no pescoço dela, Romeu quis fazer o mesmo: tocá-la, para sentir da pele, a quentura, a maciez, porventura, beijar.

Campbell não sentia o chão sob os pés, era como se estivesse flutuando em um espaço morno, com o coração da ruiva martelando de um canto a outro, controlando-o, mantendo-o aconchegante e seguro. Estava tão preso a ela que quase acreditou que o seu próprio coração batera, criando vida inesperadamente, depois de tantos anos, batendo em sintonia ao dela. Nunca sentiu nada parecido, nem mesmo imaginou que seria possível, mas fora, não a conhecia ainda e estava tão conectado a menina que não passou por sua cabeça o quanto difícil poderia ser ao quebrar aquele elo. Então, como ela abruptamente aparecera, abruptamente se foi, levando o seu tambor abafado para longe.

Romeu sentiu-se nervoso, angustiado.

— Quem é a mundana?

Romeu foi arrancado do seu espaço de volta a realidade, a força. Sentiu suas veias secarem, se esticando e doendo. O frio lhe adentrou desmascarando o seu coração quieto e vazio. A leveza agora era uma escuridão densa que o abraçava, do mesmo jeito como a morte o fez há décadas. Houve decepção, conquanto ainda não soubesse pelo quê.

A Sombria História de RomeuWhere stories live. Discover now