1 - A Guerra

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Midnight Ravengott levantou os olhos e viu guerra

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Midnight Ravengott levantou os olhos e viu guerra.

Seus homens eram massacrados pelos inimigos; chamas lambiam a pele, fumaça se erguia ao céu e cheiro de queimado permeava as vestes negras dos soldados noturnos. O corvo da general sobrevoava este cenário, observando atentamente; por vezes, grasnando como se lamentasse tantas mortes.

O céu já mostrava o tom alaranjado do amanhecer e esse fator era o suficiente para impedi-los de continuar lutando, pois o sol, além de adoecê-los, potencializava a força dos oponentes diurnos.

Ela deu um comando para o que restou do exército, fazendo-os recuar.

— Está ferida? — perguntou seu braço direito, Daren.

— Não.

— Tem certeza de que quer mentir para mim?

Recusou-se a responder, cutucando as costelas do cavalo com a bota para que fosse mais depressa. O acampamento era em uma floresta próxima ao campo de batalha, portanto, não demoraram a alcançá-lo. Assim que chegou, Midnight tomou as providências para que os guerreiros recebessem atenções aos ferimentos.

— Você também precisa de cuidados. — Daren parou diante dela, com uma expressão severa.

— Estou bem.

— Vá logo, eu termino de organizar tudo. — Segurou-a pelos ombros e a virou na direção da tenda de recuperação.

— Foi apenas um ferimento no braço. — Voltou-se para ele.

— E isso o faz ser menos importante do que se estivesse na perna?

— É óbvio que não.

— Então vá, quer que eu a acompanhe?

— Ainda sou capaz de locomover-me sozinha. Como eu disse, foi no braço — falou, com mais dureza do que pretendia.

— Você é quem sabe.

Ela caminhou a passos firmes até a tenda, remoendo a frustração, sequer sentia dor, a raiva sobrepunha qualquer outra coisa.

Um soldado lhe dava pontos e Midnight recordava do momento em que sofreu o corte. Um homem de armadura dourada estava em meio a fogo e carvão, sua capa escarlate agitava-se por conta do vento que levantava as cinzas, fazendo com que se assemelhassem a neve ao seu redor. Era Ewaric Auringon, herdeiro do Dia. Desde que se tornou parte das tropas noturnas, ela lutava contra o príncipe. A cada confronto, lá estava ele, conduzindo a vitória sobre os guerreiros da Noite. Midnight bufou, isso tinha que mudar!

— Está tudo bem? A machuquei, alteza? — perguntou o soldado que fazia o curativo.

— Não foi nada.

Já estavam há meses no campo de batalha, uma terra sem domínio chamada Sol Poente, que demarcava a fronteira entre as nações. O exército estava fraco, tinham necessidade de se alimentarem corretamente, esperarem as queimaduras fecharem e dormirem sem o medo constante de serem atacados; precisavam ir para casa.

1. Corvo da Meia-Noite [DEGUSTAÇÃO]Where stories live. Discover now