Vida Normal

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Um alívio poder andar por ai sem o gesso limitando seus passos. Poncho sorri se sentindo livre. Sobe na moto mais uma vez. Uma perfeita belezura. Foi só um concerto e a moto já estava na ativa.

O vento bate ricocheteando a pele dele. Enquanto ele dirigia pelas ruas de Acapulco. O restaurante ficava a uns 15 minutos de relógio. Nunca pensou que trabalhar fosse fazer falta. A verdade é que se apegou ao velho Roberto. Era um homem gentil e educado.

Estacionou a moto próxima do restaurante. Naquela hora da manhã, só os funcionários estavam por ali. Poncho bate na porta e um dos garçons vem abrir.

- Poncho! E ai. – Eles cumprimentam com um toque de mão e uma batidinha nas costas. – Como está?

- Agora estou bem melhor. – Abre um sorriso. Olha ao redor. – Parece que as coisas não mudaram por aqui.

- Está tudo como você deixou. Fique a vontade. – O moreno com alguns quilinhos a mais da outro tapinha nas costas dele e se afasta.

Aos poucos os outros funcionários vão cumprimenta-lo. Deixando por último a morena de olhos de avelã. Continuava linda e gostosa como ele se lembrava. Ela se aproxima. Abre um sorriso provocante. Essa sim, sabe como mexer como um cara, Poncho pensa. A cada passos, seu sorriso aumenta, quando está cara a cara trocam dois beijinhos.

- Você nos deu um baita susto. – Falou com uma voz manhosa.

Poncho sorri e da de ombros. Ela junta o corpo ainda mais próximo do dele.

- Sabe, não me esqueci que você sugeriu poderíamos sair um dia desses... – Passa a mão pelo tórax por cima da camiseta. – O que acha de depois do expediente...

- Desculpe. – Ele se afasta. – Eu não posso.

Ela faz bico.

- Tem outro compromisso?

- Tenho com a minha namorada. Por falar nisso se ela me vê assim com você vai sobrar pra mim então é melhor você se afastar.

A morena aumenta o bico.

- Ah! Mas você me disse que estava solteiro! – Inconformada com o pouco caso que ele está fazendo.

- E eu estava naquela época. É que aconteceram tantas coisas depois daquilo... Acabei reatei com a minha ex e estou muito feliz.

Nesse momento a porta da cozinha abre e sai seu Roberto. Ele abre um sorriso ao ver Poncho e os dois se abraçam.

- Seja bem vindo de volta! – Olha para a morena. – Michelle, estão te chamando lá na cozinha.

A moça sai contrariada. Roberto pisca o olho.

- E então, o que eu vou fazer hoje?

Roberto explica o trabalho. Nada novo. Basicamente servir e arrumar as mesas.

...................................

Horas depois. Os clientes começam a chegar. As mesas já estão ficando completas. Poncho atende uma mesa da esquerda. Um casal e duas crianças fazem o pedido, enquanto ele anota tudo. Any sorri observando seu namorado trabalhando.

Ele sente que está sendo observado e olha para trás. Pisca um olho para ela e quando termina de anotar o pedido, vai até onde ela está.

- Tem mesa para uma?

- Se for para a minha namorada linda e gostosa tem. – Rouba um selinho.

-Poncho! – Bate no braço dele. – Você está trabalhando! Se controle!

Ele ri e a conduz até uma mesa no fundo do restaurante.

- Porque aqui?

Ele a abraça por trás.

- Porque aqui, eu posso te beijar a vontade. – Vira ela para frente dele e captura os lábios rosados. O beijo começa delicado e vai ganhando intensidade. Ofegante, ela para com um selinho.

Ela senta.

- O que vai me servir hoje?

- O que você vai querer? – Ele devolve a pergunta.

- Então eu vou querer um peixe ao molho de camarão com arroz a grega e uma salada verde.

Poncho anota tudo.

- E para tomar uma coca bem geladinha. – Ela fecha o cardápio e sorri olhando para ele.

- Vou pedir para adiantarem o seu almoço. – Sorri e se afasta.

Any suspira vendo-o trabalhar. Uma pena que ele não possa sentar ali com ela. Se ele pudesse estariam conversando e se beijando. Morde o lábio inferior, observando-o.

Michelle, do balcão observa-a.

.................................

Uma hora depois. Any paga a conta e junto com Poncho caminham até o lado de fora do restaurante.

- Você não devia ter vindo comigo.

- Não me importo. – Um braço a envolve pelo ombro. – Queria ficar um pouco mais com você.

Ela sorri e encosta o rosto no braço dele. Suspira.

- Nos vemos a noite?

- A noite tem corrida. O Paulinho mandou mensagem. Disse que vai ser especial essa noite.

- Não quero que você vá!– Ela vira de frente para ele.

- Any...

- Você ainda está se recuperando!

- Não. Eu já estou recuperado e, além disso, você sabe que eu adoro essas corridas.

- Não, você adora se arriscar. Adora se por em perigo. Será que eu vou ter que passar por tudo de novo para você entender que eu não quero te perder?

Ele segura o rosto dela entre as mãos.

- Você não vai me perder. – Encosta a testa na dela. – Eu te amo. Eu sei me cuidar.

- Eu também. Por favor...

- Não me pede isso. – Ele fecha os olhos. – Você e as corridas são as duas coisas que eu mais amo no mundo. – Ainda com a testa colada na dela, acaricia a lateral do rosto.

- Só que essas corridas matou o Christian!

Poncho se afasta dela, vira de costas.

- Não fala no Christian.

- Porque não? Ele também era meu amigo. E ele morreu porque foi correr. Você não entende como isso é perigoso?

Os olhos cheios de lágrimas, ele vira para ela. Any dá um passo para trás. Surpresa com a emoção dele.

-Amor... – Tenta se aproximar dele, ele se afastar.

- É melhor você ir.

- Não. A gente precisa resolver isso!

- Eu vou correr a noite e você não vai me impedir, ouviu? – Fala em um tom grosseiro. - Se quiser me vê estarei as 22 horas no lugar que você já sabe. – Volta para o restaurante sem olhar para trás.

Sem que ela pudesse conte-lo, ele já se afastou. Limpa as lágrimas que caem pelo rosto, abre a porta do carro e fecha com força. Em cima do volante deixa toda a raiva e frustração. Custava ele entender o lado dela? Ela só não queria perdê-lo!

De dentro do restaurante, Michelle observa o casal brigar e depois ele entrar pela porta principal com raiva e se trancar no cubículo dos funcionários com um sorriso no rosto, ela sai de trás do balcão e faz o mesmo caminho que ele fez. A porta está trancada. Ela força, bate, chama. Até que sente a porta abrir. Ele olha para ela com os olhos vermelhos.

- Ei! O que foi? – Toca no rosto dele.

E surpresa sente os braços dele, abraçando-a pela cintura e cabeça encostada no vão do pescoço. As lágrimas molham a camisa dela. Por um tempo ficam assim, sem falar nada. Ele esta chorando. Ela o consola.

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Te EsperareiWhere stories live. Discover now