OITO. Como Consegue Fazer Isso?

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Medeia dirigia o seu carro e Joel estava sentado ao seu lado no banco do carona.

- Quem diria, não? Você... Eu... É a primeira vez que você dirige me levando como companhia para qualquer lugar – Joel disse feliz, correu a mão por seu topete.

- Não me obrigue a dizer de novo o quanto eu te odeio.

- Pare com isso.

- Não. Você que deve parar. E entenda que se me beijar de novo, eu enfiarei um canivete dentro do seu peito sem pensar duas vezes.

Silêncio. Logo os dois se concentraram apenas na missão que tinham: procurar por Isadora. De repente Medeia não dirigia mais por entre a estrada cercada pelas bonitas árvores de folhas laranjas daquela região. Eles chegaram a um ponto onde o céu era nublado, cor chumbo, serenava, o chão era de lama preta, as casinhas eram de madeira mofada e torta. Tudo parecia triste, sufocante e o carro fazia uma perigosa subida por uma estrada estreita, comprida. Poucos centímetros para que despencasse com o carro daquele ponto muito alto no rio bravo muitos metros lá embaixo, cheio de rochas.

Medeia estacionou ao lado do precário bar. Acompanhada de Joel, ela mostrou a foto de Isadora em seu celular aos homens maltrapilhos daquele lugar.

- Você viu essa jovem pelas redondezas? – Medeia perguntava. Respostas negativas.

Eles perguntaram no casebre que ficava ao lado do grande poço público de pedra de onde todos os moradores recolhiam água, perguntaram para as senhoras corcundas que passavam e também para o grupo de crianças que brincava por ali arrastando os corpos de guaxinins mortos.

A chuva se tornou mais forte.

- Por que mesmo que você tem tanta certeza que a Isadora veio nessa direção? Por que ela viria logo para esse vilarejo que mais parece o cu preto e sujo do mundo? – Medeia perguntou enquanto ela corria com Joel na direção da cobertura de um varandão abandonado onde poderiam se proteger da chuva intensa.

- Porque na outra direção ela não encontraria nada além de árvores. São muitas e muitas horas de caminhada na outra direção até que ela encontrasse uma viva alma, então é claro que ela veio para esse lado – Joel disse e tentou segurar os ombros de Medeia, alisar gentilmente sua pele para aquecê-la. – Você sente frio.

- Sai daqui!

A resposta pela agressividade de Medeia não veio de Joel, mas do bando de homens estranhos que arrombaram a porta atrás deles e saíram da casa que parecia abandonada. Ao menos meia dúzia deles.

- Forasteiros! Vieram do centro onde tem grana. Peguem tudo o que esses filhos da puta têm! – Os homens gritavam uns para os outros e os atacaram.

Um bem barbudo pulou para cima de Medeia, mas Joel a defendeu rapidamente. Ele acertou um soco no rosto do homem que ousou atacá-la. Logo, Joel se embolava no chão de lama preta com o bando de homens. Ele distribuía socos, agarrava pescoços e levava golpes também. Então teve o momento quando Medeia pegou um pedaço de tronco de árvore e acertou nas costas de um deles, Joel quase matou um com uma chave de braço e assim todos correram e desapareceram pela mata a dentro.

Medeia se sentiu tonta, mais e mais incapaz e desmaiou nos braços fortes de Joel. Ele caminhou enquanto a segurava debaixo da chuva forte até um celeiro ali perto. Com cuidado, ele a deitou num monte de palha. Macia superfície. Começou a desabotoar o seu vestido.

- Não... Não sou miserável... – Ainda retomando a consciência Medeia brigava com ele em voz baixa mesmo assim.

- Você precisa respirar. Sem a roupa é melhor.

O Jardineiro AmadoWhere stories live. Discover now