JOANNA WATSON

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Estacionei meu carro na vaga mais distante do clube.

O estacionamento não era tão espaçoso e sempre haviam vagas. Ao menos nas quintas-feiras. Um dia não muito cheio e perfeito para não encontrar olhares conhecidos ou curiosos.

Desliguei o motor do carro e olhei para a esquerda, fitando o estabelecimento através da janela do carro. Ele era predominantemente preto, com um letreiro avermelhado logo acima das duas portas também pretas.

Dois passos para o paraíso.

Um nome patético.

Um lugar ainda mais patético, mas foi ali que encontrei meu vício.

Era difícil acreditar que eu estaria ali. Parada, esperando.

Um clube no meio do centro de Rudápave, no bairro mais boêmio da cidade e com a vida noturna agitada. Eu, uma mulher que vivia na Zona Leste, uma juíza, não deveria estar em um lugar como aquele.

Desabotoei um botão do meu blazer e passei os dedos pelo meu rabo de cavalo. Olhei pelo retrovisor para ver se ninguém estava passando pela rua mal iluminada. Se não fosse pelo letreiro brilhante e pelo poste na calçada, eu certamente não conseguiria ver nada do estacionamento.

Meus olhos desceram para o painel do carro e os números digitais do relógio mudaram.

22:59.

23:00.

Abri a porta.

Ajeitei a manga da minha blusa por baixo do blazer até que elas ficassem perfeitamente alinhadas. Tranquei a porta do carro e me virei para a boate.

Meu vício.

Scarlett se tornou o principal vício de minhas vindas para o clube.

Andava pelo pequeno estacionamento, ouvindo apenas os cliques dos meus saltos contra o cimento e via o brutamontes que servia como segurança abrir as portas da frente. Perguntei-me novamente como. Como eu estava ali? Nem mesmo eu tinha a resposta correta para esse questionamento. Lembro que parei ali depois de um dia absolutamente desperdiçado por pessoas incompetentes que estavam atrapalhando o meu trabalho. Eu dirigi para o centro e não para casa. Entrei no estacionamento e vi o letreiro. Não posso mentir, ele instigou minha curiosidade, algo que não acontecia há muito comigo. Quando aquelas portas pretas foram abertas para mim, minha atenção se aguçou cada vez mais. Tudo isso aconteceu quando eu vi aquela garota morena dançar. Sabia que minhas idas ao clube se tornariam cotidianas entre meus dias.

O jeito que ela mexia os quadris e se mostrava era deliciosamente tentador. Quando eu percebi que sua dança se moldou para me agradar, eu simplesmente não podia virar as costas para isso.

Então, comecei a fazer das minhas idas ao clube uma rotina, todas as quintas, e quanto mais eu a assistia, mais eu a imaginava fazendo aquilo para mim, em cima de mim. Eu queria tocá-la intimamente ao mesmo tempo que a imaginava dançando montada em mim. Scarlett despertou reações em mim que há anos estavam adormecidas. Ela era o tipo de mulher que, através do seu próprio prazer, era capaz de fazer com que eu alcançasse o meu.

Eu entrei pelas portas da boate e o cheiro de fumaça, cigarro e bebida invadiu meu nariz. A luz avermelhada não estava ligada desta vez, o que me preocupou um pouco, não queria ser reconhecida aqui. Mas, em contrapartida, eu poderia ver melhor minha deliciosa dançarina.

Era estranho, normalmente tudo aquilo me irritaria. O lugar era repugnante, não era desorganizado e nem frequentado por homens asqueroso, porém não me sentia encaixada naquele local. Entretanto, ao entrar por aquelas mesmas portas negras, meu corpo entrava em um estado de poder. Eu ficava excitada, sim, essa era a palavra. Pois, eu sabia que aquela garota em cima do palco dançava para mim, mesmo rodeada de pessoas.

Entre elas #3 : Perfeita para mim (Romance Lésbico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora