Hurricane || H.S #wattys2017

3-O garoto que ama

Você me deixou no escuro
Não há amanhecer, não há dia
Eu estou sempre neste crepúsculo. -Cosmic Love

—Tome isso antes de cada refeição e irá ficar bem forte, eu prometo!- O rapaz simpático sorri para mim e eu coro. —E por favor, não contrarie Harry.

Acabo revirando os olhos. Harry é de longe o pior ser humano que conheci. Ele é grosso, bipolar, mal educado e cheio de mimimi. Tudo tem que ser como ele quer e eu não entendo porque ele é assim.

—Por que ele está fazendo isso comigo, senhor?

—Você não sabe?- Ele arqueia a sobrancelha e eu mexo a cabeça negativamente.

Por que eu saberia? Estava normalmente andando na rua quando me enfiaram dentro de uma van.

—Quantos anos tem?

—Quase dezesseis. -Sorrio orgulhosa, mas logo mudo de assunto. —Quero mesmo sair daqui,senhor. Sinto falta da minha família, de quando assistia filmes com meus pais no domingo. É o único dia que poderíamos nos ver já que eles são médicos e sempre fazem plantão. De uma forma fico feliz por eles. Eles estão salvando vidas, entende?

—Meu Deus!- O médico puxa os seus cabelos. Junto as sobrancelhas, confusa com seu comportamento. —Olha...- Ele passa a língua nos lábios antes de se aproximar da cama que eu estava. —Eu sou Louis. Serei seu médico agora. Está bem? Posso ser seu amigo também. O que acha?

Eu afirmo com a cabeça sorrindo. Louis é muito agradável, irei amar se pudéssemos ser amigos, mas eu não quero ficar presa aqui.

—Sempre que sentir algo estranho fale com Harry para ele me ligar e eu virei o mais depressa. -Ele explica e eu o agradeço. —Você não vai sair daqui, Isa.

As suas palavras causam um choque em mim e as lágrimas escorrem lentamente pelo meu rosto pálido.

—Então me escute... Seja boa. Não grite. Não fale quando ele não te perguntar alguma coisa, está bem?

—Sim, Louis. -Sussurro tristemente. —Mas... Por que?

Ele nada diz, apenas se levanta e pega a sua maleta. Louis deixa um beijo em minha testa e então se afasta.

—Tudo ficará claro na plenitude do tempo, Isadora. Apenas tenha fé e seja obediente. Harry é legal, mas precisa obedece-lo. Você pode fazer isso?

Harry é legal? Harry é um monstro!

—Posso. -Sussurro baixinho enquanto uma lágrima escorre do meu rosto e eu choro silenciosamente assistindo o homem simpático ir embora.

Viro para o lado e pulo na cama grande e confortável que está destinada a mim. Por que, meu Deus?

Meu coração aperta com as saudades de mamãe, papai e os gêmeos. Minha cabeça dói e Louis disse que o melhor a fazer era dormir pois ele já havia me dado comprimidos para dores e elas já iriam fazer efeito. Arrumo meu corpo na cama, de forma que não machuque meu pulso enfaixado e eu suspiro.

Fecho os olhos sentindo sono e escuto a porta abrir. Eu espero que Harry seja bonzinho comigo quando eu acordar. Eu não o farei mal. Eu prometo,Harry. Não te farei mal.

Harry

—Não se irrite, ela não está te fazendo de idiota. -Louis aparece de repente no fim das escadas com sua maleta em mãos. Ele se aproxima e toma o copo da minha mão, bebendo todo o uísque do copo. —É apenas ingênua demais. Ela tem quinze anos, porém mentalidade de seis. É muito esperta em algumas coisas, simpática, fofa e... Amável. Ela não te causará problemas, não a machuque!

—Não me diga o que fazer. -Bufo revirando os olhos e tomo um susto quando Louis joga o copo perto de mim e puxa o colarinho da minha blusa. —Me larga!

—Você vai me escutar!- Ele grita e soca meu rosto. Enquanto meu corpo é jogado para a mesa de vidro, o que faz com que tudo quebre e eu quase caio, mas consigo me equilibrar. —Eu não entrei nesse seu planinho ridículo para te ver acabar com a vida dessa garota! Se ela vai ficar aqui eu acho bom você cuidar bem dela!

—Relaxa, seu idiota! -Cuspo no chão e vejo o sangue cair no mesmo, manchando-o. —Não veja sua irmã nela. Sua irmã está morta!

É tudo o que digo antes de ganhar outro soco e cair no chão. Ganho um chute no estômago e por fim, Louis me põe em pé novamente.

—Não fale da Lottie assim ou eu juro que quebro a sua cara!

—Louis, ela era minha irmã também!-Rosno me afastando dele.

Por um momento, Louis para de falar ou de expressar raiva e apenas me observa sem qualquer tipo de expressão. Ele sabe que eu sinto a dor, ele sabe.

Sigo para a adega e pego agora uma garrafa de vodka.

—E é por isso que vamos nos vingar dos Salvatore. -Ponho a bebida em um copo para mim. —Eles tiraram a nossa menina de nós. Nós tiramos a deles. Estamos certos, irmão.

—Não, não estamos! Estamos sendo tão monstros quanto eles!

—Porque nós somos, Louis! -Grito e tudo o que vejo é o meu irmão saindo da casa onde vivo. —Nós somos monstros. -Eu murmuro para mim mesmo e acabo por me sentar no sofá sentindo meu corpo doer das pancadas, mordo meu lábio e bebo mais do líquido no copo. Escuto gritos e soluços e lá vou eu, procurar a garota chorona.

Quando estou em seu quarto vejo-a em prantos abraçada ao travesseiro, ela estava dormindo e todo seu corpo tremia.

—Não irei machucar você, Harry!- Ela chora e eu quase gargalho da sua frase. Com certeza não vai. —Por que faz isso comigo?

—Porque todos os monstros são humanos, Isadora. E eu sou um monstro. O pior de todos.

OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOi

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