Pesadelo

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Nunca pensou como morreria.

Ele nunca foi um cara perfeito. Mas também nunca foi mau.

As pessoas ao redor gritavam e ele não conseguia ouvir.

Tudo o que ele via eram as lembranças de um passado que não se concretizariam no futuro. Um passado que se vai como uma folha no outono que cai. Aos poucos o corpo foi tombando para trás e ele sentiu a vista fraquejar.

O corpo foi caindo aos poucos e os gritos foram ficando audíveis. Foi então que ele a viu. Com o rosto banhado em lágrimas, os lábios trêmulos e um grito agudo de desespero.

- Por favor não me deixe! – Ela sussurrou. E foi arrastada por uma multidão que a tirou dali antes que ele fechasse os meus olhos e não visse mais nada.

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Poncho acordou suado, olhou para os lados, em seguida para o seu corpo e respirou fundo aliviado. Foi só um sonho. "Está tudo bem". Falou para si mesmo no inconsciente. Limpou a testa suada com o dorso da mão e tirou o lençol de cima dele. As pernas firmaram no chão e ele levantou. O coração ainda batendo ligeiro como um pressentimento ruim, talvez até uma premonição.

Afastou o pensamento e se concentrou em ir até a cozinha tomar um copo de água. O apartamento estava silencioso. Christopher ainda dormia, afinal não passava das cinco da manhã. Ele nunca acordava a essa hora. Tomou a água em um único gole. Deixou o copo na pia e voltou para o quarto. Tentaria dormir mais um pouco.

As imagens do pesadelo ainda estavam vivas em sua mente. Ele lembrava do rosto de Any, olhos desesperado, implorando para que ele ficasse ali com ela....

Ligou a televisão querendo se distrair. Estava passando um filme e ele se permitiu prestar atenção e esquecer o pesadelo que lhe tirou o sono.

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- Bom dia! – Anahí acordou disposta naquela manhã. Animada, sentou ao lado da amiga de apartamento.

- Estou vendo que acordou feliz. O que se deve essa alegria toda?

- Hoje é meu dia de folga no trabalho, vou visitar a Luíza. – Pega a manteiga e passa no pão. – Estou animada para vê aquela bolinha gostosa.

Maite ri – Acho que Alícia não vai gostar muito de ouvir você falando que a filha dela é uma bolinha.

- O que eu posso fazer se ela é mesmo? – Da de ombros. – É tão gordinha que dá vontade de morder aquelas dobrinhas nas perninhas grossas.

- O que você acha de ir almoçar comigo no shopping hoje? –Maite pergunta enquanto responde uma mensagem no whatsApp.

- Eu acho ótimo. Estamos precisando sair, nunca mais fizemos esses programas de garotas.

-Então te encontro meio dia no shopping. – Maite se levanta. – Preciso ir. – Beija o topo da cabeça da amiga.

O celular de Any toca.

- Oi amor! – Enquanto mastiga. – Está tudo bem e com você? Ótimo. Vou vê a Luíza e vou almoçar no shopping com a Mai. – Ela sorri com o que ele fala. - É só para garotas. Você pode almoçar com o Levy. – Ela revira os olhos com o que ele fala. – Você prometeu que iria tentar aceitar o Levy. – Ela levanta, tira o prato sujo com a mão livre e deixa na pia. – Amor, preciso desligar, vou na casa do meu pai agora. – Ela sorri. – Também te amo. Beijos.

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Poncho desliga o telefone com um sorriso nos lábios. Entra no restaurante em que trabalha e vai direto para a sala dos funcionários. Guarda a mochila no armário dele e tira seu uniforme.

Já pronto vai para a cozinha. Fazia três dias que estava ajudando o cozinheiro chefe o antigo ajudante foi demitido e seu Roberto resolveu coloca-lo como ajudante para fazer uma experiência, se fosse aprovado, seria seu cargo, ganharia mais e poderia até especializar em culinárias.

Seria um bom plano para um cara como ele. Afinal mandava super bem na cozinha, gostava de cozinhar de vez em quando...

O chefe já estava com a mão na massa quando ele chegou. Lavou as mãos e começou a lavar algumas verduras que estavam separadas para preparar a salada. Ao fundo da cozinha, uma televisão ligada passava um desenho animado qualquer que ninguém parava para prestar atenção.

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Já era meio dia. Anahí se despediu da irmã e da sobrinha que estava a cada dia mas fofa e seguiu para o shopping. Maite já tinha mandado mensagem dizendo que já estava chegando. Enfrentou um pequeno engarrafamento, mas conseguiu chegar em menos de 15 minutos.

Estacionou o carro na garagem coberta, disparou o alarme e entrou no shopping. A bolsa pesava um pouco no ombro, fazendo-a lembrar que deveria ter tirado metade das coisas que estavam ali.

Maite fez sinal ao ver a amiga procurando-a com os olhos. Any sorriu e seguiu para perto.

- Ei! – Maite levanta. As duas se abraçam – Como foi com sua sobrinha?

Any senta de frente para Mai e pega o cardápio de cima da mesa.

- Foi ótimo. Cada dia ela está mais linda e gorda, da vontade de morder aquelas bochechinhas.

As duas fazem os pedidos e enquanto aguardam conversam sobre tudo. Relacionamentos, Luíza, pais, trabalho, problemas... Eram muitas coisas para colocar em dia, apesar de dividirem o mesmo apartamento, nem sempre conseguiam se encontrar, às vezes os horários não batiam. Tinham muitos assuntos acumulados.

Um barulho estranho. Algumas pessoas passaram correndo e gritando. Elas levantaram. Ao mesmo tempo em que dez homens encapuzados e armados apareciam na praça de alimentação.

O caos de formou. Any apertou a mão de Mai com força, estava assustada.


Te EsperareiWhere stories live. Discover now