'' Viver ou morrer. Faça a sua escolha. '' - Jigsaw - Jogos Mortais 1
Adam fechou o livro para atender ao telefone da casa da sua avó, que tocava freneticamente, e mesmo tendo cinco pessoas na cozinha ao lado, nenhuma se prontificava a atendê-lo.
Ele se esticou no sofá e pegou o telefone:
– Alô – falou baixinho, tamanho a preguiça.
– É da casa dos pais de Anne Lakowsky ? – a voz do outro lado da linha perguntou.
– É sim. Quem fala ? – Adam perguntou de volta.
– Bem... É que... Aconteceu um pequeno acidente na casa do amigo do filho dela. Ele foi assassinado... Lucas Roxburgh.
– O quê ? – Adam quase deixou o telefone cair. – Quem está falando ?
Tudo que Adam recebeu como resposta foi o: tu tu tu. Haviam desligado. Ele bateu o telefone e se levantou.
Foi até a cozinha e tentou arrumar uma chance para falar, porém o som estava ligado e somado com as vozes das mulheres ficava ainda mais impossível falar.
Adam chamou sua mãe três vezes, então pegou uma colher e uma panela e começou a bater com força. Sua mãe parou de falar e olhou para ele.
– Mas o que é isso, Adam ? Pare com esse barulho.
– Parem com o barulho vocês. Eu estou tentando falar faz séculos e vocês não permitem. Até parecem um bando de velhinhas fofoqueiras.
– ADAM! – o pai, que havia acabado de entrar na cozinha, ralhou.
– É o meu nome – ele não deu ouvidos. – Luke morreu.
A mãe cuspiu a água do copo.
– O quê ?
As tias arfaram.
– Eu não sei de nada direito, mas acabei de receber um telefonema anônimo e disseram que o Luke havia sido assassinado. Seja como for, vocês precisam ir até lá.
O pai foi pegar o telefone.
– Eu vou ligar para a casa dos Roxburgh.
Todas as pessoas da casa chegaram à cozinha. Desde a avó até a prima mais nova de apenas cinco anos. O primo mais novo, Daniel, de oito anos, perguntou o que estava acontecendo. Foi no mesmo instante em que atenderam ao telefone do outro lado da linha.
– Roxana ? O quê ? Então é verdade ? Nós nos falamos aí. Eu sinto muito – Enrique Lakowsky pronunciou essas últimas palavras em tom baixo. Então desligou o telefone.
Olhou para à esposa e para o filho, e apenas pelo olhar eles souberam que sim, Luke realmente estava morto. Adam saiu da cozinha e foi até a sala. Sentou-se no sofá e ficou lá, parado, olhando para o chão. Anne se aproximou e sentou-se ao seu lado, lhe afagou os cabelos.
– Eu sinto muito, querido. Mas nós temos que ir lá agora.
– Não quero ir. Vão vocês – Adam murmurou.
Anne não pensou em discutir, ela e Enrique conheciam muito bem a personalidade do filho mais novo, sabiam que ele era completamente diferente do falecido mais velho. Tinham total conhecimento das vontades de Adam, que sempre recebeu mais carinho e cuidados, por ser mais novo, e, portanto era mais quieto, reservado, e cheio de gostos. Entre eles o de não ver defuntos e não ir a enterros.
– Você fica esperando aqui ? – o pai perguntou.
– Pode ser – ele respondeu, ainda fitando o chão.
A mãe beijou o alto de sua testa e se levantou para ir com o marido para à casa de Luke. Mal saíram e a tia de Adam se apressou em tentar levantar o ânimo do sobrinho. Ela foi até a cozinha e depois de pegar um copo d'água, sugeriu a avó que fizesse bolo de limão – o preferido de Adam – para o jantar. Então foi até ele e ofereceu a água. Adam bebeu em silêncio, sem falar nada, ainda olhando para o chão. Era o seu modo de estar em luto.
– O que você quer para o jantar ? – ela perguntou depois de alguns minutos acompanhando seu silêncio. Os outros familiares estavam os rodeando nos cantos da sala, observando as reações de Adam. A verdade era que todos mal se conheciam por viverem tão distantes, ou era assim até a morte de Alan.
– Qualquer coisa – Adam levantou a cabeça. – Menos sopa.
A tia riu e passou a mão em seus cabelos.
– Eu pedi pra vovó fazer bolo de limão. Você vai gostar ?
– Sim – ele esboçou um sorriso e depois olhou ao redor.
Algumas pessoas se afastaram.
– Tia, isso não é estranho ? – Adam perguntou.
– O quê ? – ela franziu as sobrancelhas.
– A morte de Al e depois de Luke – ele olhou encarou os olhos da tia, na esperança de que ela dissesse algo útil.
A tia pareceu pensar sobre o assunto, então suspirou:
– Isso quem vai dizer é a polícia, querido. – depois mudou de assunto. – E então ? Vai querer mais alguma coisa ?
– Paz – ele murmurou e voltou a olhar o chão.
Todos entenderam a indireta e voltaram a seus afazeres normais quando iam para à casa da avó. Adam pegou o livro, não custaria nada ler mais um pouco, para distrair um pouco a cabeça. Porém, ao fazer isso, sequer tinha ideia de que estaria adiantando mais as coisas.
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A lenda de Selene Adams. (PARADA)
Mystery / ThrillerComo em todo bom conto ou quem dirá em uma lenda, pode haver o típico início: "Era uma vez"; mas, talvez, aqui não terá essa de "final feliz". Nem se torna preciso a realidade por si só é imprevisível. Contudo, não há como negar que tudo dependerá d...