[VINTE E UM]: FRAGMENTOS

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ALISON

Sou obrigada a observar o Nicholas indo embora enquanto o Derek não faz nada. Parte de mim já sabia que essa brincadeira acabaria assim, restando somente fragmentos do que antes era uma amizade composta por eles dois. O Nicholas é do tipo recluso sentimental, aquele tipo de pessoa que, quando te ama, torna o mundo um lugar mais agradável e bonito para você, e consequentemente, o mundo dele se torna você. Ele é puro e intenso. O Derek é o contrário disso, é intenso demais, explosivo demais, visível demais e um mar de incertezas que o torna sempre a pessoa mais irritante do mundo em situações importantes. Como dizem no velho clichê, é a bela junção da paz com o indício de guerra.

— Você não vai atrás dele? — me viro para questionar após o Nicholas sumir pela floresta. Espero que ao menos ele peça um carro ao invés de encarar a ideia de voltar andando para a cidade. — Ele não pode ir sozinho, e é muito longe.

— Por que eu iria? — Derek começa a recolher as coisas. — Você ouviu o que ele disse, ele quer ficar sozinho. Ele foi sozinho. Eu não estava tentando complicar as coisas, Alison, o Nicholas fez isso, ele ama fazer um grande drama por coisas pequenas.

Tenho que concordar com suas últimas palavras. O Nicholas ama fazer grandes dramas, foi o que aconteceu com a Kimberly, embora ela estivesse no direito dela de fazer o que bem entendesse naquela estúpida festa do Adam. Seu único erro foi ter usado o Nicholas após isso, mas nada da a ele o direito de julga-la pelo que foi feito antes.

— E o que faremos agora? — a situação ainda me preocupa. — Voltar para San Pier e fingir que nada aconteceu? Porque nossas vidas já estão fodidas o suficiente para isso.

— Esse é o plano. — Derek me encara outra vez. — Já estamos fodidos o suficiente, por que fingir que a vida consegue ser melhor? — suas mãos trabalham com grosseria no ato de desmontar a barraca. — Seríamos mais rápidos se você me ajudasse.

Tenho vontade de sumir. Odeio situações embaraçosas.

O caminho de retorno à San Pier é feito em silêncio

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O caminho de retorno à San Pier é feito em silêncio. Me lembro das vezes em que fizemos passeios em grupo anos atrás, nunca foi tão quieto assim. Derek sempre conversou comigo e nós quatro sempre estávamos juntos, chega a ser bizarro imaginar o quanto tudo mudou em tão pouco tempo. Me sinto desconfortável e sei que parte desse desconforto se dá pelo o que está acontecendo com a Kimberly. Ele tirou o direito dela, violou uma regra, e assim como o Nicholas é o melhor amigo dele, a Kim é a minha melhor amiga, a minha irmã. Ter ultrapassado esse limite me deixa enfurecida, não só por ter magoado ela, mas por estarmos nessa atual situação onde de amigos, nos encaminhamos para meros desconhecidos.

Já não éramos um grupo, éramos Alison e Kimberly se encontrando com Nicholas e Derek pelos corredores da Zaco Beach School e interagindo como se fossem amigos quando na verdade nada mais fazia sentido e todo o resquício de uma possível amizade havia virado fragmentos que pegavam fogo dia após dia até não restar nada no final do ano, como se nunca tivéssemos existido, pelo menos não juntos, não depois do ritual, não depois do Adam.

Depois do Ritual (romance gay)Where stories live. Discover now