Depois do Ritual (romance gay)

[OITO]: A FESTA DO ADAM

DEREK

Três dias se passaram desde o convite do Adam para a sua festa de despedida, e por três dias, eu e o Nicholas finalmente tivemos o indício do que podemos classificar como paz. Estávamos sem nenhum outro desafio, sem nenhuma outra foto no site de fofocas da Zaco ou comentários e olhares tortos enquanto passávamos pelos corredores de mãos dadas – o que já não estava acontecendo com tanta frequência, já que resolvemos maneirar em diversas situações. –, a real é que estávamos bem. Nosso namoro falso estava decolando como um foguete de última geração para alcançar o prêmio final que ainda estava em minhas mãos e seria nosso definitivamente quando tudo isso acabasse.

Estávamos no penúltimo horário de aula quando o Nicholas desapareceu, me deixando a sós com a Kimberly enquanto ele e a Alison iam se inscrever na aula de teatro do colégio. Eu não conseguiria conciliar tudo isso, treinos de futebol, ensaios para o teatro, peças, às vezes escritas de roteiro e coisas do tipo, mas eles dois adoravam, principalmente o Nicholas, que sempre sonhou em ser ator, enquanto a Alison vivia escrevendo poesias e pequenas histórias que éramos forçados a ler e avaliar o mais rápido possível antes dela surtar conosco em um grupo que tínhamos online.

Estalo alguns dedos. Estamos esperando a chegada do professor de linguagem na sala de aula, e enquanto eu não presto atenção em absolutamente nada, a Kimberly ao meu lado rola o dedo pela tela do celular, dando curtidas em fotos aleatórias no instagram. Quando percebe que estou em ambiente de visão, ela logo bloqueia a tela e puxa um assunto.

— E então, vocês vão aparecer hoje na festa? — ela pergunta, desviando o olhar para ajeitar o seu cropped rosa antes de me encarar outra vez.

— Sim. Temos que ir. — não tenho nenhum entusiasmo em responder. — Você por acaso foi convidada? Não divulgaram a lista até agora, quero saber quem vai estar lá.

Observo ela prender seus cabelos pretos e cacheados em um coque suspenso.

— Fui. A Alison também. Com o que sei, acho que o Bryce obviamente estará presente, e alguns garotos do time. — ela desvia o olhar para eles, Tony, Zac, Justin, Felippe. — Ninguém interessante o suficiente, mas a festa deve ser boa.

Concordo com ela, sem dizer nada. E então aquele silêncio entre nós dois se instala outra vez, e eu entendo bem o motivo disso. Sou eu quem estou tocando as mãos do Nicholas diariamente ao entrarmos no colégio, e também fui eu quem beijei seus lábios em público, sendo notícia em todos os cantos da Zaco. Também fui o responsável por comentários direcionados a ela, toda a pena dos outros estudantes, todo "sinto muito" e a crença de ter sido traída – embora não tivesse nada com o Nicholas –, tudo proveniente de comentários e questionamentos de milhares de outros adolescentes.

Kimberly se sente desconfortável com essa situação, é notório, embora tudo seja um desafio e eu e o Nicholas não tenhamos nada além da nossa irmandade, ela gostaria de estar em meu lugar, ela gostaria que ele fosse dela. E isso enfraqueceu a nossa amizade que já não era forte o suficiente para aguentar muita coisa, afinal eu sempre fui mais amigo do Nicholas do que de qualquer outra pessoa, não é como se fôssemos Derek, Nicholas, Alison e Kimberly, não em minha visão, eu sempre fui Derek e Nicholas, e depois Derek e Nicholas e as amigas que Nicholas já tinha na Zaco. Esse é o sentido, quando eu conheci elas, elas já estavam com ele. Entramos juntos na Zaco, fizemos amizades diferentes por um pequeno período de tempo e quando a minha se enfraqueceu e saiu de San Pier, a dele cresceu – com elas –, e eu entrei para o time, passando de uma dupla para um quarteto.

— É. Deve ser muito boa. — respondo após um longo tempo.