"Tá tudo acabado"

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Chego em casa e vou para o quarto e as lágrimas que eu não consegui conter descia pelo meu rosto.

Sinto meu coração congelar só de pensar em ficar sem o Guilherme, mas só vim me dar conta agora que nós estamos meio que criando uma parede entre nós, mas eu estava muito "ocupada" pra ver isso, talvez tenha sido esse o meu erro. Eu não queria perde-lo, mas também não estava disposta a lutar sozinha por nós dois, mas isso é uma coisa que nós dois precisamos conversar.

Me agarro com o travesseiro quando escuto alguém dar 2 batidas de leve na porta do meu quarto. Olho pra porta e vejo o Felipe.

-Melany, o que aconteceu.- Ele deveria estar me perguntando isso atordoado, como Karol faria, mas ele simplesmente me perguntou com a maior delicadeza e uma expressão de preocupação.

-Quer mesmo saber.- pergunto com uma curiosidade que toma conta de mim, pois eu e Felipe nunca tinha tido esse tipo de conversa ou outra coisa do tipo.

-Respira, para de chorar, ai você me conta tá bom?.- Ele me fala com total atenção enquanto passa a mão em meu cabelo e eu encosto a cabeça em seu peito.

Tanto me acalmar mais e vou falando palavras descontroladas que saem sem eu me dar conta. Felipe apenas me olha e não me interrompe enquanto eu falo. Sua expressão era de total atenção ao que eu falava.

-Vocês dois estavam de cabeça quente, tentem conversar quando estiverem mais calmos. Não adianta tomar decisões precipitadas. Pensa mais, e amanhã vocês conversam direito, certo?..- Ele me aconselhou e eu apenas sorri agradecidamente.

-Certo.- Falo respirando fundo.

-Te achei.- Sofia fala entrando no quarto e ela parecia incomodada com o que viu.- O que aconteceu?.- Ela pergunta sem jeito.

-Nada demais não é Mel?.

-É, nada demais.- Concordo com o Felipe. Logo em seguida eles saem do quarto.

Já estava bem próximo do casamento da Karol, era pra estar tudo prefeito, mas nem isso eu consegui fazer, que bela amiga eu sou.

Hoje era sábado, o casamento da Karol era próximo domingo. Eu deveria estar um pouco mais feliz, Boa parte dos nossos amigos do Brasil vem, inclusive meus pais. Isso era meio confuso, porque isso tinha que acontecer justo agora? Tudo estava indo tão bem.

Eu fui até a cozinha quando Karol entra toda empolgada.

-Você não vai acreditar, ADIVINHA QUAL A SURPRESA QUE O GABRIEL DIZIA QUE IA FAZER????? UM APARTAMENTO.- Ela fala eufórica.

-Ah, eu já sabia.- Falo sem entusiasmo algum.

-Nossa como você é. Argh.- Ela faz uma careta.- Eu vim te buscar, vamos lá.

-Eu?.

-Não, minha vó..- Ela zomba.

*

Depois de praticamente Karol ter me forçado a vim ao apartamento dela, lá estávamos nós, lavando o apartamento que por sinal era bem espaçoso. Já estávamos toda molhadas, quando Gabriel abre a porta e começa a rir. Sorriu divertidamente quando vejo o Guilherme, que aparece por trás do Gabriel, eu congelo sem reação alguma.

Karol logo percebe o clima.

-Sim amor.. Lembra que nós marcamos de fazer aquele negócio?.- ela fala puxando seu braço.

-Que negócio.- Ele franze o cenho. Karol olha pra ele revirando os olhos quando ele finalmente entende e sai junto com ela.

Eu e Guilherme ficamos nos encarando.

-Você tá bem?.- Ele finalmente resolve quebrar os silêncio que havia entre nós a alguns minutos.

-Porque você bebeu?.- Pergunto desviando o rumo da conversa. O silêncio novamente. Ele apenas me encara, e eu sinto que ele quer falar algo, mas porque não fala?. Pego minha bolsa e saiu de lá em passos largos e rápidos.

Megh On

Megh, você precisa agir, pensa.

Falo pra mim mesma enquanto ando pra lá e pra cá no meio da sala.

Uma hora ele conta tudo pra Melany e meu plano vai por água baixo.

Já sei.

Pego as chaves do carro e saiu.

*

3 batidas na porta da Melany. Ninguém abre, mas vejo o elevador abrir e Melany sai dela, ela me vê e sua expressão parece surpresa.

-eu precisava muito falar com você, ainda bem que você chegou.- Falo enchendo os olhos de lágrimas. Fingimento total aqui.

-Entra.- Ela abre a porta.- O que aconteceu.

-Acho melhor eu não contar.- Falo tentando parecer a vítima.

-Fala logo Megh.- Ela parece impaciente.

-É que eu chamei o Guilherme lá em casa uns dias atrás, não sei porque chamei ele, mas juro que não foi por querer, Foi um momento de medo, mas enfim, ele foi me ajudar, porque eu estava com medo de uns barulhos que estava ouvindo, e acabamos bebendo, mas o Guilherme bebeu muito pouco, eu que bebi muito, depois não lembrei mais de nada que aconteceu, até acordarmos na minha cama de manhã, mas eu juro que não sei o que aconteceu, eu juro, eu logo perguntei o que aconteceu pra ele e ele parecia bem convicto do que tinha acontecido, mas eu juro que não lembro de nada, e como papel de amiga eu vim aqui, porque eu acho que você precisava saber.- Ela fica calada fixando o olhar no chão e eu acho que meu plano tá dando certo.- Você pode parar de falar comigo mas por favor não diz nada disso pro Guilherme, eu tenho muita vergonha. Por favor Mel, me perdoa. Eu juro que não sabia o que tava fazendo, me desculpa Mel.

-Sai da minha casa.- ela fala tentando não chorar e eu estava pulando de alegria por dentro.

Sai de lá com um gostinho de Vitória na boca. Agora só resta ela ter o bom censo de terminar logo com o MEU Guilherme.

Guilherme On

Depois que a Melany saiu por essa porta eu fiquei parado por alguns segundos, talvez eu tivesse que ir atrás dela, mas sei lá.

Depois de muito tempo rodando no meu carro eu decidi ir falar com a Mel, era a melhor opção falar pra ela logo, e tentar fazer as pazes, não aguento mais ficar sem abraça-lá, sem beija-lá, pode não parecer mais isso é um grande sacrifício pra mim.

*
Bato na porta e alguém abre furiosamente. Melany parecia furiosa e ao mesmo tempo triste.

-Eu quero te falar uma coisa. Responder sua pergunta.- Falo caçando a nuca.

-Agora você quer me dizer?.- Ela grita. Fico olhando pra ela confuso, sem entender nada.- Você acha que eu nunca ia descobri não é? Você acha que eu sou uma bobinha que você pode enganar? Talvez tenha sido mesmo, mas você não tinha o direito de fazer isso Guilherme, como você pôde brincar com meus sentimentos dessa forma.- Eu estava sem reação, não estava entendendo nada.- Eu já esperava que você não fosse falar nada. Guilherme por favor, sai daqui.

-Espera um pouco, eu não estou entendendo nada, será que da pra você explicar?.- Pergunto realmente sem entender nada.

-Não se faça de santo, não caiu mais no seu Joguinho. Agora da pra você ir embora.- Ela chorava tanto que até soluçava, eu já estava ficando incomodado com essa situação, eu simplesmente estou muito perdido no meio dessa confusão toda.

-E eu não posso falar nada? Só você que pode?.- Pergunto

-Não, sai daqui.- Ela grita novamente e minha cabeça se enche de raiva e convicção.

-Se eu sair por essa porta tá tudo acabado.- Falo com os olhos cemicerrados e com raiva daquela situação inevitável.

-Já acabou desde o momento que você mentiu pra mim.- Ela fala sem nenhuma expressão significativa no momento.

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O Garoto da Sala ao Lado 2Where stories live. Discover now