O Primo do Noivo - Dramione.

01 - A Solução

É oficial, estou perdida!

Já se passaram umas seis horas desde que saí completamente atordoada da empresa, após receber a notícia da iminente falência da Granger's. A pior parte de toda a confusão sem sombra de dúvidas é a "solução" que meus pais alegaram ter encontrado; casar-me com um completo estranho em troca de uma unificação de empresas.

Quer dizer... Aquilo era o maior absurdo que eu poderia ter escutado em toda a minha vida, vinte e seis anos de existência para ser mais exata e eu estava em um estado de choque por ter que ouvir tais coisas dos meus pais em pleno século XXI. 

Eu devo realmente ter feito um mal muito grande pra merecer esse tipo de castigo.

Com toda essa história acabei furando o almoço com Viktor. E agora? Como vou explicar a ele que qualquer chance que tínhamos de ficar juntos foi aniquilada? Destruída. Despedaçada. Jogada aos quatro ventos. Minha cabeça ainda estava cheia demais.

Eu já estava em casa e Helena estava comigo, fazendo cafuné em mim enquanto eu lutava arduamente para não me entregar às lágrimas que queriam sair a qualquer preço, tornando-me fraca e frágil - não que eu esteja dizendo que chorar é para os fracos, isso era uma coisa minha. Eu odiava me sentir assim, odiava demonstrar meus sentimentos. Porém, especialmente naquele momento, tudo parecia ir contra minha vontade.

— Herms, diga alguma coisa. — Hels pediu preocupada — Você está calada há horas, me diz por favor que você não está pensando em suicídio?! — seu tom de voz era preocupado, mas juro que senti um humor na sua pergunta exagerada.

— Deixa de ser boba, Hels! — falei incapaz de não sorrir diante do pedido insano de minha irmã. — Suicídio não iria resolver nossa situação, no mínimo mais dívidas e você se casaria no meu lugar.. — deixo que um suspiro saia enquanto afundo mais ainda a cabeça nas pernas dela — Na verdade eu não estou achando solução alguma... Além da que papai e mamãe deram.

Helena bufou, balançando a cabeça em negação, fazendo seus cabelos longos e escuros esvoaçarem, sei que não é o momento para isso, mas minha irmã é linda! Sério, sua pele branca e cabelos escuros deixam ela com um ar misterioso, gótico, extremamente sensual. Ela olhou para baixo, os abismos negros me encarando com incredulidade. Fiz que sim com a cabeça.

— Não! — exclamou arregalando os olhos — Hermione, não!

— Helena... — murmurei levantando a cabeça de sua perna, recostando o corpo no espelho da minha cama e olhando para ela com todo aquele medo que eu inutilmente tentava repelir. — Eu não posso deixar que nossa família se perca na miséria, se posso fazer alguma coisa contra isso, vou fazer.

— Isso é injusto demais, Mione. — ela falou deitando agora a cabeça na minha perna. — Eu posso arrumar um emprego, fazer alguma coisa, mas não posso deixar você se casar assim. Não pode ficar tudo nas suas costas!

— Jessy, nossa dívida é milionária! Mesmo que você arrume um emprego, não vai adiantar muito. — falei fazendo carinhos nos cabelos negros a fim de acalmá-la.

— A gente vende a casa, se muda para um bairro mais barato.. — ela dizia tentando a todo custo achar uma solução, eu já tinha pensado em todas elas. 

— Você não está entendendo... — falei olhando para ela agora — Mesmo se nós fizermos tudo isso, ainda não vamos ter dinheiro suficiente. — suspirei, aquele era com certeza o dia oficial dos suspiros — Se eles executarem as dívidas, e não pagarmos... Papai pode ir preso. — contei-lhe fechando os olhos em seguida, tentando desfazer-me da imagem de meu pai sendo levado ao cárcere.

Ficamos mais tempo em silêncio. Eu nunca fui de ficar fantasiando casamentos, sonhando com príncipes encantados e beijos a luz do luar, mas confesso que de todas as hipóteses de me unir a alguém do sexo oposto, jamais imaginei que fosse devido a tais circunstâncias. Confesso que isso me deixava apavorada. Casar? E com um desconhecido? Minha vida parece aquelas comédias românticas, só não sei se isso pode ter um final feliz.