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- HENRIQUE, VC É UM CAFAJESTE!

-Talita, calma, foi sem querer...

-VOCÊ ME CHAMOU DE TAMIRES OITO VEZES!- Dizia ela vestindo seu salto alto e saindo furiosa do quarto.

A ouvi batendo a porta da casa e indo embora; deve estar achando que vou correr atrás dela, pobre moça. Ela apenas facilitou o fora que ia tomar, não vou nem precisar ficar ignorando as ligações dela pedindo outro encontro. Fui arrumar meu quarto pensando nas vantagens de ter sido um "cafajeste" com ela, apesar que, para mim, não havia nada de errado em errar o nome dela.

Enquanto arrumava o quarto minha mãe chegou do trabalho, ela era chefe de um restaurante então só trabalhava de noite, o que facilitava minhas diversões durante a madrugada. Fui cumprimentá-la com um abraço e um beijo.

-Bom dia, mãe!

-Bom dia, Henrique! Como foi sua festa ontem?- Ela disse se sentando no sofá.

-Não me chame de Henrique mãe, chame de Henry, por favor. E a festa foi muito boa, tinha bastante gente desconhecida, mas me enturmei rápido.

-Você conheceu alguma dama?- Apesar de ser bem atualizada, minha mãe usava algumas expressões antigas.

-Não, por que?

-Que engraçado, pois encontrei uma moça no começo da rua com uma péssima cara, e eu juro que a vi saindo desta casa. - Meu olhar foi direito com o dela, e mesmo sem falar nada, eu percebi que ela queria uma explicação.

-Ela se chama Talita, eu a conheci ontem à noite na festa e dormimos juntos, só que eu a chamei sem querer de Tamires, ela ficou brava e saiu - Falei de maneira clara e simples, minha mãe tinha consciência de como eu era.

-Henrique, você um dia sofrerá igual essas meninas sofrem por você - Minha mãe, não entende que eu só sinto atração física por essas meninas, então decidi mudar de assunto.

-Tem muita gente nova no bairro, ontem na festa eu percebi isso...

-Falando em gente nova, a casa ao lado foi comprada

-A que tem uma janela em frente à minha janela?

-Sim, por isso trate de colocar um cortina a sua janela! - Minha mãe ordenou e entrou em seu quarto.

Na minha casa, morávamos eu, minha mãe e meu pai, porém ele está de viagem e só volta terça, ou seja, hoje, por ser domingo, minha mãe vai trabalhar e eu tenho a noite livre para curtir.

Fui até quarto pegar o celular e ver aonde iria hoje, pensei em colocar a cortina, como minha mãe mandou, só que recebi uma mensagem de meu amigo avisando uma festa no centro da cidade. É para lá que eu vou de noite, teria que sair cedo, mas compensaria.

O dia passou lentamente até a hora da sair para a festa. Todavia, na festa, o tempo passou voando, peguei duas meninas, porém nada mais do que alguns beijos.

Voltei pra casa quatro e meia da manhã, na chuva. Cheguei e fui direto tomar banho, mas quando passei no meu quarto notei que a janela de frente a minha estava aberta e com uma cortina. Achei estranho, só que o incomodo da roupa molhada foi maior que a curiosidade, e acabei indo tomar banho.

Mas, o que me impressionou foi que ao sair do banho ouvi vozes femininas no meu quarto, só depois percebi que elas entravam pela janela.

-EU PRECISO IR PARA O CURSO, MAS NÃO SEI QUE ÔNIBUS PEGAR E NEM ONDE PEGAR, VOCÊ PRECISA ME LEVAR!- Disse a primeira voz.

-Não, não tenho! Você arrumou curso, porque quis, se vira! - A outra voz disse e ouvi o barulho da porta de uma porta fechando.

-ODEIO ESSE LUGAR! Como vou até o centro daqui? - A primeira voz perguntou a sí mesma, porém eu apareci na janela e respondi, já que aquela gritaria estava piorando minha dor de cabeça por conta da ressaca.

-Para ir até o centro você pega o ônibus 1506 no final da rua de frente a padaria, ele vai te deixar de frente ao metrô, de lá você deve conhecer o caminho, agora para de gritar!- Disse ríspido, contudo, me arrependi ao notar como era bonita a dona da voz.
-Obrigada, a grosseria vem inclusa?- Ela disse ríspida e com um tom de ironia.

-Não te interessa!- E fechei a janela, minha cabeça estava dolorida demais para ouvir mais desaforos daquela desconhecida, porém fui até a frente da casa pra ver se ela ia sair mesmo e ver como ela era.

Me impressionando mais do que o esperado, eu a vi abrindo a porta e saindo com uma mochila nas costas, ela usava um moletom cinza de uma banda que nunca vi na vida, um jeans e um tênis azul escuro. Ela era bonita, morena com a boca bem destacada e os cabelos até a metade das costas. Eu estava a observando quando percebi que estava igual a um trouxa acordado na porta de casa em vez de ir me deitar.

Fui pro me quarto dormir, mas demorei para conseguir, fiquei pensando no quão grossa e irônica aquela menina havia sido em menos de cinco minutos de conversa.

Me, she & themWhere stories live. Discover now