Estava no apartamento novo comprado pelo Erbet. Era uma cobertura, não muito grande. Tem quatro quartos – o meu, o de J-Hope, o de Namjoon e outro que está trancado, presumo que seja do meu pai – também uma sala mediana elegante, dois banheiros com hidromassagem, a cozinha e uma sala de jantar enorme.
— Está com fome? — Hoseok aparece e joga uma barra de cereal em meu colo.
— Não muito — respondo, a abrindo.
Meu quarto era confortável, as paredes eram cor-de-sangue e possuíam algumas frases famosas de meus livros favoritos. Tinha a parte do closet embutido e uma escrivaninha bem bonita. A cama era de casal e vestia um cheiroso cobertor branco.
Pego o controle e mudo de canal, agora passava desenhos. J-Hope, que estava deitado ao meu lado, resmunga:
— Você ainda assiste isso? Sério, Moon? — me encarou.
— Sim, assisto. E Erbet não te paga para opinar sobre minha vida. Então... só fique calado — suspirei.
Vejo a expressão facial magoada do garoto, mas o que fazer? Além de ser minha única companhia, ele está aqui comigo por dinheiro, não gosto de fingimentos. Eu acho que a culpada do meu estresse se chama Tensão Pré Menstrual.
Ainda sonho com o momento em que alguém se importe comigo, realmente, sem interesses. E o pior é que me deixo levar, me iludir... ele ainda é o mais próximo de amigo que tenho, não posso negar, temos bons momentos juntos.
Depois de alguns minutos, o observo novamente: Hoseok sorria para a TV. Eu sabia que ele gostava de desenhos, só era orgulhoso demais para admitir, ri e virei-me para dormir.
[•••]
Acordo às seis horas do dia seguinte, com latidos pelo quarto. Levanto-me assustada e enxergo dois brutamontes acompanhados de dois pitbulls. Grito por Hoseok e até mesmo Namjoon, mas o que me atende é Erbet:
— Bom dia, meu amor — diz, adentrando o quarto.
— O que você quer? — me levanto e fico em sua frente.
— Ser mais bem recepcionado. Você me trata como um ser sujo e insignificante na sua vida, isso tem que mudar a partir de hoje — acaricia minha bochecha direita com o polegar.
— Mas você é isso mesmo. Sujo por manipular, sujo por matar pessoas, sujo por ter matado a minha própria mãe, a única pessoa nesse mundo que te amou — estapeei sua mão, que deixou de me tocar.
— Você não me ama, Key? — pergunta, indiferente.
— Não, e nunca irei.
Podia ter me arrependido de ter dito isso assim que recebi um mega tapa na cara, mas era o que eu sentia, não me deixo mentir. Massageei a região que ardia e me pus quieta.
— Olha só esse lugar — deu um giro apontando para o teto e paredes — A escola em que estuda, suas roupas, seus eletrônicos... tudo foi conquistado por mim, para dar um futuro melhor à você, Key, só você não reconhece — sorriu bobo.
Ele só podia estar brincando.
— Eu não estou acreditando no que ouço, Erbet! — tampei meu rosto — E para de me chamar de Key, que apelido mais bobo e estúpido! — voltei a sentar na cama.
Eu não disse nada demais, mas parece que pronunciei os piores palavrões existentes da face da Terra para aquele ser:
— Não fala isso, sua imunda! — gritou e os cachorros começaram a latir — Esse nome fui eu que lhe dei, devia se sentir honrada — comentou, mais calmo.
Um pai bandido, abestado e bipolar.
— É por isso que o odeio tanto — resmunguei baixo.
Os três saíram do recinto e agarrei meu travesseiro, que continha a foto de mamãe como estampa.
Desabei em lágrimas.
Fui interrompida por carícias em meus cabelos, virei-me para observar quem era: J-Hope.
— Não fica assim, ela está orgulhosa de você agora — sorriu.
Orgulhosa?
Como ela poderia estar com esse sentimento tão profundo e magestoso por mim, que ainda estava sendo sustentada as custas desse bandido que tirou sua própria vida? Que a impediu de ver as filhas crescerem, se formarem e terem um final feliz, como aqueles contos de fadas?
Orgulhosa estaria ela de Victoria, que fugiu e até hoje não deu notícias, nem me levou junto, estúpida.
Apenas sorri, ele estava tentando me ajudar.
— E então, quem são aqueles caras? — perguntei.
Hope respirou fundo e respondeu:
— São seus novos monitores temporários.
— O quê?! — pronunciei em tom alto. — Você... está falando sério?
Ele assentiu com a cabeça.
— Mas... eu não quero eles como monitores... J-Hope, por quê? — entristeci.
J-Hope foi o meu primeiro monitor. O conheço desde meus 15 anos. Sim, só se passaram dois anos, mas ele era e ainda é o mais próximo de amigo que eu tenho. O ver partir não seria favorável para mim. Nunca.
— Coisas irão acontecer, Moon. E eu não quero estar aqui para vê-las — abaixou a cabeça.
Permaneci em silêncio. O garoto se levantou e se aproximava da saída.
— É algo a ver com a missão, não é? — gritei.
Ele se virou e me encarou, confuso.
— Você sabe sobre ela? — perguntou.
Não o respondi.
— Tem tudo a ver... — suspirou — Mas vai acabar, e irei voltar em breve. Adeus.
E ali se foi a única pessoa que me fez sorrir e me sentir viva nesses últimos dois anos.
Não consegui suplicar, apenas o deixei ir, com o coração apertado. Quem seria minha companhia agora? Eu não sei.
E que raios de missão é essa, que fez meu melhor amigo se separar de mim?
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The Mission • BTS
FanfictionFilha de um dos piores bandidos da região, Kayla Moon vive a sua vida monótona e sem cor ao lado de seu monitor Hoseok. Até o dia em que Jimin, um ruivo tingido e misterioso, adentra em sua vida e a colore por completo. Dois amores proibidos e um s...
