Capítulo 17

89.8K 2.1K 138
                                    

  Minha cabeça está doendo como se alguém tivesse batido com um martelo nela, e os carros passando na pista ao lado da janela do ônibus não estão colaborando nem um pouco com a sua melhora.

  Foi tudo tão corrido que nem sei se trouxe as coisas que precisava. Fiz Nat entrar na internet e olhar o horário do ônibus enquanto eu arrumava a bolsa e ao descobrir que demoraria um pouco, aproveitei para tomar um banho e trocar de roupa. Antes de entrar no chuveiro e tirar do meu corpo todos os vestígios da noite anterior, ainda conseguia sentir o cheiro de Alexandre. Um misto de suor, colônia masculina e um cheiro próprio  de seu corpo, extremamente delicioso.

  Não faço a mínima ideia de como a noite anterior acabou acontecendo, assim como não tenho ideia de como fui parar naquele quarto e nem como me vesti. Com toda certeza algo mexeu conosco e foi por isso que tudo aconteceu. Só não sei o que. Acho que o álcool que consumi, juntamente com as faíscas que saem quando estamos perto, causaram todo aquele fogo, que foi apagado pelo balde de água fria que a notícia do acidente do meu irmão me jogou.

  Desço do ônibus depois de mais de duas horas sentada e vou até o ponto de táxi perto da rodoviária. Não estou em condições físicas, mentais ou emocionais, para pegar outro ônibus. Além de estar com meu cérebro quase explodindo, preciso chegar o mais rápido possível no hospital e ver o que o imbecil do Felipe fez para conseguir parar lá em estado grave e por quase me fazer ter um troço.

  Ligar para minha mãe para saber o que houve não ajudou muito. Ela só chorava e ouvi mais fungadas do que palavras. A única coisa que sei é em que hospital meu irmão está e que ele sofreu um acidente de carro e bateu a cabeça, algo assim. Só vou descobrir realmente quando chegar lá.

  — Obrigada. — agradeço o taxista após pagar, descendo do carro com minha de viagem nas mãos.

  Caminho até a entrada do hospital. Uma rampa de cimento com um corrimão de ambos os lados leva até a porta de entrada. A mesma porta branca por onde passei quando uma garotinha perturbada que estudava comigo jogou um brinquedo de madeira na minha cabeça, o que me presenteou com três pontos.

  Sinto um arrepio ao entrar na recepção, tanto por saber que daqui a alguns minutos vou saber o que realmente aconteceu, quanto ao ar condicionado que parece estar na temperatura “Bem vindo ao Alasca!”.

  — Mariana! — uma voz feminina chorosa ecoa pela recepção.

  Viro já sabendo de quem é a voz. — Oi, mãe. — falo, abraçando-a da melhor maneira que posso devido a mala na minha mão.

  — Ah, minha filha, que bom que você está aqui! — fala, me abraçando mais forte e começando a molhar a minha blusa com suas lágrimas.

  Papai levanta e pega a bolsa da minha mão. — Você vai assustar a menina desse jeito, Suzi.

  Mamãe se afasta, segurando meus ombros. — Não queria assustar você, filha. — diz contendo as lágrimas.

  — Tudo bem, mãe. — falo, passando o braço pelo ombro dela e olhando para papai. — O que aconteceu com o Felipe? — pergunto a ele.

  — Ele estava vindo para nossa casa de carro, em alta velocidade, segundo um homem que presenciou o acidente, e ao tentar ultrapassar um carro bateu em uma carreta. — conta. — Por sorte o motorista estava vindo devagar e a batida não foi tão forte, mas o seu irmão estava sem cinto. — fala com um olhar misto de preocupação e repreensão.

  Mas que merda meu irmão tem na cabeça pra vir dirigindo em alta velocidade e, ainda por cima, sem cinto de segurança?

  — E... como ele está? — pergunto.

Meu chefe dominador (Degustação)Where stories live. Discover now