Capitulo 8

19.5K 1K 598
                                    

No dia seguinte, Louis acordou com um estrondo alto, abrindo os olhos rapidamente mas logo os fechando novamente, ainda não acostumado com a luz forte do quarto. Esse quarto era cinza e roxo escuro, o que significava que ele tinha tido dificuldade para se acostumar, pois o quarto anterior era todo branco.
Ele sentou-se lentamente esfregando os olhos, a camisa cinza indo até suas coxas. Ele percebeu que tinha começado a fazer mais frio lá fora, então ele pegou uma das camisas de Harry sem avisa-lo. Ele preferia usá-las do que congelar até a morte, mas avisa-lo já era outra historia. Ele olhou para fora, o céu num tom de roxo, grandes gotas de chuva batendo no chão pela janela aberta. A cortina voando violentamente com o vento e Louis estremeceu, sabendo agora o por que de estar com tanto frio.
Ele teve que literalmente rolar para fora da cama para chegar até a janela, as grossas cobertas enroladas ao redor de seu pequeno corpo quase que o tomando por inteiro. Ele fechou-a com um pouco de luta e alguns palavrões. Ele resmungou um pouco e estava prestes a voltar para a cama, estremecendo violentamente quando outro estrondo ecoou em seus ouvidos, desta vez junto com um raio. Louis não tinha medo de trovões, mas definitivamente não foi agradável. 
Ele suspirou e caiu na cama de novo, ouvindo a chuva por um momento até que suspirou de novo, escutando passos e xingamentos vindos de Harry no andar de baixo ecoando por toda a casa e, provavelmente, toda a floresta que os cercava. Louis gemeu, olhando para cima e para a porta do quarto aberta. Ele recusou-se a levantar-se e fecha-la. De jeito nenhum.
Ele se arrastou para fora da cama depois de mais cinco minutos de palavrões e pisoteamento, marchando até a porta e só colocou a mão na maçaneta da porta quando o garoto de cabelos encaracolados correu por ele e para o quarto ao lado do quarto que ele estava agora, logo saindo com o que parecia ser um bilhão de cobertores. Louis franziu a sobrancelha. 
"O que você ...?" 
"Volte a dormir amor, eu vou estar de volta em um minuto" foi tudo que Harry disse, antes que descesse as escadas novamente, quase escorregando num dos cobertores.
Louis olhou atrás dele com uma expressão de surpresa, nunca tinha visto Harry com tanta pressa. Louis teve que admitir, ele ficou curioso, então entrou dentro do quarto novamente e colocou um par de calças moletom e um dos casacos de Harry, correndo para fora da porta. Harry ainda estava lutando com os cobertores, ele não tinha chegado tão longe, Louis correndo até ele e puxando a parte de trás de sua camisa. 
"O que está acontecendo?", Ele perguntou, pegando o cobertor que Harry tinha deixado cair. "Por que a pressa?" 
"É a Mary," Harry murmurou ofegante, acelerando seus passos. "Ela vai ter um bebê."
Louis congelou e parou, Harry continuava a correr para o estábulo. Louis , atrás dele. Mary era uma das vacas, obviamente. A chuva continuava a bater em suas bochechas e nariz enquanto corria, limpando-as com as mangas enquanto abria a grande porta do estábulo.
Ele olhou para Harry, que já estava junto à vaca, acariciando a mesma. Ela parecia estar com dor, os sons que ela fazia deixando Louis nervoso. Ele sentou-se do outro lado dela no feno, observando-a por um momento.
"Como você sabe que ela está tendo um bebê?", Ele perguntou depois de um tempo, Harry continuando a acariciá-la . "Como você sabe que ela não esta com apenas um pouco de dor?"
Harry olhou para ele, uma pequena risada escapando por seus lábios vermelhos. Ele devia ter mordido eles. Ele devia estar nervoso, Louis pensou. "Porque ela estava grávida quando eu a encontrei", disse ele. "Ela deve ter fugido de outra fazenda em algum lugar. Encontrei-a há uns meses atrás, e ela estava grávida na época, é por isso."
Louis mordeu o próprio canto do lábio, as duas mãos no estômago de Mary. Ele se afastou quando ela começou a gritar, Harry tentado silencia-la. Louis começou a acaricia-la nas costas ao invés.
"Quanto tempo dura a gravidez de uma vaca?", Ele perguntou. 
"Nove meses. Pelo menos foi esse o tempo que eu a encontrei."
Louis permaneceu em silêncio depois disso, continuando a acaricia-la suavemente. 
Levou cerca de quatro horas antes que Mary começasse a empurrar o filhote, Harry hiperventilando o tempo todo. Louis estava muito acostumado com isso, ele ficou com sua mãe o tempo todo quando suas irmãs nasceram. Não era muito diferente disso. Louis apenas riu para si mesmo, ver a expressão no rosto de Harry era impagável. 
"É um menino", disse Harry quando o bezerro estava fora e envolto em cobertores, Louis timidamente acariciando sua cabeça enquanto ele estava deitado em seu colo. Louis não sabia exatamente o que fazer, então ele apenas ficou lá acariciando. Mary tinha adormecido quase que imediatamente. O próprio Harry estava secando as mãos de algo que Louis não queria nem olhar.
"Ele parece gostar de você", disse o encaracolado com uma risada, sentado na frente de Louis com as pernas cruzadas. Louis apenas cantarolava, sorrindo um pouco quando o bezerro olhou para ele com os grandes olhos castanhos. Louis passou a mão sobre a sua cabeça novamente. 
"Talvez.", ele disse em voz baixa, puxando sua mão para trás quando o bezerro começou a lambê-lo, fazendo uma careta. Limpou-se no feno ao lado dele. Harry riu. 
"Que tal dar um nome a ele?" Harry sugeriu. "Eu não sou muito bom em nomear animais, como você já percebeu." 
Louis soltou uma risada ofegante, deixando o bezerro lamber sua mão desta vez. Ele fez um pequeno som de novo. "Você é horrível nisso.", admitiu ele, puxando o bezerro um pouco mais perto. Era pesado, Harry estendendo a mão e ajudou-o a deitar-se no colo de Louis mais corretamente. 
Ele pensou por um momento, sua língua deslizando sobre os lábios finos. Ele nunca tinha dado nome a nada antes, tirando seu peixe, mas isso era irrelevante. 
"... Whiskey", ele murmurou depois de um momento, correndo o polegar sobre bezerro que no momento bocejava cansado.
"Whiskey?" Harry perguntou. "Por que Whiskey ?" 
"Por que não?" Louis deu de ombros, olhando para Harry. Harry sorriu de canto com suas covinhas aparecendo.
"Você tem razão", disse ele, olhando para o bezerro de novo também, estendendo a mão e correndo sua própria mão sobre a cabeça do animal. Whiskey pareceu satisfeito, inclinando a cabeça para trás com um outro som. Louis sorriu um pouco novamente, e então olhou para Harry. O encaracolado se aproximou, sorrindo muito quando o pequeno lambeu a mão também. Louis realmente não disse nada, apenas observando como os cílios de Harry tocavam levemente suas maçãs do rosto cada vez que ele piscava. Louis engoliu seco.
"Você sabe ... ", disse ele, Harry continuando a assistir o bezerro sem olhar para o garoto de olhos azuis no seu lado oposto. " ... Eu não te odeio menos por causa disso. "
Harry continuou sorrindo, mesmo notando as pequenas rugas debaixo de seus olhos desaparecerem. Ele ainda não olhava para Louis. "Eu sei ", disse ele com um pequeno aceno de cabeça. "Eu não esperava que você fosse".
"Por que me deixou vir aqui então? " Louis perguntou.
Harry encolheu os ombros. "Eu vi o quanto você gosta de animais, pela ultima vez que você viu os cavalos."
"Esse foi o único motivo?", perguntou Louis.
Harry encolheu os ombros novamente. "Talvez eu tenha tentado fazer você sorrir também."
Louis piscou, sentando-se em linha reta. Ele se contorceu um pouco, o feno de repente desconfortável. "Sorrir?"
"Sim", disse Harry. "Você não sorriu desde o aeroporto. Foi a primeira coisa que fez quando me viu. Eu queria te fazer sorrir de novo. "
Louis olhou para ele, depois para Mary. Ela ainda estava dormindo. "Por quê?", Ele murmurou." Você já viu antes."
Harry soltou uma risada ofegante, balançando a cabeça. O sorriso do riso permaneceu o mesmo em seus lábios.
"Eu gosto mais de você quando você sorri." Harry acenou com a cabeça, pegando Whiskey e levantando-o nos braços, colocando-o para baixo ao lado de Mary depois que ele o tinha desembrulhado de todos os cobertores.
Louis corou, cobrindo silenciosamente o rosto com as luvas, os dedos correndo pelos cabelos. Seus olhos ficaram sem foco por um tempo até que encontrou um balde de repente muito interessante perto da porta. "E eu gosto mais de você quando você ta quieto" Ele murmurou, e Harry riu. 
Harry passou a maior parte do dia no estábulo, Louis ficando com ele por apenas algumas horas antes que seu estômago começasse a roncar, o menino correndo de volta para a casa para pegar algo para comer. Ele acabou bebendo um copo de leite e bolachas, feliz que ela não tinha ficado velha ainda. 
Sentou-se à mesa de cozinha, em silêncio olhando para o nada, como ele comia seu café da manhã, almoço e jantar.
Harry voltou à noite, quando o céu estava amarelo e laranja, as árvores ao seu redor lançando sombras sobre a parte de terra que era o quintal de Harry. Ele estava cansado, ele disse, e não comeu nada, além de um pouco de espaguete que fez pra si mesmo naquele dia, Louis movendo-se sobre no sofá quando Harry aconchegou-se entre os lençóis vestindo nada além de sua camisa e cueca. 
"Foi aqui que você dormiu o mês inteiro?" Louis perguntou e Harry se apoiou no cotovelo, observando-o. Ele apenas acenou com a cabeça, dando de ombros.
"É o suficiente para mim ", disse ele e caiu sobre o travesseiro de novo.
"Por que você ta me deixando dormir na sua cama? " Louis perguntou.
"Não poderia deixar você dormir no sofá. O mínimo que eu podia fazer era te dar um lugar confortável para dormir."
"Minha cama em casa é melhor ", afirmou Louis. Harry não disse nada, apenas fechando os olhos, seus antebraços pressionando o travesseiro. A outra mão puxou o cobertor até que cobrisse todo o seu corpo, e Louis suspirou. Ele estava cansado de lembrar a Harry onde realmente era sua casa, e Harry não parecia se importar.
Louis se levantou quando Harry adormeceu e subiu as escadas o mais silenciosamente possível, se despindo até que ele estivesse apenas com a camisa de Harry e deitou-se na cama novamente. 
O dia seguinte chegou mais rápido que Louis esperava, olhando para Harry quando ele entrou no quarto com uma bandeja de iogurte e ovos. Louis franziu as sobrancelhas. 
"Você nunca me trouxe café da manhã na cama antes", disse Louis , garantido que seu corpo estivesse coberto quando ele se sentou, uma vez que ainda usava apenas a camisa cinza de Harry.
Harry riu suavemente e se arrastou para a cama, colocando a bandeja ao lado de Louis.
"Tem uma primeira vez pra tudo.", ele simplesmente disse e deu a Louis o copo de iogurte, Louis dando um pequeno gole ligeiramente. "Obrigado."
Ele pegou o garfo e começou a comer lentamente, olhando para Harry que fico com o rosto apoiado nas mãos, enquanto observava -o com um pequeno sorriso. Louis engoliu em seco.
"O que é?" Ele perguntou.
"Você se importaria se a gente tomasse café da manhã juntos hoje?" Harry perguntou. Louis olhou para ele pelo que pareceu anos, até mesmo décadas. Para ele, e aparentemente, pra Harry também, porque logo ele sorriu e balançou a cabeça, desistindo. "Acho que você se importa então."
Ele tomou a segunda tigela e ovo que Louis não tinha notado estava lá e saiu, fechando a porta atrás de si. Louis tomou a decisão de não pensar sobre isso, continuando a comer o seu café-da-manhã e , em seguida, se esticando um pouco , bocejando.
Um tempo depois, ele se levantou e tirou a camisa, jogando-a no chão, ele já fazia isso há tempos, e não via problema nenhum, uma vez que Harry sempre as apanhava e lavava. Ele se sentia um pouco culpado, mas não tinha possibilidade nenhuma dele entrar um pé naquele lago.
Ele mordeu o lábio inferior enquanto procurava por roupas de Harry, pegando duas camisas e indo em direção ao espelho, mantendo-as na frente de seu corpo. Ele segurou a camisa vermelha com uma mãe e a amarela no outra, ambas com o mesmo padrão, apenas com cores diferentes. Louis olhou entre elas e timidamente puxou o amarela do gancho, a seguir vestido-a. Ele se virou se olhando no espelho novamente, ele estava decente. Harry disse que ele ficava bem de amarelo, afinal.
Louis parou de repente onde estava e tirou a camisa, imediatamente colocando a vermelha em seu lugar. Ele não usaria amarelo só porque Harry disse que ele ficava bem nessa cor. Não, ele não iria agradá-lo assim. Nunca.
Louis acabou usando a camisa vermelha, afinal de contas, juntamente com um par de jeans skinny preta e um gorro cinza. Era meados de Otubro, e isto estava cada vez mais evidente pra Louis pois frequentemente acordava com geada nas janelas e na grama.
Louis saltou da cama descendo as escadas naquela manhã com muito bom humor, Harry fazendo fogo na lareira . Conseguiu acender quando Louis chegou ao piso inferior, guardando o isqueiro rapidamente quando Louis olhou pra ele. 
"Oi", disse ele, sentando-se no chão, com os pés perto do fogo. Ele estava passando frio, ao que parecia, seu cobertor já em torno de seus ombros. Louis cantarolou um pouco, ali de pé no fundo das escadas. "Dormiu bem?"
"Acho que sim ", respondeu Louis e fez o seu caminho até o sofá, sentando-se na borda do mesmo. Ele puxou os joelhos contra o peito. "... E você?"
"Nah", disse Harry, voltando-se para o fogo. Ele pousou a mão em seus cachos. "Eu acho que estou pegando um resfriado. Eu estive suando a noite toda."
Louis piscou, fazendo beicinho com seus lábios enquanto observava a parte de trás da cabeça de Harry. Ele então olhou pro fogo também, tamborilando os dedos sobre os joelhos.
"Você não devia dormir com roupa, então", disse ele, limpando a garganta, sem jeito.
Harry ficou em silêncio, em seguida, murmurando algo que ele não conseguiu ouvir.
"O quê?", Disse Louis com a voz baixa.
" ... Eu não dormi com roupa", disse Harry, desta vez um pouco mais claro. Ele acenou com as mãos por baixo do cobertor. Louis corou levemente.
"Mas você estava vestido quando me trouxe café da manhã", disse ele .
"Bem, eu me vesti naquela hora", disse Harry claramente. Ele riu um pouco e olhou para Louis. "É possível , você sabe."
Louis murmurou e acenou com a mão para que Harry desviasse o olhar, algo que ele fez. O de olhos azuis se sentiu estúpido por um momento. Obviamente. Ele deveria ter pensado nisso antes.
"Oh," disse Louis, em resposta, saindo de onde ele estava sentado. Harry não percebeu, não que ele devesse, de qualquer maneira. Ele ainda observava o fogo, as chamas colorindo sua pele pálida em laranja e vermelho, todo o seu rosto piscando em cores. Louis suspirou, afastando um pouco de sua franja da testa. O ar quente do fogo queimando levemente seus pés.
Harry estava quieto até demais, algo que Louis tinha notado que ele não fazia quando tinha algo a dizer. Ele tossia de vez em quando e até espirrou uma vez, Louis movendo um pouco mais pra longe de Harry. Ele realmente não queria ficar doente de novo, como tinha ficado há algum tempo.
"Você poderia me fazer um chá, amor? " Harry disse de repente, olhando para Louis.
"Não", Louis murmurou. " Faça a porra do seu próprio chá, e eu já te disse para não me chamar de amor um milhão de vezes."
"Eu acho que amor combina com você." Harry sorriu cansado. "Por favor, me faça um chá."
Louis suspirou. Se Harry não fosse completamente honesto com ele o tempo todo ele conseguiria rejeita-lo mais facilmente. Talvez ele fosse uma má pessoa por ter esse pensamento, e Harry ainda lhe fazia comida e dado-lhe chá, e até mesmo uma cama e lugar pra dormir num lugar difícil de viver como este. E também, ele não havia o machucado.
Louis olhou para o pulso seguindo o olhar para as cinco marcas que ainda estavam lá. Elas haviam ido de azul e roxo e até mesmo um pouco de verde e amarelo, os pequenos cortes quase que se curando por completo. Elas estavam piores do que Louis pensava.
Ok, ele quase nunca tinha lhe machucado. Mas isso não é grande coisa, Louis pensou. Poderia ter sido pior. Ele poderia ter batido nele. 
Louis suspirou e olhou para Harry de novo que também observava seu pulso, mas afastou-se quando Louis percebeu seu olhar. Ele deve ter pelo menos algum sentimento de culpa nesse corpo grande dele. Louis olhou para ele antes que ele se levantasse e fosse até a cozinha, arrastando-se até o balcão da cozinha para abrir um dos armários.
"Como você quer seu chá?", Questionou. Harry se arrastou para o sofá e olhou para Louis. Ele sorriu um pouco.
"Limão e hortelã, por favor", respondeu o encaracolado e Louis revirou os olhos, vasculhando todos os pacotes de diferentes chás e sabores, abrindo a caixa que ele estava procurando. Ele suspirou de alívio quando havia quatro sachês deixados lá. Então, ele se agachou e olhou para uma panela, colocando-a no fogão quando ele a encontrou.
"Onde está a água?", Perguntou ele, Harry apontando para a porta.
"No lago", ele respondeu. "Depois que você pegar a água, certifique-se de ferver ela também."
Louis fez uma careta. "Você tem um banheiro funcionando, mas não uma pia", disse ele. Harry encolheu os ombros com uma pequena risada e uma tosse.
"Sinto muito."
Louis rosnou e levou o recipiente, passando por Harry saindo da casa, lamentando-se quando ele afundou o recipiente na água clara. Ele entrou de novo, com cuidado para que não derramar água e colocou o recipiente no fogo novamente. Ele colocou uma tampa sobre o mesmo.
"Foi tudo bem, pelo o que eu to vendo," Harry riu e Louis revirou os olhos.
"Fique feliz que eu to me dando o trabalho de fazer isso.", Louis cuspiu. "Você devia fazer isso sozinho."
"Então, você devesse fazer sua própria comida então" Harry murmurou."E talvez você acabasse comendo salada de frutas todo dia"
Louis viu o ponto de Harry muito claramente e balançou a cabeça, sabendo que ele não devia argumentar sobre um assunto tão pequeno como este, com Harry, de todas as pessoas no mundo. Ele faria com Eleanor, mas ela não estava aqui agora, então tanto faz. Ele suspirou de novo e observou como a água começou a se transformar em vapor por conta da quentura.
"Você cozinha muito em casa?", perguntou Harry em seguida, rolando para fora do sofá e caminhando até o lado de Louis, felizmente com o cobertor ainda enrolado por cima de seu corpo. Louis balançou a cabeça lentamente .
"Não, eu ... Eu não consigo cozinhar praticamente nada, exceto panquecas e tacos", ele murmurou, sabendo que ele realmente deveria cozinhar mais em casa. Eleanor sempre cozinhava para ele. Uma coisa bem básica, como massas ou purê de batatas, mas era sempre bom. Ela não fazia nada que Harry fazia, como legumes e frangos que pareciam ter caído do céu. Louis mordeu o lábio.
"Isso leva algumas habilidades também", disse Harry, inclinando o quadril para o balcão da cozinha ao lado de Louis. Ele olhou para o recipiente. Louis riu suavemente.
"Ah claro, virar panquecas e cortar legumes."
"Nem todo mundo consegue fazer isso."
Louis riu baixinho desligando o fogo e continuando a fazer o chá dos dois.
Louis acabou sentado no quarto pelo resto do dia,depois explorando o segundo andar por um tempo quando ouviu Harry sair e ir para o estábulo novamente. Louis queria ir também, ver como estava Mary e o filhote, mas ele não seguiria Harry, então ele acabou encarando umas caixas no corredor que ele não devia nem ter encontrado. 
Não havia muito nelas, alguns cobertores e blusas mais grossas que não haviam sido retirados pro inverno ainda e mais alguns livros que provavelmente, não cabiam nas estantes.
Louis tossiu quando ele soprou um pouco de poeira de um deles, tirando o resto da com os dedos, depois limpando-os em suas calças. "Fotos" foi impresso na capa com letras ousadas e extravagantes, o ouro neles indo em conjunto com a capa azul. As sobrancelhas de Louis se franziram porque realmente, este pesava bastante,fotografias e cartas saindo entre páginas. Os olhos azuis se voltaram para a porta por um instante para ver se Harry não estava inclinado o observando ou algo assim.
Sentou-se em uma das caixas, olhando as fotografias nesse álbum. Nada de especial, algumas fotos de árvores e flores de péssima qualidade, alguns dos anos de adolescência de Harry também. Louis riu um pouco de cada um deles, uma foto dele bebê , na verdade , a foto que contém uma pequena criança com as mãos para o alto e o que parecia ser comida de bebê melando seu queixo e bochechas, com um grande sorriso. Ele lembrava um pouco de suas irmãs, todas elas sendo crianças bagunceiras, mas ele amava todas elas, claro.
Passou a página e continha a foto de uma mulher gravida cobrindo o rosto, claramente porque ela não queria aparecer na foto. Na pagina seguinte, a mesma mulher, desta vez sentada a mesa da cozinha com sua boca cheia de comida. Ela estava olhando para a câmera, seu cabelo escuro em um coque alto na cabeça. Ela ainda estava grávida. Ela era linda, Louis pensou. Ela lembrava-o de Harry também, provavelmente,era uma irmã ou até mesmo mãe.
Louis engoliu seco quando ele virou a página, sentindo náuseas. Ele não sabia o que esperar, talvez outra foto de bebê, talvez, mas definitivamente não a si mesmo. 
Ele olhou para a foto de si mesmo juntamente com Niall e Josh, dois de seus amigos de infância, os três sentados na grama ao lado do campo de futebol da escola sorrindo.
Louis olhou para o lado quando fechou o livro, levantando-se e colocou o livro na caixa novamente, e saindo como se nada tivesse acontecido.
Fechou a porta atrás de si entrando no quarto.
A coisa toda sobre Harry saber sua história de vida não era tão estranha agora, Louis cogitando a ideia de Harry ser um stalker a distancia. Ele não sabia sua
história, ele não tinha direito de por rótulos, assim como Harry tinha dito. 
Mas, ainda assim, algo assim não era agradável. Mas, é claro, o que Louis sabia? Poderia ser pior, certo?  

AlaskaOnde histórias criam vida. Descubra agora