[VINTE E QUATRO]: SER VERDADEIRO

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DEREK

Por um minuto não consigo acreditar no que vejo na minha frente. É o Nicholas, ele está aqui. Em um movimento rápido eu envolvo ele em meus braços, apertando-o o máximo que consigo sem me importar com mais nada, com ninguém ao nosso redor. Ele retribui o meu abraço na mesma intensidade, com força, com vontade e com saudade. Seu perfume permanece o mesmo, suave, doce, é aquele cheiro que eu gosto de sentir todos os dias pela manhã quando estou indo para o colégio e todas as noites quando ele se despede de mim e me leva até a porta da minha casa.

— O que você está fazendo aqui? — falo com ânimo, sem conseguir conter o grande sorriso em meus lábios trêmulos.

— Depois daquela conversa que a gente teve e das coisas que você me falou eu resolvi deixar tudo de lado e vir para cá, parei de te responder para você ficar chateado comigo, achando que eu não queria papo. — ele ri. — Pela manhã eu mandei algumas mensagens para a tia Rouse e combinei tudo com ela, meu pai comprou a passagem e as minhas malas já estavam prontas, quase eu ia para casa dos meus avós. — ele explica, desviando o olhar para a minha mãe que está bem atrás de nós com uma taça de vinho nas mãos.

— Sou uma ótima parceira de crime, não é mesmo? — ela também ri.

— Eu não acredito que você fez parte disso, mãe. — finjo estar bravo. — Isso é uma traição contra o seu próprio filho, como você pode ficar do lado do Nicholas? — agora ambos riem.

— Ela sabe que o meu lado é o melhor. — ele pisca. — Agora me ajude com a mala, não fiz todo esse esforço para ficar aqui do lado de fora.

Sequer parecia que havíamos brigado antes. Como ele me pediu, eu ajudo. Basicamente puxo a mala sozinho para dentro de casa e subo com ela as escadas para o meu quarto embora minha mãe tivesse diversos quartos de hóspedes.

— Vão ficar no mesmo quarto? — minha mãe questiona. — Tem um quarto de hóspedes aqui do lado, Dek, por que não deixa o Nicholas com um pouco de espaço para ele?

— A gente já se acostumou nessa de dividir cama, mãe, não é um problema até porque a gente passa a maior parte da noite conversando e como o Nicholas é extremamente preguiçoso, ele não vai querer sair daqui para ir para o outro quarto, se duvidar até no chão ele dorme só para não precisar andar. — era pra ser uma brincadeira mas o Nicholas leva a sério e me atira um travesseiro na cara.

— Eu não sou preguiçoso!

— Claro que não, eu é quem sou.

— Ah, agora eu concordo. — minha mãe diz, se referindo a mim. — Você é extremamente preguiçoso, Dek. — ela se encosta na porta do meu quarto, olhando para nós dois. — Bom, já que os dois preguiçosos vão dormir aqui eu vou dar uma saída rápida, realmente preciso passar no consultório e depois vou em algum lugar para comprar o almoço, prometo não demorar.

— Tudo bem mãe, não se preocupe, não vamos colocar fogo na casa. — brinco.

— Acho bom mesmo, vou trancar todas as portas para garantir que você queime caso isso aconteça. Nicholas, deixarei uma chave embaixo do tapete para facilitar sua saída. — ela retribui a brincadeira. — Agora é sério, preciso ir, juízo para vocês dois, volto em algumas horas.

Ela fecha a porta em seguida, nos deixando a sós. Não sei como reagir a isso, tudo o que eu sempre quis está a minha frente e eu não sei o que fazer, isso nunca foi um problema entre mim e o Nicholas, sempre sabíamos o que fazer na presença um do outro, desde piadas estúpidas à assuntos sérios, nunca houve constrangimento, mas agora há um grande empecilho que me impede ser eu mesmo, embora a minha mãe tenha me dado os melhores conselhos, usando o que já sabe da sua quase formação em psicologia. Não se trata só do Adam ou do risco que ele oferece, se trata de mim e da incerteza que comecei a sentir desde que ele se afastou. Eu também sinto algo.

Depois do Ritual (romance gay)Where stories live. Discover now