Vagando pelo castelo

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17/09/2013.
Penhares Guedes - Zona Leste, 18:58..
Morbor State, Sul de Compensburg...|

Marcus estava caminhando devagar, indo pelo corredor do primeiro andar, em direção às masmorras. Nas paredes, haviam quadros pendurados. Quadros de pintores do impressionismo: Vincent Van Gogh (Caveira com Cigarro Aceso e Os Comedores de Batata), Claude Monet (Almoço na Relva e The Bodmer Oak, Fontainebleau Forest), Pierre-Auguste Renoir (Sunset at Sea e The Skiff), Frédéric Bazille (Port of the Queen at Aigues-Mortes e Portrait of Auguste Renoir). Quadros não famosos de paisagens, de pessoas da idade moderna e etc.

"Que ótimo... O lugar ainda tem cultura para colocar em exposição." Pensou ele, olhando as pinturas. "Vai ter a Monalisa também?"

Deu mais alguns passos e olhou de relance para um quadro que chamou sua atenção e continuou andando.

- Pera aí... - Disse ele, voltando de costas e fitando o quadro. - Esse quadro é familiar... - Aproximou-se, ainda refletindo.

Nele tinha a pintura de um homem. Com seus cabelos até um pouco abaixo das orelha. Parte do rosto estava humana e a outra desfigurada, era quase impossível de ver. Parecia com uma espécie de mutação. Seu corpo era malhado e sua vestimenta é pouca, apenas uma blusa num tom azul marinho.
O líder ficou por alguns minutos encarando a pintura, tentando lembrar de onde a tinha visto, mas nada veio à sua cabeça. Somente Brucie.

"Brucie? Não, claro que não." Fala consigo. "Depois dessa merda eu vou precisar de algumas boas sessões com um psiquiatra." Então ele se desperta, olha para a esquerda e para a direita, verificando se a área estava limpa.

Voltou a seguir pelo corredor. Até que mais à frente, encontrara duas dog tags​ militar (plaqueta de identificação usada por militares), se abaixou para apanhá-la, virou a dog tag para ver o nome no verso.

- Luíz D'Paollo? - Leu Marcus, voltou a olhar para cima, como se estivesse procurando o dono do cordão por ali. - Deve ser de mais um cadáver. - Terminou, deu mais uma olhada em volta, se levantou, pôs o cordão num compartimento da bolsa e finalmente retomou à sua ida para as masmorras.

*           *            *

Estranhamente o castelo havia ficado "calmo". Sem criaturas ou ataques costumeiros, e isso estava perturbando, e ao mesmo tempo, dando um pequeno alívio para o capitão dos Golden.

Hobbs perambulava pelas masmorras, com seu fuzil nas costas e a pistola na mão, olhando para um lado e para outro e de cima à baixo.

Aquele silêncio todo não era normal e ele sabia disso. Algo estava acontecendo ou estaria prestes à acontecer. Também sabia que não podia esperar nada bom de toda aquela bosta em que estava, sozinho, preso e lutando pela própria sobrevivência.
Como há alguns anos atrás, quando recebeu sua primeira missão, em toda a sua carreira.

O objetivo era apenas simples: viajar para Morbor State, fazer uma missão rotineira de reconhecimento, inspecionar a área, coletar evidências e coisas desse tipo.
Porém, naquele tempo, ele mal tinha noção do que iria conhecer.

Então, Marcus parou por um momento, em frente à uma porta de carvalho, um tanto pesada, com detalhes bem feitos e bem conservada, até demais para um local todo precário como aquele.

Empurrando a porta devagar, ele ajeitou o fuzil nas costas, e com sua pistola em punho e a lanterna apontada juntamente com a mira, foi abrindo aos poucos, fazendo os ruídos da porta saírem quase inaudíveis.
Estava preparado para qualquer bicho que surgisse em meio à escuridão para atacá-lo inesperadamente. Quando ele decidiu abri-la de uma vez, com apenas um empurrão, dando um rápido passo para trás e com a mira paralisada em direção à porta, sem ao menos respirar, já estava com o dedo quase cravado no gatilho. Contudo, para a sua surpresa, nada se manifestou de dentro do cômodo, nem ao menos uma pena, somente poeira do grande carvalho, que aparentemente não se movia há séculos.

O líder foi movendo a lanterna por dentro do cômodo e percebeu que aquilo se tratava de uma sala. Não uma simples sala, no entanto, nela era onde ocorria os rituais macabros daquelas criatura.

Havia uma mesa retangular, feita de um tipo de rocha, bem no meio. Estava suja, principalmente com respingos e algumas manchas de sangue, riscos de alguma arma branca, provavelmente algo como uma adaga, faca ou espada. Haviam desenhos e uma espécie de candelabros metálicos, onde jaziam velas bem pequenas, já no seu final, ou pela metade, já derretidas. E o mais macabro, estava bem ao centro dessa grande pedra, que funcionava como mesa: um coração perfurado por uma pequena espada. Ela estava cravada naquele órgão, que algum dia pertencera à alguém, que sofrera uma morte, com certeza, dolorosa e indesejável.

Hobbs ficou ali, parado por um instante, analisando todos os detalhes da pedra, do coração, da espada bem amolada e com seu apoio banhado à ouro. Olhou ao redor e para o teto, por fim não encontrou nada de "anormal".

Relaxou mais e foi caminhando pela sala, com sua pistola em punho e lanterna ligada, como se fosse um detetive na cena do crime.
Quando finalmente deixou-se aliviar, descansar os músculos doloridos, as pernas e os pés, que estavam exaustos de tanto vagar por esse grande castelo.

Foi se lembrando cada vez mais do passado, que tanto receia de lembrar. Da sua chegada a esse paraíso, seus primeiros confrontos contra os Frons, quando 97% de seu grupo havia sido exterminado e só restara ele, seu irmão e mais um Golden.
Então, veio em mente a cena que Hobbs tanto odeia: a morte de seu irmão, Brucie, o líder dos Goldeneye, o único irmão de Marcus. Quando eles tentavam fugir de uma horda gigante de Frons.

Até que os flashbacks começaram a vir e Marcus se recostou na mesa, viajando, olhando para o nada, simplesmente retomando ao passado.

A Fuga de Morbor StateWhere stories live. Discover now