DEREK
Por um minuto não consigo acreditar no que vejo na minha frente. É o Nicholas, ele está aqui. Em um movimento rápido eu envolvo ele em meus braços, apertando-o o máximo que consigo sem me importar com mais nada, com ninguém ao nosso redor. Ele retribui o meu abraço na mesma intensidade, com força, com vontade e com saudade. Seu perfume permanece o mesmo, suave, doce, é aquele cheiro que eu gosto de sentir todos os dias pela manhã quando estou indo para o colégio e todas as noites quando ele se despede de mim e me leva até a porta da minha casa.
— O que você está fazendo aqui? — falo com ânimo, sem conseguir conter o grande sorriso em meus lábios trêmulos.
— Depois daquela conversa que a gente teve e das coisas que você me falou eu resolvi deixar tudo de lado e vir para cá, parei de te responder para você ficar chateado comigo, achando que eu não queria papo. — ele ri. — Pela manhã eu mandei algumas mensagens para a tia Rouse e combinei tudo com ela, meu pai comprou a passagem e as minhas malas já estavam prontas, quase eu ia para casa dos meus avós. — ele explica, desviando o olhar para a minha mãe que está bem atrás de nós com uma taça de vinho nas mãos.
— Sou uma ótima parceira de crime, não é mesmo? — ela também ri.
— Eu não acredito que você fez parte disso, mãe. — finjo estar bravo. — Isso é uma traição contra o seu próprio filho, como você pode ficar do lado do Nicholas? — agora ambos riem.
— Ela sabe que o meu lado é o melhor. — ele pisca. — Agora me ajude com a mala, não fiz todo esse esforço para ficar aqui do lado de fora.
Sequer parecia que havíamos brigado antes. Como ele me pediu, eu ajudo. Basicamente puxo a mala sozinho para dentro de casa e subo com ela as escadas para o meu quarto embora minha mãe tivesse diversos quartos de hóspedes.
— Vão ficar no mesmo quarto? — minha mãe questiona. — Tem um quarto de hóspedes aqui do lado, Dek, por que não deixa o Nicholas com um pouco de espaço para ele?
— A gente já se acostumou nessa de dividir cama, mãe, não é um problema até porque a gente passa a maior parte da noite conversando e como o Nicholas é extremamente preguiçoso, ele não vai querer sair daqui para ir para o outro quarto, se duvidar até no chão ele dorme só para não precisar andar. — era pra ser uma brincadeira mas o Nicholas leva a sério e me atira um travesseiro na cara.
— Eu não sou preguiçoso!
— Claro que não, eu é quem sou.
— Ah, agora eu concordo. — minha mãe diz, se referindo a mim. — Você é extremamente preguiçoso, Dek. — ela se encosta na porta do meu quarto, olhando para nós dois. — Bom, já que os dois preguiçosos vão dormir aqui eu vou dar uma saída rápida, realmente preciso passar no consultório e depois vou em algum lugar para comprar o almoço, prometo não demorar.
— Tudo bem mãe, não se preocupe, não vamos colocar fogo na casa. — brinco.
— Acho bom mesmo, vou trancar todas as portas para garantir que você queime caso isso aconteça. Nicholas, deixarei uma chave embaixo do tapete para facilitar sua saída. — ela retribui a brincadeira. — Agora é sério, preciso ir, juízo para vocês dois, volto em algumas horas.
Ela fecha a porta em seguida, nos deixando a sós. Não sei como reagir a isso, tudo o que eu sempre quis está a minha frente e eu não sei o que fazer, isso nunca foi um problema entre mim e o Nicholas, sempre sabíamos o que fazer na presença um do outro, desde piadas estúpidas à assuntos sérios, nunca houve constrangimento, mas agora há um grande empecilho que me impede ser eu mesmo, embora a minha mãe tenha me dado os melhores conselhos, usando o que já sabe da sua quase formação em psicologia. Não se trata só do Adam ou do risco que ele oferece, se trata de mim e da incerteza que comecei a sentir desde que ele se afastou. Eu também sinto algo.
YOU ARE READING
Depois do Ritual (romance gay)
Teen Fiction[HISTÓRIA COMPLETA] Todos os anos antes do retorno das aulas, os alunos da Zaco Beach School se reúnem em volta de uma fogueira para participar do tão famoso Ritual na Praia, durante muito tempo o Ritual foi algo extremamente normal, até chegar a ve...