"Estranho"

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Instagram: @heloisa_alv

Novo livro: Garota Impulsiva
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Guilherme

Meu pai sentou a minha frente respirando fundo.

-Já proibi a entrada desse sujeito aqui!.- exclamei cerrando os punhos.

Quem esse cara pensa que é pra chegar aqui dizendo que pode ser meu pai?.

-Você não pode fugir disso.

-disso o que?.- indaguei.

-Eu sei que errei por não ter contado essa história antes, mais acredite, foi por medo.- disse levando os olhos ao chão.

-Pai, não se culpe por isso, você com certeza não tem e não deve se culpar por nada.- disse convicto.

Ele assentiu e passou alguns minutos me encarando.

-Vá para casa, deixe que eu me encarrego de cuidar de tudo. Eu estou bem melhor que você,  acredite.- ele me mandou levantar e eu revirei os olhos indo até a porta.- Vá para o meu apartamento, Jennifer está lá, é bom que você não fique sozinho, ok?.

Assenti e sai batendo a porta.

Sendy estava sentada em sua mesa com os olhos levemente arregalados, com uma expressão um pouco assustada mais tentando não transparecer isso.

-Deseja algo senhor Guilherme?.- disse me encarando.

Passei alguns segundos pra tentar me acostumar, pois só de pensar em várias pessoas me chamando de "senhor" já era estranho.

-Você está bem?.

-Sei la.- falei e me encostei em sua mesa flexionando os braços pra trás e afrouxando a gravata que já estava me incomodando.

-Posso te fazer uma chá?.- Indagou mais logo pigarreou se ajeitando na cadeira.- Quero dizer... o senhor aceita um chá?.

-Sendy, não precisa de tudo isso.- franzi o cenho e ela fez o mesmo.- Sabe, de toda essa.. como posso dizer... de toda essa formalidade, entende?.- Ela arqueou uma sobrancelha e logo baixou o olhar. Sorri aleatoriamente e ela me encarou.- E não, não aceito o chá, mais talvez um chocolate quente.

Ela sorriu.

-Sim, vou pedir um para o senhor.... an... para você e ja ja estara prontinho.- falou meio envergonhada.

-Não precisa, vamos comigo, eu conheço um lugar que fazem o melhor chocolate quente de Orlando.

Não sei porque a chamei, mais sinto que a companhia dela agora seria bom. E não, eu não estou nem com primeira intenção, imagina com segunda... ela meio que me acalma um pouco.

-Não sei se é uma boa idéia.. o senhor namora e eu tenho que trabalhar.

-Eu não esrou te pedindo em namoro não senhorita Sendy.- Gargalhei e ela corou.

A puxei e fomos até o estacionamento. Estramos no carro e não falamos nada.

-Então senhor Guilherme..

-Olhe Sendy, hoje eu queria só uma amiga, e acho que você se adapta muito bem a esse papel.- Disse e ela sorriu.

-Vou me esforçar.- Fingiu está pensativa.- Então me conte, o que mais gosta de fazer?.

-Eu não sei dizer essas coisas.- Franzi o cenho e ela gargalhou.-É sério.

-Tudo bem então... an, vamos falar de outra coisa..

-Me conte sobre você. Sua história, o que a fez vim trabalhar na empresa, de onde você é... essas coisas -Indaguei e ela ficou alguns segundos em silêncio.

-Eu fui deixada no orfanato aos 4 anos por meu pai, dois anos depois uma nulher me adotou, quando completei 10 anos ela me contou que era minha mãe verdadeira e que tinha medo de falar isso antes, ta, digamos que foi um pouco confuso pra mim, mais acabei aceitando, até porque não era tão ruim assim ser adotada por sua mãe biológica. Ela me contou que passou um tempo sem ter condições e assim que conseguiu recursos e condições para cuidar de mim voltou a me procurar no orfanato. O tempo passou e a curiosidade de saber quem era meu pai e o porque dele me deixar naquele orfanato fou crescendo, mais minha mãe nunca quis me contar, até que um dia ela disse que ele estava em Orlando, e que essas eram as únicas coisas que sabia dele, que ele tinha se dado bem na vida e não tinha se casado. Não quis me contar o nome dele porque não queria mexer no passado, mais isso não me impediu de vir pra Orlando procura-lo. Nasci na inglaterra e faz uns 7 meses que vim pra cá. É, acho que falei tudo.

Estacionei o carro e apertei as mãos no volante.

-Não contei essa história para ninguém depois que cheguei aqui, então sinta-se lisonjeado.

-Com toda certeza Srt. Montgomery.- Pigarreei e ela sorriu. Descemos do carro, entramos no estabelecomento e logo sentamos.- Então, conte-me... ja tem alguma pista sobre seu pai?.

-Infelizmente não.- A encarei e ela corou.- Eu sei que fazem sete meses, mais é difícil procurar por alguém que você nunca ao menos viu.

-Concordo plenamente.

-Mais mudando de assunto, vamos fazer uma brincadeirinha, eu faço cinco pergunta s e você também. Ok?.

-Não vai querer saber minha história?.-Indaguei.

-Ja sei sua história, na verdade todo mundo sabe da sua história. O filho de um grande empresário que perdeu a mãe muito cedo.-Falou relaxadamente.

Eu tunha esquecido que isso sempre saia nas revistas ou em entrevistas que meu pai dava.

-Obrigado por refrescar minha memória, mas me conte, como funciona mesmo essa brincadeira?.- perguntei revirando os olhos.

-Fácil, me faça cinco perguntas que eu te faço cinco perguntas, é mais um joguinho de perguntas bobas.

O garçom entregou os cardapios e logo pedimos o chocolate quente.

-Quantos anos você tem?.

-Tenho 20.- Respondeu.

-O que mais gosta de comer?.

-Não tenho besteira, gosto de comer tudo.- Ela arqueou uma sobrancelha e eu a encarei.

-O que?.

-Você tem que ter mais criatividade.

-Ta falando com a pessoa errada, pois uma coisa que não tenho é criatividade, talvez seja por isso que não componho.

-Você não componhe? Mais toca, certo?.

-Certo!.

-Ta, prossiga.- A encarei e ela sorriu.- Nas perguntas.

-Ja fez balé?.- Ela gargalhou.- Você tem cara de quem já fez balé.- dei de ombros.

-Não, eu nunca fiz balé.- cruzei os dedos e observei o garçom trazer os nossos pedidos.

-Ja se casou?.

-Não.- fez careta.

-Qual seu nome completo?.

-Sendy Montgomery Coll.

Meu coração começou a bater rapidamente e eu congelei sem conseguir dizer nada.

-Vai, ainda falta uma pergunta.-Engoli em seco.- Você está bem?.

O Garoto da Sala ao Lado 2Where stories live. Discover now