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Mia

Aquela viagem não estava sendo nem de perto o que havia imaginado.

Quer dizer, óbvio que esperava lutas, ficar a beira da morte e perigos. Mas não havia pensado que seria tão frustrante, ao ponto de seu irmão começar a pensar irracionalmente.

Se ele estava cego eu não sei dizer. Mas está tão próximo, tão grudado a vida no acampamento que parece que ele passou anos lá e não comigo.

Enquanto caminhava pelo mato seco todos esses pensamentos percorriam a minha cabeça, girando e girando. Caminhei até uma cerca baixa de madeira que aparentava estar podre.

Adiante, Havia um celeiro de aparência abandonado e mais um extenso campo com mais mato. É, um lugar bastante interessante. Observei o celeiro e ouvi barulhos que não cheguei a distinguir, parei um momento pensando em voltar e chamar reforços mas Enzo apareceu em minha mente gritando comigo.

Com um pouco de raiva e medo, resolvi me aproximar do celeiro. Já havia matado uma Quimera, o que poderia ter de pior alí?

Pulei a cerca e caminhei cautelosa, até o celeiro. A porta arrancada das dobradiças, mas escorada. Havia garras em toda a extensão da madeira, formando um X. Deixava uma mensagem clara : não ultrapasse.

Ouvi um choro, baixo e de lamento, alguém estava sofrendo. Procurei uma entrada mais sútil e achei uma janela que dava perfeitamente para pular, me aproximando da janela, vi que um pequeno espaço com feno no chão e trapos. A parede havia correntes e uma pessoa, que chorava baixinho, quase que sem força.

Espantada, pulei a janela e entrei no recinto, lá me aproximei do centro iluminado. Se era burrice ? Muita. Até porque, se havia alguém acorrentado, deveria ter motivos.

Prendendo a respiração, me aproximei e vi que tinha uma garota acorrentada. Usava roupas rasgadas e estava suja, cabelos desgrenhados e parecia ferida. Com os pulsos e as pernas acorrentados.

- Olá? - falei parando perto da garota.

Ela levantou a cabeça e me observou por vários momentos, e em seguida:

- me..me ajude. - gemeu - por.. favor.

- o que aconteceu ? - falei sentindo pena da garota.

- e-ele .. me pegou, emboscada - murmurou ela segurando as costelas.

Percebi que a cada toque das algemas em seu pulso queimava sua pele como ferro quente.

- Ele quem ? - falei com medo.

- Eu - disse uma voz - e se eu fosse você, me afastaria dela.

Me viro, e vejo o que poderia ser a coisa mais perfeita do universo.

Um garoto com seus 17, 18 anos. Cabelos curtos e escuro e um corpo forte e cheio de cicatrizes, usava roupas um pouco surradas e estava descalço.

- e Então, meio sangue? - continuou ele de cima.

Demorei alguns segundos para lembrar como se fala e então respondi:

- porque está prendendo essa garota?

- hmm por que ela é uma vadia. E porquê estava me seguindo. - disse despreocupado.

- você nos abandonou, matou um dos seus, Ômega. - Cuspiu a garota. - você nos traiu.

O garoto deu um sorriso debochado e caiu perto de mim.

- Calada - disse ele e se virou para mim - vá embora mocinha. Vou fingir que não te vi.

Não me movi, olhei para a garota sofrendo e para as minhas chances de salvá la. Eram poucas, mas mesmo assim...

Me virei e dei dois passos para trás, devagar e discretamente, desenrolei meu chicote e o lancei na corrente mais próxima e enferrujada que prendia a garota.

- porque fez isso ? - falou ele fechando a cara para mim - qual é o seu problema?

Antes de poder responder a garota dá uma risada, com uma mão solta ela rosna e vejo sua mão virando uma garra. Ela quebra as outras correntes e cai cambaleando.

- Corra - rosna o garoto para mim, mas não me movo. - Corra ! Agora! - ele grita se virando para mim, com os olhos azuis e presas imensas.

Eu me viro e corro, quando chego à porta olho uma briga de lobos, um grande e branco e um cinzento menor, se mordiam e se arranhavam. Era uma luta até a morte.

Corri até fora do celeiro quando ouvi um ganido, o grande lobo branco estava caído e uma de suas patas sangravam.

Fiquei paralisada, mas um rosnado me tirou do transe, a loba cinza, suja de sangue mostrava as presas para mim os olhos estreitos. Ia me atacar.

Desenrolei meu chicote novamente e esperei,a loba saltou sobre mim e lancei meu chicote em direção a seu abdômen. A loba era rápida, mas mesmo assim o chicote raspou em sua pata e fumegou. Ela rosnou para mim mais uma vez, e correu.

Respirando ofegante me viro para o lobo caído, mas só há um garoto. Quase desmaiado e com uma poça de sangue em seu pulso.

Corro até ele e vejo sua expressão de pânico. Começo a fazer uma atadura com a barra da minha blusa e tento limpar o sangue do local.

- Você é um lobo, não se cura? - falei com as mãos tremendo.

- mordidas de lobo... Poderosas.. demora a curar - ofegou ele.

Olho para minhas mãos e penso, será que posso curá lo?

- fique quieto - peço para ele e ponho minhas mãos em seu peito quente, sinto a sensação de estar me esvaziando, transformei meu pânico em cura.

- obrigado - falou ele. Dei um sorriso cansado e cai sentada ao seu lado.

- tudo bem ? - perguntou ele desconfiado

- vou ficar bem, Jaja. - falei recolhendo meu chicote.

- é de prata? - pergunta ele e quando respondo que sim, ele se afasta como se fosse veneno.

- é fatal para lobos - fala ele ainda encarando o chicote.

- É .. eu sei - resmunguei e me levantei tonta. - tenho que ir

- hey, não pode. Ela pode estar atrás de você agora - disse ele se levantando também.

- e por que faria isso? - perguntei tentando parecer corajosa.

- porque ela é uma loba caçadora, está atrás de dois meios san.. espere ai ! - disse ele, e se aproximou de mim, farejando. - é de você, e do seu irmão.

Minhas mãos ficam frias.

- porquê? - gaguejo confusa.

- uma recompensa, um filho da morte está pagando. - disse ele me observando atentamente.

- tenho que avisar ao Enzo.. ei, como você sabe? - falei desconfiada.

- eu fazia parte da sua matilha, mas sai a quase um mês - falou ele sério - eles queriam Vocês mortos, e eu não iria fazer isso.

Observo com atenção o rosto dele e seus olhos brilham em um azul gélido. Me lembrei do lobo que me salvou na casa do Matthew, os uivos, os sonhos.

- é você, tem me protegido e me salvou - falei quase sussurrando.

Ele confirma com a cabeça

- sou Scott.

Devagar, mas está saído!

Deixem seus votos por favorzinho <3 ;)

Os Filhos De ApoloOnde histórias criam vida. Descubra agora