9. Encontros e Desencontros

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Por Lauren

Miami, 20 de Fevereiro de 2016

Já era quase 7h30 da manhã e ela ainda não havia me dado nenhum sinal. Inúmeras vezes eu já havia olhado aquele aparelho em minhas mãos, tantas que minha ansiedade o fazia suar. Era estranho pensar agora porque eu ainda não tinha o seu número de telefone.

"Será que ainda está dormindo ou resolveu simplesmente não ir?"

Bem, no e-mail ela citou que chamaria Dinah, não sei por qual motivo, mas do jeito que aquela outra é, com certeza não acordaria cedo em pleno sábado para "caminhar no parque".

"Poxa vida Camila, por que você não deixa eu me aproximar? O que será que te aconteceu pra te deixar assim?"

Eram devaneios que me deixavam ansiosa, os mesmos que tiraram meu sono a noite anterior.

O apartamento em que eu morava, não era tão grande quanto eu desejaria antes de voltar para Miami, eu resolvi o escolher como uma forma de me lembrar sempre de Camila, na verdade, da "garota que tentou se suicidar no terraço". Eu ainda não a conhecia na época e minha intenção era justamente ficar por perto na tentativa de revê-la, caso retornasse em um outro plano mirabolante, ou me esbarrasse em seu caminho pelas proximidades novamente. Não era como se eu fosse uma sociopata, obcecada ou algo do tipo, eu apenas senti logo de início uma estranha necessidade de ajudar aquela mulher, era um sentimento benevolente na verdade, ou pelo menos era assim que eu achava.

Algo dentro de mim me dizia ser o certo morar ali, naquele prédio, e como eu aprendi a gostar de conforto devido a minha atual condição financeira, não posso negar, escolhi o melhor apartamento, que por minha grande sorte era a cobertura do edifício, nada melhor do que ficar ainda mais perto de a reencontrar. Foram inúmeros planos traçados naquela "noite estranha" de nosso primeiro encontro inusitado, planos que foram todos quebrados logo no dia seguinte, quando que por uma grande ironia do destino, ao chegar no jornal, eu descobri que ela seria minha principal redatora.

Esse apartamento não é de um todo ruim, é aconchegante, apesar de eu ter me acostumado a estar em lugares mais espaçosos, mais sofisticados em Nova York, eu dei a sorte de o morador anterior ter saído dois dias antes e ainda está disponível. Ele é bem iluminado, é arejado, a localização é boa e no final das contas, me remetia a Camila. Mesmo eu nunca a ter encontrado por perto outra vez, o que me levava sempre ao questionamento de o porquê ela ter escolhido justamente aqui para tentar ceifar sua vida, havendo edifícios bem maiores por aí. Era intrigante afinal.

Olhei mais uma vez o celular e nada, apenas e-mails relacionados ao jornal, que naquele momento não havia importância nenhuma pra mim, pois a ansiedade de ver o nome Camila Cabello como remetente de uma nova mensagem me consumia. Era só isso que eu pensava.

"Será que devo enviar outro e-mail?"

Resolvi ligar a TV da sala para verificar os noticiários, na intenção maior de aliviar um pouco mais meu anseio, não adiantaria nada eu me prender a uma expectativa daquele jeito, eu estava ridiculamente nervosa, então era melhor pensar que na pior das hipóteses ela não teve interesse e eu iria caminhar sozinha como sempre fiz. Vida que segue, é isso.

Após alguns minutos, já derrotada com a situação de que não teria a companhia dela esta manhã, senti o celular vibrar sobre minha perna.

"Finalmente!"

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💬 Allyson
Bom dia, meu amor! Tá afim de tomar café comigo lá no MIAM Café? Passo já aí.
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