•02•

3.1K 214 11
                                    

Quando acordei, eram duas horas da tarde, ou seja, perdi o horário do colégio. Me levantei e percebi que o quarto estava extremamente quente por conta da janela fechada. Assim que abri me deparei com a janela da casa ao lado aberta. E esta janela que antes me mostrava um quarto vazio, mostrava, agora, uma escrivaninha com alguns papéis em cima e canetas espalhadas, acima da escrivaninha tinha prateleira com uns três ou quatro livros e um urso.

Pensei em como não notei tudo aquilo ontem, mas a única coisa que me veio à cabeça foi aquela garota falando "Obrigada, a grosseria vem inclusa?". Como pode ser tão grossa, sendo que eu ajudei-a?; não perdi meu tempo pensando na resposta e fui me arrumar, mesmo não indo para a escola eu deveria ir na saída pegar a matéria e ver o que teve. Meu dia estava resumiu em jogar videogame até a hora de ir na saída do colégio, só que, de repente, a campanhia toca.

-Henrique, atende para mim, por favor? - Pediu minha mãe.

-Mas que droga! Logo, no chefão! - Desci as escadas com um cara péssima e abri a porta pior ainda.

-Pois não? - Falei com uma cara ao carteiro.

-Olha, pediram pra entregar essa caixa na casa ao lado, porém não há ninguém e não posso deixar porta, o senhor poderia receber? - Como queria voltar a jogar videogame logo, peguei a caixa e assinei tudo que foi preciso. Era meio pesada e estava lacrada e com um nome, Anny Rizzi.

Joguei meus jogos e acabei não indo na saída da escola, peguei o conteúdo por mensagem de um amigo. E quando notei, já eram quase dez horas. Fui pro me quarto e percebi que a caixa ainda estava lá. Fui até a janela e a vi. Ela estava sentada na escrivaninha escrevendo alguma coisa em seu notebook enquanto consultava um livro. Seu cabelo estava amarrando em um rabo de cavalo e a janela estava apenas com a parte de vidro fechada. Decidi, então, me livrar daquela caixa de uma vez.

Peguei algumas bolinhas de papel, e arremessei no vidro. Na terceira bolinha ela virou e me viu, levantou uma das sombrancelhas e pedi que ela se aproximasse, fazendo nas mãos algo como "venha". Ela se levantou e abriu a janela com cara de poucos amigos.

-Veio pedir desculpas pela grosseira? - Ela falou naquele mesmo tom irônico, cruzando os braços.

-Não sou de pedir desculpas.- Respondi ríspido.
-Então o que você quer?- Nesse instante meus olhos percorreram de seu rosto até seus braços, que estavam cruzados abaixo do peito, aumentando seus seios notavelmente. Engoli seco.

-O carteiro deixou uma encomenda para alguém dessa casa.

-E por que não entregou mais cedo?

-Eu me esqueci! Ela é para Anny Rizi.- A menina mudou sua feição e se aproximou da janela.

-Para mim? O que é?

-Você acha que eu sei? Só recebi a caixa, não abri!

-Não precisa ser grosso, eu só perguntei!- Ela disse sendo mais grossa.

-Olha quem fala, como se você fosse muito educada!

-Olha aqui, você pode me entregar logo essa caixa?

-Eu não, você que venha buscar, a encomenda é para você!- Ela revirou os olhos.

-Então me entrega pela janela mesmo, por favor.- Este foi o por favor mais falso que eu já tinha ouvido.

-Vem pegar, não sou empregado!- Foi aí que me arrependi de ter falado, ela passou pela janela e pude perceber que ela estava usando um short e uma camiseta larga que quase cobria ele.

Ela atravessou a janela e foi até a ponta do seu telhado e ficou esperando que eu levasse a caixa. Respirei fundo, atravessei a janela e entreguei o pacote para ela.

-Obrigada!- Disse sorrindo irônica.

-Não tem de quê!- Falei mais irônico ainda.

Então ela virou e saiu andando até a janela do quarto, não consegui tirar os olhos dela até que ela entrou e fechou a janela com força. Xinguei-a mentalmente, como podia me irritar e me provocar ao mesmo tempo? Droga de masculinidade!

Me, she & themWhere stories live. Discover now