XXXIX

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Point View Of Camila

Quando Lauren terminou de me contar o que viu durante o seu desmaio, meu queixo caiu. Eu não esperava que Alastair e Fleur tivessem realmente tido filhos, e muito menos que isso nos tornara mais forte... De certa forma, fazia sentido! Desde sempre, os Cabello e Morgado são retratados como guardiões e conselheiros mais poderosos, com um tipo de instinto de segurança embutido em suas personalidades... Mas nunca pensaria que isso tinha uma razão. Ainda assim, o que mais me chocou foi ouvir que éramos parte deles, como se fossemos reencarnadas dos dois apesar de suas almas estarem no limbo.

Balancei a cabeça de um lado para o outro, recuperando-me da surpresa e engoli em seco.

- Você tem certeza? - Perguntei.

- Foi o que ele me disse! - Laur respondeu se sentando ao meu lado na cama.

- Então uma boa parte da nossa vitória depende de nós? - Perguntei.

Ela assentiu, com uma expressão esquisita formada no rosto.

Respirei fundo e pesado, sentindo-me inquieta enquanto olhava um ponto vazio qualquer. Sentia um frio esquisito na barriga, mas fazia muito sentido.

Quero dizer, quem se apaixona do nada por alguém que pensava odiar de uma hora para a outra? Quem consegue fazer vários vampiros queimarem aos dezessete anos? Até agora nem um de nós teve uma ligação tão direta com qualquer conselheiro exceto por Lauren e eu...

- Vamos unir os grimórios essa noite - eu disse.

- O quê? - Ela me olhou estranho. - Mas...

- Ele disse que podemos soltá-lo depois. Deve ter algo naquele rasgo, algo escondido entre as partes que foram rasgadas.

- Espera - ela me olhou curiosa. - Acha que a história está lá?

Eu assenti.

Ela provavelmente falava da história deles... Com tudo que eles têm escondido, não duvido nada que haja mais que devemos descobrir.

- Tudo bem - ela disse. - Vamos.

[...]

Eu olhei para os lados enquanto Lauren abriu a porta do Lewis com magia. Desde que um garoto normal foi colocado para trabalhar ali, sempre íamos depois do expediente e bem escondidos, para ninguém sequer suspeitasse do que a porta escondida na dispensa guarda... Eles sequer viam a porta, se um deles nos visse entrando, pensaria que estamos atravessando a parede - e isso causaria quase tanto quanto descobrirem nossa natureza.

Entramos em silêncio e fechei a porta atrás de mim enquanto Lauren se adiantava.

Assim que pisamos no primeiro degrau, as escadas foram iluminadas pelas tochas e o mesmo aconteceu com a sala lá em baixo... Os artefatos dos nossos continuavam nas paredes, protegidos pelo pequeno domo que há alguns dias ganhara uma tonalidade vermelha.

- Acha que servem para algo além de despertar a magia? - Perguntei.

Lauren me olhou e pareceu demorar alguns segundos para ligar a pergunta aos artefatos. Ela pareceu pensar na questão enquanto pegava seu livro e quando eu pensei que não teria uma resposta, ela assentiu:

- Provavelmente - respondeu. - Eles não parecem ser do tipo que deixa pontos sem nós... Além disso, são artefatos! Objetos poderosos com parte da alma de seu feiticeiro. Deve ter alguma utilidade, ou no mínimo algo a ver com essa guerra.

- Faz sentido - murmurei. - Mas será mesmo que poderíamos usá-los? Não somos eles.

- Nós duas temos parte deles, talvez, a alma não mude tanto! Apenas as memórias e estado. Se for assim, eu não ficaria surpresa em descobrir que os artefatos nos obedecem. Faz sentido, não faz? De acordo com o que Alastair disse, pelo menos. É tudo que consigo pensar.

Guardiões - Herdeiros de SangueWhere stories live. Discover now