Kayla Moon
Ouço aquele nome e me tremo toda. Por que ele teve que pronunciá-lo? Já não basta o peso de toneladas na minha consciência? Suspiro fundo e caminho até a cama, me sentando e passando a suar frio.
— Desculpa... eu não queria... — o garoto começa a murmurar.
Levanto uma mão com sinal de pare.
Jimin tem sido legal comigo esses dias, e não vou dizer que a nossa amizade é ruim, porque era o que eu mais desejava. Passo a olhá-lo. Suas sobrancelhas arqueadas, boca levemente aberta e feição triste. Parecia o Park Jimin de alguns meses atrás. O observo andar em minha direção, mas um batuque na porta o impede.
— Jimin, seu pai quer te ver! — era a voz de Belinda.
Ele engole em seco, ajeita a posição do cordão de seu pescoço e dá meia volta, antes de me encarar com pena. Rastejo até o meio da cama e agarro minhas pernas. Esperar era o meu destino.
Kim Taehyung
Abro meu armário e guardo o material do dia, que, por sinal, foi maravilhoso, para não dizer o contrário. Ficar sem companhia durante as aulas e vagar sozinho pelo recreio é realmente incrível. Kayla não veio e Jimin também não, o que me faz acreditar que estão juntos. Não a julgo, também não trocaria uma pessoa que já conheço por uma quase desconhecida. Não havia mais ninguém pelos corredores, estou aqui sozinho porque tive que fazer o trabalho de ciências sozinho, o que também é incrível. Posiciono minha mochila nos dois ombros e passo pelas portas das salas vazias. Paro quando ouço ruídos de uma delas.
— Mas eu gosto dela. Brincávamos juntos no seu jardim, até — o dono da voz arfou.
Sem fazer barulho, sigo meus olhos até a área visível da porta e avisto uma cena não muito agradável. Lori beijava o pescoço do professor Kentin e acariciava outras partes.
— Isso é passado. O seu presente é aqui. Se quer mesmo fazer isso, terá toda a minha ajuda — ela disse.
Que porra essa garota está tramando agora?
— Não sei se você entendeu bem — o mais velho sorriu com as carícias, de olhos fechados.
— Eu só entendi a parte mais emocionante... uh — grunhiu.
— Bem que me disseram que você é um pouco... hum... estúpida.
— É por isso que você vai me ajudar a passar — a cobra sorriu cínica.
Os dois se entreolharam e pareceram tomar decisão sobre alguma coisa. Tamanha minha inocência que não percebeu o que viria a seguir: um arrancando a roupa do outro, de um modo digamos que... selvagem. A ânsia de vômito me invade e bato a cabeça na porta por impulso.
— O que foi isso? — ouço no fundo.
Caminho até a saída o mais rápido que consigo. Lori se prostituir para professores em troca de notas é novidade. E das boas.
Kayla Moon
Estava quase a cochilar entre minhas pernas quando uma tosse forçada me desperta para o mundo real. Abro os olhos com dificuldade e encaro a figura de velho e bem sucedido homem. Os arregalo e levanto em um só segundo.
— Senhorita Campbell — curva-se.
— Senhor Park — imito o ato — Onde... está Jimin? — fico na ponta dos pés para verificar se o garoto estava atrás de si.
Ele sorri fraco e cruza os braços, passando a encarar o chão.
— Meu filho está comendo um banquete preparado por Belinda.
— Ah.
— Senhorita Campbell.
— Sim?
— Este é mesmo seu sobrenome? É bonito.
— É sim, senhor. Obrigada.
— Não precisa agir como um robô quando eu estiver por perto. Jimin deve ter falado de mim, sobre a minha colocação no mundo, para você estar assim.
— Desculpe.
— De qualquer forma, não foi para isso que vim conversar com você.
— Não? — tremi.
Fodeu a porra toda.
— Bem... não tive muito tempo de conversação com Jimin, mas ele falou de você. Disse que era diferente, por isso estou aqui.
Franzo o cenho.
— Ainda não entendi, senhor Park.
— Vim descobrir se você é confiável. E parece ser — sorriu — Prazer em conhecê-la, senhorita Campbell — disse e deu as costas.
Isso não soou nem um pouco normal.
— Como pode ter tanta certeza disso? — retruco.
Foi impulso, juro.
O homem novamente se vira e encara o chão por alguns segundos, antes de começar a dizer:
— Pessoas não confiáveis são treinadas para não gaguejar.
Ele sai do quarto e um Jimin confuso adentra.
— O que ele disse? Desculpe-me por isso — negou com a cabeça.
— Tudo bem. Não importa.
O garoto respira fundo, aliviado.
— Kayla.
— O que houve?
Suas mãos encontram as minhas e as seguram firme.
— Você é minha amiga e eu... preciso te confessar uma coisa.
Assinto com a cabeça e o puxo para a beira da cama. O vejo engolir em seco.
— Quero que saiba que eu nunca senti isso antes, portanto, é estranho e novo pra mim — ele evitava contato visual.
Seu olhar não saia de nossas mãos.
— Eu costumava não sentir borboletas no estômago quando estava perto de garotas, costumava não encarar suas bocas com a vontade de beijá-las, costumava não desejar passar o dia ao lado delas. E você faz todas essas frases não fazerem mais sentido, está me matando... — suspirou.
Abro um sorriso do tamanho do mundo e levanto seu rosto, com meu dedo indicador em seu queixo. Passamos a nos encarar.
— Seria errado dizer que adorei o fato de estar te matando? — sorrio e ele imita o ato.
Eu não estava o matando. O que de certo nos matava é esse silêncio ensurdecedor. Seguro sua face com as duas mãos e acaricio suas bochechas com os polegares.
— Você é linda.
Como permanecer estável depois dessa? Meus nervos se agitaram ainda mais, está sendo uma missão quase impossível respirar. Deixo o medo de lado e encosto meus lábios nos seus. Sua boca era tão doce, podia jurar que senti o gosto de chocolate invadindo minhas entranhas.
O dia preto e branco havia acabado de ganhar cores vivas.
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The Mission • BTS
FanfictionFilha de um dos piores bandidos da região, Kayla Moon vive a sua vida monótona e sem cor ao lado de seu monitor Hoseok. Até o dia em que Jimin, um ruivo tingido e misterioso, adentra em sua vida e a colore por completo. Dois amores proibidos e um s...
