28 de Julho

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Seus olhos pesaram a abrir, e assim que o fizeram desejou não te-lo feito.

As paredes, em tons de marrom claro, descascavam e haviam óbvios sinais de mofo. Uma única janela, localizada ao centro da parede a sua direita, permitiria a entrada de luz se não estivesse fechada. O chão de madeira rangia e o cheiro queimava suas narinas, fazendo-o soltar leves espirros. Ao canto do quarto havia um conjunto de dois palets, contendo um fino colchão em cima.

Tentou se mover, mas gemeu em dor ao perceber que suas mãos estavam amarradas com força em suas costas. Estava ajoelhado, suas pernas, igualmente presas, doíam demasiado para tentar se levantar. Quando o tentou, o ranger alto da porta se abrindo o fez desistir, buscando a silhueta do outro corpo presente ali.

A luz era pouca, então se limitou apenas a memorizar o básico daquele que, supostamente, havia o colocado ali.

Era alto, o cabelo loiro se juntava em um topete jogado ao lado e parecia ser forte. Castiel não era do tipo que se intimidava, mas começou a suar frio assim que o homem se colocou em sua frente, olhos fixos ainda encobertos pela sombra do quarto parcialmente escuro.

- Q-que porra é essa? Por que e-eu 'to aqui? - Se puniu mentalmente ao sentir sua voz quebrar, estava sendo consumido pelo pânico - Sequestro? S-se for o caso, eu te dou dinheiro! Dou tudo que eu tenho, s-só me deixe ir embora. Por favor. Eu prometo que nã- Sentiu o gosto metálico na boca. O maior havia acertado um belo chute em sua bela mandíbula, cortando sua fala. Cuspiu sangue, sentiu o choro fechar em sua garganta e lágrimas quentes descerem pela sua bochecha. Tentou encarar o suposto sequestrador, deixando perceber o verde, quase tomado totalmente pelo preto, de seus olhos.

Castiel só queria entender o por quê de tudo aquilo. Não vinha de uma família famosa, muito menos rica. Nunca arrumou brigas, muito pelo contrário, sempre tentou se passar o mais despercebido possível no meio social. Então não vou nem citar a probabilidade de o de olhos azuis poder ter roubado alguma namorada.

Fugiu de seus devaneios quando a janela foi entreaberta, dando ao moreno uma melhor visão do maior. A blusa verde contrastava com a vinho de botões que estava por cima, e o jeans escuro parecia ter sido judiado a tempos, juntamente aos coturnos que deveriam, um dia, terem sido pretos. Subiu o olhar, no objetivo de reconhecer o rosto daquele que o encarava, perdendo-se contra sua vontade nos detalhes.

O rosto perfeitamente simétrico lhe era familiar, mas ao mesmo tempo podia jurar nunca te-lo visto. As orbes verdes ganharam um tom ainda mais escuro, não deixando transparecer sentimento algum.

O maior se abaixou e, fixando o verde no azul, desenhou em seus lábios um sorriso que transbordava cinismo. Castiel, por sua vez, não teve tempo para pensar uma vez que sentiu seu corpo pesar para o lado e sua cabeça ser afundada no chão pela mão forte do outro.

- O quê caralhos você quer? - gritou com todo o ar que restava em seus pulmões. As lágrimas não paravam de descer e o peito subia e descia na busca desesperada por oxigênio.

- Sinceramente? Eu quero que você se ferre! - Esbravejou. A voz rouca que invadia os ouvidos de Castiel continha ódio, com uma pequena pitada de algo que não conseguia identificar. E nem teve tempo.

As cordas que antes prendiam suas mãos foram soltas e levadas violentamente para frente, e do mesmo jeito suas pernas foram elevadas. Sentiu o maior prender suas mãos atrás das coxas e seus joelhos dobrados, e a posição desconfortável o fazia arquear as costas e gemer em dor.

- Vire-se, como se fosse ficar de quatro.

- M-me desculpe. C-omo?

- De. Quatro. - Tremeu, rapidamente fazendo aquilo que o fora ordenado. A voz do outro continha uma dominação quase palpável, e isso deixava o moreno inquieto e desconfortável. Se sentia patético. Estava vulnerável e incapaz, totalmente servido as vontades daquele que nem sabia o nome.

Sentiu sua boca ser tapada com alguma fita, e já imagina a pior. Arregalou os olhos ao sentir sua calça, juntamente com sua boxer, ser abaixada até um pouco acima dos joelhos, por conta de sua atual posição. Em um movimento de auto-proteção, virou-se bruscamente e acabou por chutar o loiro bem no queixo, fazendo-o cambalear para trás.

Merda. Merda. Merda.

Não devia ter feito isso.

O de olhos verdes já logo voltava a sua posição, virando o menor de volta a mesma da forma mais brusca possível, puxando seu cabelo assim que o fez.

Não disse nem uma sequer palavra, mas sua respiração pesada entregava o quão puto estava. Não tardou para Castiel ser invadido sem a menor sutileza. Os movimentos fortes e contínuos de um vai-e-vem violento o faziam arder, e os gritos de dor prendiam em sua garganta por culpa da fita em seus lábios. Forçou os olhos, deixando cada vez mais lágrimas escaparem, e logo seu rosto já era tomado pela dor e por um tom vermelho forte, assim como seus olhos.

Não sabia quanto tempo havia se passado. 10, 15, 20 minutos. Isso não importava.

Sentiu o maior se desfazer dentro de si, dando um sentimento de alívio ao moreno quando se retirou. E, sem ao menos ajudá-lo a arrumar suas vestes, jogou-o em cima do colchão ali presente, sentindo suas costelas arderem aí baque. Era como se o contato fosse direto com a madeira.

Da mesma forma que entrou no quarto, saiu. Sem pronunciar uma palavra. Sem dar uma única explicação. Deixando para trás um Castiel que beirava a inconsciência mais uma vez.

Stockholmssyndromet •Where stories live. Discover now