XLIV

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27 de novembro de 2016 - Seis dias para a guerra

Point View Of Sofia

O inverno está quase chegando e o outono não tem perdoado... A chuva continua persistindo com o frio e quando ela está ausente, o sol não é forte o suficiente para nos aquecer. A guerra está chegando e nós não sabemos se o universo vai lutar ao nosso lado ou no deles. Se nos ajudará ou nos esmagará... Lá fora, a chuva fina é insistente, e antes mesmo do relógio bater sete horas da manhã, alguns de nós junto de lobos e vampiros, já se colocaram pela cidade esperando o primeiro presságio depois de rompermos propositalmente a prisão.

Seria mais fácil se soubéssemos o que estamos esperando exatamente... Se nós estamos esperando outro sentimento ligado aos pecados, ou algum tipo de mensageiro da discórdia. Esperar pelo inesperado é mais difícil e um pouco mais confuso também.

Lauren e Camila saíram com seus artefatos faz pouco mais de vinte minutos, e logo Tay e eu teremos de ir para ajudar também. Selena continua na cama, e agora ainda pior, porque não tem falado com ninguém exceto Justin e ele mal consegue fazê-la comer.

Enquanto isso, Demi está em algum lugar, provavelmente bem debaixo do nosso nariz, esperando para nos atacar como um traidor faz. É isso que ela se tornou, uma traidora.

As ordens são bem claras: se a encontrarmos, devemos prendê-la e entregá-la ao conselho. E o que mais me assustou não foi isso, mas sim a observação que Patrick, seu próprio pai falou: "Se ela atacá-los, em qualquer momento, vocês devem revidar."

Nem mesmo os conselheiros estão mais tão delicados e gentis... Agora é questão de tempo, e eu quase posso ver a ampulheta se esgotar diante de meus olhos.

Mordi meu lábio com força controlada enquanto sirvo na xícara um pouco de leite quente, que logo se mistura ao achocolatado do fundo do recipiente:

- Você não acha estranho que Demi tenha se virado contra nós e logo depois encontrarmos os corpos da Keana e do Nils na floresta?

Clara está no andar de cima, dormindo depois de ter pegado o plantão da noite e Mike acabou resolvendo ficar com ela depois de tomar o café da manhã com as meninas. Tay e eu ficamos sozinhas na cozinha, esquentando o leite para tomarmos e conversando sobre assuntos aleatórios, mas agora não havia nada assim que pudéssemos falar.

Tay parou de beber seu achocolatado e passou a língua pelos lábios enquanto o repousava no aparador de sua xícara. Ela me fitou, como se esperasse que eu mesma respondesse minha pergunta, como se fosse algo óbvio e talvez seja para mim, mas meu óbvio pode muito bem não ser o mesmo que o dela.

Ela pareceu compreender minha insegurança em lhe responder e consertou o corpo no assento antes de assentir com um suspiro pesado.

- Acho - confessou em um murmúrio. - Mas eu juro que estou tentando me convencer que foi apenas uma coincidência ruim e que Demi não seria capaz disso.

- Ela disse que nós estávamos sendo malvados, estávamos matando e essas coisas, mas... - eu olhei a minha xícara. - Eles mataram dois dos próprios aliados, e largaram os corpos na floresta para os animais. Isso foi cruel!

Meu corpo despencou na cadeira e ela suspirou pesadamente me fitando.

- Foi mesmo cruel, mas eles terão o que merecem - disse.

Sua mão repousou sobre a minha e eu sorri enquanto entrelaçávamos nossos dedos sobre a mesa. Eu olhei para nossas mãos unidas sobre a mesa, e senti uma suave caricia que ela depositou sobre a minha com as pontas de seus dedos.

Guardiões - Herdeiros de SangueWhere stories live. Discover now