"Quando conquistou tudo o que todos querem cortejar, a pobre recompensa não vale os custos: juventude desperdiçada, alma aviltada, honra perdida, são os teus frutos, ó paixão triunfante!"
Desde o século XVIII é a mesma coisa: o nobre faz de tudo para conquistar aquela condessa, antílope, aquele pequeno vulcão, idealizada na sua mente. Pois que finda o crepúsculo. Finalmente a lua se vislumbra. Ei-la envolta em beleza, como a noite (use na noite essa frase). E ela escuta teu arranco extremo. Ela é sua! Assim como todas as paixões, essa também é a mistura do bom com o diabólico. Na verdade o bom dura pouco e logo fica apenas o diabólico... Ela já foi conquistada, e seus olhares agora desbravam por novos desafios... e ó gloriosa aliança, não há resistir a tal cadeia... Por que razão, você se pergunta, nunca estamos satisfeitos com nada, sempre a procurar, tal qual Napoleão, sempre a buscar uma nova batalha, ó destemido bravo?! Desonrada ela já é (não que isso seja raro nesses novos tempos... Talvez o não era até no século XVIII). Mas aquele desejo, aquele amor, amor por ela, única face que na Terra olhava, olha pra todas as faces de novo... E todas as bundas, e todos os peitos... Pra mim o casamento sempre foi o cemitério do amor. Mas, nesses tempos modernos, pensando melhor em tudo, creio que não é o casamento, mas a decepção com aquela idealização que tínhamos nos tempos da caçada. Se as feições do seu rosto perecerem e assim perecerem seus sonhos, é por que amavas uma ideia. uma beleza em flor arrebatada que não existia o cheiro ("existir ao cheiro" significa " existir de verdade", por que no meu tempo o cheiro era uma coisa muito de verdade...). O que fazer para que dê certo da próxima vez, que o nó górdio se ate próximo ao coração? Não idealizes. Descubra a pessoa a cada dia, não a cries, não a imagines, não a suavizes. Dessa forma a realidade será uma eterna e iluminada descoberta e não uma decepção diária de teus sonhos de tolo. O meu sonho findou, um traço novo: não seriam todos tolos os que sonham?
L.B.
