Capítulo 19

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  Depois da "frase que não queria ter dito", Alexandre está superestranho, sentado quieto e vez ou outra respondendo algo que mamãe pergunta.

  — Lena, acho que você deveria ir para casa descansar. — papai fala com minha mãe. — Já anoiteceu e você está aqui desde a madrugada.

  — Você também está. — retruca.

  — Mãe... — começo a dizer, entrando na conversa. — Também acho que você e o papai deveriam ir descansar um pouco. O Felipe está bem, vai passar a noite toda dormindo. E eu posso passar a noite aqui e te ligar caso algo aconteça.

  Ela me olha séria. — E por que você acha que pode passar a noite aqui e eu não?

  — Porque eu passei a noite toda dormindo e você passou aqui no hospital e deve estar cansada. — falo, mesmo sabendo que não passei, digamos, a noite toda dormindo.

  Alexandre, que estava fazendo parecer que estava em outro planeta, coloca a mão de modo carinhoso no ombro da minha mãe. — A senhora pode ir descansar, dona Helena. Eu prometo ficar aqui no hospital com a Mariana e informa-la caso haja alguma novidade.

  Ah, que legal! E quem o convidou para passar a noite aqui comigo?

  — Vamos lá, Helena... — papai fala.

  Mamãe se levanta. — Ok. Vocês sabem ser bem convincentes. — diz.

  Eu e papai damos um sorriso de cúmplices, mas meu sorriso se desfaz ao olhar para Alexandre. Ele está tão sério.

  — Quero falar com a Mariana antes. — mamãe fala, segurando meu braço.

  Levanto e ando com ela até nos afastarmos um pouco de onde estávamos.

  — Como você pôde ter mentido para sua mãe? — pergunta.

  Olho para ela sem entender. — Eu não menti pra você, mãe.

  Ele estreita o olhar. — Nem quando disse que não estava namorando?

   — Mas eu não estou.

  — E aquele rapaz lá? — pergunta, dando uma olhada nada discreta na direção de Alexandre.

  Sabia que ela tinha entendido tudo errado.

  — É um amigo. — digo.

  — Você acha que um amigo iria se deslocar até aqui para te fazer companhia e te apoiar? Ah, minha filha, achei que você fosse mais inteligente.

  Cruzo os braços. — Amigos são para todas as horas. — falo a frasezinha mais clichê do planeta.

  Ela quase ri. — Isso é verdade. Mas amigos não se olham do jeito que você dois se olham.

  O que? Eu olho para ele do mesmo jeito que olho para as outras pessoas. E ele também. As únicas vezes que ele não me olha normalmente é quando quer dar um de seus olhares malignos, que me dão medo e causam arrepio.

  — Não começa, mãe. Você está viajando. — falo. — Deve ser o sono. Você está mesmo precisando dormir.

  Ela balança a cabeça. — Jovens... — diz e sai andando, voltando para onde papai e Alexandre estão.

  Por que será que mães têm a mania de achar que todos os homens que se aproximam de você, estão apaixonados, querem se casar ou algo do tipo?

  Me despeço de meus pais e sento novamente, encostando a cabeça na parede e ouvindo o silêncio do hospital. 

  Fecho os olhos e deixo os pensamentos fluírem, misturando-se todos e fazendo uma confusão na minha cabeça. Mas não me importo. Confusão maior do que Alexandre causa com seu jeito bipolar, pensamento nenhum é capaz de fazer. E por que raios ele tem que ser tão bonito? Puta merda.

Meu chefe dominador (Degustação)Where stories live. Discover now