O corpo do menor tremia com a baixa temperatura do clima que fazia naquela noite. Ainda não estava tão tarde, mas o frio já estava a castigar seus lábios, que ressecados, estavam começando a conter uma ardência, ainda que fraca.
Após as mensagens que Jimin recebera, ficou receoso de ir ao lado de fora de sua casa, e o medo de encontrar mais alguém junto de seu gato era grande. Quem poderia estar ao lado de sua amada Spencer? O garoto desce as escadas do segundo andar lentamente, ainda no escuro, iluminando o local com a luz da lanterna de seu celular, que ainda que não tão potente, era o suficiente para iluminar o caminho a sua frente. Se ele soubesse onde estava pisando já estava ótimo. Era estranho Jimin estar nesta situação, de modo tão calmo não? Não estava tremendo e nem chorando de pavor (oh, que inteligente ele era!). Por que? Ele desde pequeno aprendera que quando você demonstra medo, você dá poder para aquilo que te aterroriza; sabemos que na pratica era mais difícil de não demonstrar o medo, mas do mesmo modo, o garoto era bom nisso.
Ao colocar seus pés descalços sob o chão gelado do primeiro andar, não se limita a andar rapidamente até a porta dos fundos, para que pudesse ir até o quintal de sua casa. Postura ereta, olhos foçados e ouvidos atentos a qualquer mínimo barulho que poderia vir.
—Spencer?— O menino chama de modo baixo, observando a porta dos fundos aberta. Olha para cada um dos lados, apontando a lanterna, fazendo questão de tentar observar cada canto daquele local.
Jimin chega até a porta, saindo de dentro de sua casa, e então, finalmente, conseguindo ver sua gata. O pequeno felino com os pelos num tom preto, anda calmamente até Jimin, fazendo com que o menor se ajoelhasse para pegar Spencer. Quando o garoto pega sua gata no colo, sente seus pelos um tanto gelados, e então nega com a cabeça, deixando-a no chão, já dentro de sua casa.
Mas e sobre as mensagens? Bem, ele estava se esquecendo deste detalhe, se não tivesse olhado para o banco que havia em seu quintal. Uma pessoa estava sentada no mesmo, com uma folha em mãos. A visão que Jimin estava a ter da pessoa era ladina, portanto era possível apenas ver seu sobretudo preto (que faziam um belo par com suas calças de um jeans escuro), mas pelo tamanho do indivíduo, Jimin tinha quase certeza que era um homem.
O homem que estava sentado em seu banco finalmente olha rapidamente para Jimin, e então o pequeno garoto percebeu algo: ele tinha uma máscara. Não dava para saber ao certo do que era, mas acredite, era preciso apenas três segundos olhando para aquela máscara para que você ficasse aterrorizado o suficiente para que tivesse pesadelos noturnos.
O homem se levanta, e então Jimin pode ver a altura do mesmo, afirmando para si mesmo que era um homem. Jimin deveria estar chamando a polícia, mas ao invés disso está paralisado, sentindo a sensação de como deus músculos estivessem congelados, e só conseguisse mover seus olhos. O homem alto deixa a carta encima do banco, e então sai andando calmamente pelo quintal do garoto, indo para a saída dos fundos, que iria levá-lo até a rua. Antes de sair do local, o homem vira-se, olhando para Jimin, e então o menor pode claramente ver do que se tratava a máscara. Aquilo era um coelho?
E então o homem leva seu dedo indicador por cima da boca do animal da máscara, fazendo um sinal de silêncio, e finalmente, sai do local, andando em direção à rua.
O corpo de Jimin permanecia estático, e por mais que a vontade de correr para dentro de casa fosse grande, a vontade de pegar aquele papel que estava em cima do banco era maior.
Após segundos de uma paralisia inerte, Jimin consegue andar até o lado de fora de sua casa, indo numa velocidade suficientemente rápida para que pudesse pegar o papel. Quando o menor segura o papel, não se limitou a ir correndo até a porta de sua casa, adentrando a mesma e fechando a porta atrás de si.
Jimin vira a chave, e então solta o ar que estava prendendo em seus pulmões, e se afasta da porta, ainda em estado de choque.
Ele não sabia o que estava sentindo, ele apenas tinha a sensação de medo e pavor correndo seu corpo. Que merda estava acontecendo?
Então Jimin decide ler o que havia naquela carta, que havia sido deixada pelo homem que antes estava em seu quintal. Ao olhar a folha perfeitamente dobrada, consegue observar a marca de caneta já pelo verso da folha, e então quando toma coragem, desdobra a folha, podendo finalmente ler o que estava escrito.
"Consegue ouvir o quão rápido o barulho do ponteiro a se movimentar no relógio pode ser? Você consegue ouvir, Jimin?
Eu sempre fui assim, apaixonado por sons leves e suaves, tais como um simples ponteiro de relógio a movimentar-se, ou sua voz aveludada cantando uma música de sonoridade simples, que se encaixa perfeitamente em seu timbre.
Nunca gostei de sons altos, não importa com o que ou o mais banal motivo para tal, nunca me apeteceu. Sons altos me incomodam de todas as formas, vindo de um sino de igreja a soar em meus ouvidos insistindo em fazer-me lembrar da minha falta de religião; ou até mesmo vindo de um grito, que é mais um clamar por piedade de minha parte. Talvez a falta de piedade pelos outros seres humanos tenha aparecido como a companheira que minha falta de religião trouxe para a festa. Não consegue ver, Jimin? Eu sou a festa. Eu sou a festa que eu não queria estar.
Então por favor pequeno garoto, não grite, eu posso ouvir seus sussurros.
-Atenciosamente, JK."
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Lalala
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Run.com. - Jikook
Fanfiction"-Oh Jimin...seu sussurro assustado é tão delicioso de se ouvir. Eu gostaria de saber como esse sussurro seria enquanto eu estivesse te fodendo." © copyright ; esta história tem todos seus direitos reservados.
