"Eu merecia uma ligacão"

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Enrolei uma toalha nos meus cabelos molhados e sai do banheiro suspirando.

Que dia ein, que dia. Balanço a cabeça negativamente.

Estava me preparando mentalmente para conversar com Karol, eu tinha que saber separar bem as coisas quando fosse conversar com ela.

Pego meu celular e não tem sequer uma mensagem do Guilherme. Ele não tinha o direito de me tratar daquela maneira. E eu me recuso a ligar ou mandar mensagem, tenho minha dignidade ainda.

Me sento na cama e suspiro fundo tentando não pensar em nada porém é em vão.

Respirei fundo e então vesti uma roupa e chamei um táxi pra casa de Karol.

Depois de alguns minutos na estrada chegamos a casa dela.

Respiro fundo antes de subir. E assim que entro não consigo evitar minha expressão triste ao ver ela no sofá deitada no colo do Gabriel.

-Eu já disse a ela que pode não ser ele.-Gabriel diz calmamente.

-Era ele, era ele.- fala entre soluços.

-Eu acredito em você.- falo me sentando e Gabriel levanta para que eu a abrace.-Calma.- digo tentando acalenta-la.-Nós vamos encontrá-lo de novo, então para de chorar e vai tomar um banho.

Ela assente e sai em direção ao quarto.

-Ela surtou quando achou ter visto ele na praça a frente do restaurante que a gente estava.-Gabriel fala pensativo.- Eu nem sabia que ela tinha um irmão.-franziu o cenho.

-É um pouco complicado, mas é bom que vocês conversem depois.

-Você deveria está com o Guilherme agora.-Indagou.

-Ele não faz questão da minha presença.-Dou de ombros.

Ele sorri irônico.

-Vai lá ficar com ele, ele tá passando por um momento difícil. Pode deixar que eu fico com a Karol enquanto você resolve com ele.-Aconselha.

-Não posso deixar ela, eu mesma que comecei essa historia do irmão dela, se bem que ela achou que eu estava louca no começo..-Falo me lembrando.

-Melany, vai.-diz como uma ordem.

Não há nada que se possa fazer agora então eu vou mesmo, preciso ir pra entender umas coisas.

-eEu volto logo, juro.

(...)

Depois de falar com Jeniffer pelo telefone, descubro que haverá uma audiência pra saber quem vai ficar com a custódia do menino.

Não foi relatado sequestro, pois na verdade Raydell ainda era pai do menino, então tudo ia se resolver na justiça.

Isso não está me cheirando bem.

Botei meu orgulho de lado e liguei pra Guilherme, várias e várias vezes.

Caixa postal

Liguei pra várias pessoa que possivelmente poderiam estar com ele e nenhuma delas estava oi sabia onde ele estava. Aí bateu uma leve preocupação.

Então pensei em um lugar que eu queria não ter pensado.

Ali mesmo parada em frente o barzinho que ele costumava ir, eu me recusava a entrar. E torcia pra ele não estar lá dentro.

Mas então entrei a primeira pessoa que meus olhos viram foram ele.

Ele estava sentado de costas, de cabeça baixa. Não havia copo em sua mão, e ao seu lado tinha uma pequena rosa vermelha.

Me aproximei até estar perto demais para ele poder se virar e me ver.

Nos encaramos por vários segundos sem falar nada.

Eu queria falar tanta coisa.

Eu estava com raiva, mas também queria entendê-lo, queria ser o apoio dele no meio de tudo isso.

-Você não estava em casa.-Ele fala me entregando a rosa simples e perfeita, que por acaso era pra mim.

Eu fico olhando ele segurar a rosa em direção a mim e não a pego.

-Eu sinto muito por tudo, eu não vim com uma desculpa super boa, só com as mais sinceras que você terá de mim. E não quero que pense que isso teve alguma coisa haver com a nossa noite, porque foi a noite mais maravilhosa que eu já tive. Só, não foi nada com você.-Ele falou ali mesmo sentado, e meu coração apertava mais a cada palavra dele.

-Eu só esperava uma ligação.-Sorri fraco, para não chorar pois não era o caso.-Eu estava do seu lado, e você me tratou como uma conhecida qualquer, talvez eu merecesse um pouco de consideração. Eu estava com você, você tinha todo direito de estar chateado com a situação, de estar triste, ou preocupado. Mas eu estava lá por você, pense nisso.-Falei com uma enorme vontade de chorar, pois quem seria eu se não tivesse.

Encarei seus olhos azuis que tinham um olhar visívelmente triste, fiquei parada até que criei coragem e deu as costas e fui embora dando passos firmes. Antes de sair vejo pelo reflexo do vidro ele soltar a rosa no chão.

Ele ficou lá sentado me vendo ir embora. Não moveu um músculo.

Não queria criar caso agora, mas já está tudo se encaminhando para o certo, tudo se resolvendo, não ia fingir que isso não me magoou. Também tenho sentimentos, e não é porque foi com a família dele que eu também não senti, eu os tenho como minha família também, e achei que ele soubesse.

Então sai do bar rapidamente e parece que só foi eu botar o pé fora que começou a chover. Levanto o capuz do moletom que estava vestindo e volto a andar abraçada a mim.

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⏰ Last updated: Dec 28, 2019 ⏰

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O Garoto da Sala ao Lado 2Where stories live. Discover now