Capítulo 9

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   Desacordada tive a melhor das lembranças em minha mente, acho que uma das poucas. Eu brincava com minha mãe, um dia antes dela morrer, a gente estava feliz, estavamos brincando de boneca, eu ria, e ela fazia cócegas em mim.

Mamãe, acho que em breve estarei com você.

Acordo com lágrimas nos olhos e tento me mexer mas meus braços e pernas estavam amarrados e eu estava sentada em uma cadeira.

- Olha só quem acordou! - Um homem vinha em minha direção.- Seu pai vai amar ver você novamente.- ele diz rindo ironicamente.- Ah, qual é Rayzinha, perdeu a língua foi ?

- Me tira daqui.- resmungo.

- Esse pedido não pode ser atendido, tente novamente.- ele fala e ri debochando

- Vai se danar! - grito.

- Nossa, quanta agressividade, bom vou da uma saída, se divirta ai amarradinha.- ele fala e sai rindo.

Idiota, eu precisava sair daqui, eu precisava da um jeito de me soltar, e precisava saber quem disse onde eu estava, eu precisava de muitas coisas, a principal era sair daqui, tentei fazer força para soltar meu corpo amarrado a cadeira, mas foi em vão. Ouço passos e decido ficar quieta.

- Ah, está acordada.- um homem, aparentando ter minha idade entrou falando.

- Por pouco tempo não é?

- Não sei, não trato desses assuntos, só vigio, meu pai quem cuida disso.- ele fala.

- Seu pai?

- Nossa Rayka, esqueceu de mim? - ele diz visivelmente desapontado.

- Deveria não esquecer ?! - debocho

- Sou eu, o Igor.- ele diz sorrindo.

Igor? Meu Deus ! Ele brincava comigo na casa de fazenda!

Depois que a mãe dele morreu e teve que morar com o pai, um dos capangas do meu pai, era meu único amigo depois da minha mãe naquele inferno, talvez o único que iria me tirar daqui. Era a minha chance.

- Igor ?! - digo sorrindo, forçadamente confesso.

- Que bom que não esqueceu por completo.- ele diz sorrindo.- Achei que nunca mais iria ver você !

- É, eu também. Gostaria de te dar um abraço.- primeiro golpe, emocional.

- Mas não vai ser possível, e eu não posso te soltar.

- Igor, por favor, me tira daqui ! - imploro. Segundo golpe, chantagem.

- Não posso.- ele diz aflito.- Me perdoa Raykinha.

- Não me chama assim !

- Desculpa.

- To com fome. Ninguém me da nada pra comer nesse inferno.- Terceiro golpe.

- Vou ver se acho algo para você.- ele diz saindo. Eu preciso agir rápido, usar minha amizade de infância com Igor era minha única saída, Eu precisava tirar ele dessa também. Minutos depois ele volta com uma bandeja de frutas e dou um sorriso fraco pra ele.

- Como eu vou comer ? - digo. Quarto golpe.

- Eu dou na sua boca.- Ele fala e eu começo a ri.

- Igor, eu não sou nenhum bebê, São só as mãos, por favor, eu nunca faria nada com você ! - digo atingindo o sentimental dele de propósito, me perdoa Deus, mas era preciso.

- Se me pegarem eu to frito.- ele diz, vejo a confusão em seus olhos.

- Eles não vão saber, se escutar alguém vindo eu boto as mãos para trás como se estivessem presas. Vai Igor, por favor ! - Dessa vez tem que dar certo.

- Ta bom ! Mas seja rápida.- ele diz e vem em minha direção desamarrar minhas mãos, isso ! É agora.

- Pode deixar.- Sinto um alívio maravilhoso ao poder mover as mãos e ele sorri pra mim, disfarço minhas ações entre uma fruta ou outra e conversando com ele, tento desamarrar meus pés.

- Vou da uma olhada na porta.- ele fala e eu concordo. Era agora, me desamarro por completo e fico de pé, preciso de algo para sair daqui. Pensa Rayka, Pensa.

- Parece que está limpo, podemos ficar conversando ainda.- Ele diz e se vira. MERDA.- Rayka ! Você se soltou, você mentiu.- ele fala e puxa a arma da cintura, engulo em seco e levanto as mãos.

- Calma Igor, me escuta, por favor.- digo tão nervosa que estou quase chorando.

- Rayka, não podemos ser amigos enquanto trabalho para o seu pai, mas não quero te machucar volta pra cadeira.- ele fala trêmulo.

- Então Igor, larga tudo isso, me ajuda a fugir, fica comigo, e meus dois amigos, podemos nos ajudar e acabar com tudo isso.- falo e ele balança a cabeça confuso.

- Não, não posso.- ele falava ainda balançando a cabeça. Ouço barulho de sineres vindo do lado de fora e sorrio, ele olha assustado.

- SOCORRO, ME AJUDEM, SOCORRO.- Começo a grita feito louca e Igor vem correndo em minha direção e tapa a minha boca, não queria fazer isso, mas dei um soco em sua cara e ele cai e na queda deixa a arma cair, corro e pego ela.

- Levanta Igor.- digo gritando e ele levanta assustado e bota as mãos na cabeça.- Você vai abrir essa porta e vai me mostras a saída e vai comigo.- digo e ele concorda, ouço um tiroteio intenso la fora, algumas balas atinge a janela que estava pregada com tábuas. Igor vai até a porta e eu fico com a arma mirando nele. Não vou atingir - lo mas preciso por medo nele. Antes que ele chegue perto da porta Alguém a arromba. Era a Polícia , Sorrio e Igor fica nervoso, Sorrio mais ainda ao ver Peter.

- Abaixe a arma senhorita.- um policial fala, eu nem abaixo a arma a jogo no chão e corro pra abraçar Peter uns policais tentam me empedir mas Peter diz que está tudo bem ele me envolve em seus braços. Os policias seguram Igor. Abraço Peter mais forte e ele faz o mesmo.

- Me tira daqui.- digo baixinho.

- Se calma Ray, está tudo bem agora.- ele fala me apertando em seu peito. Me viro e vejo os policiais algemarem Igor.

- Não.- grito e todos me olhavam confusos.- Ele me ajudou, ele estava me ajudando, eu o conheço.

- Precisamos leva- lo de qualquer forma senhorita.- um policial fala e sai levando Igor.

- Desculpa Igor.- digo baixinho enquanto ele passava.

- Você está bem Ray ? Seu pai estava por aqui ? - Peter me enchia de perguntas.

- Estou bem, não sei, não sei, quero ir embora daqui.- digo abraçando ele novamente.
Fomos embora no carro da Polícia, eu estava nervosa, com medo, não sabia que o ser humano que chamam de meu pai estava naquela casa no meio do mato, mas se estava fugiu e deixou os seus morrendo. Não eram muitos mas era muitos para eu enfrentar. Igor foi no outro carro da polícia, eu estava abraçada a Peter, mas ainda em choque, a alguns minutos eu fiquei de cara com a morte e agora estou quase a salvo.
Tivemos que passar na delegacia, prestei depoimento e Peter me levou na casa de Clarice, ela me abraçou forte ao me ver, e eu fiz o mesmo. Tomei banho e botei um pijama, eu estava arrasada então fui dormir, amanhã conversarei com eles e preciso arrumar um jeito de ver o Igor, pelo oque entendi ele foi preso. Fico pensando eu todas as coisas que aconteceram, os piores momentos da minha vida e pego no sono.






Fugindo Do Passado (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora