JOANNA WATSON

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Entediada, aborrecida. Nesse momento, poderia expor várias das características que sobrevoavam minha cabeça. Poderia inclusive enumerar as responsabilidades pelas quais estava me sentindo assim.

Primeiro, já fazia 7 minutos que estava parada na frente do tribunal de justiça esperando Lucas chegar. Eu prezava meu almoço, ainda mais pelo estresse repetitivo de julgamentos. Entenda, ser uma das juízas criminais mais importantes de Rudápave requeria um esforço notável para tudo ocorrer na mais simples perfeição. Eu tinha um papel importante de julgar as pessoas que faziam mal às outras. Realmente gostava do meu trabalho. Conseguia ter controle através dele, direcionar a vida daqueles que não mereciam andar pelas ruas da minha cidade.

Porém, gostava mais ainda de não ter meus rituais quebrados. Ainda mais por Lucas.

Lucas?

Um advogado e, claro, também meu marido.

Um bom homem, mas para mim, infelizmente não passava de um casamento praticamente por aparências.

Não saberia qual seria a reação das pessoas se uma das juízas mais importantes da cidade saísse do armário como sapatão. Ainda mais depois de tanto tempo. Eu mantinha meus contatos por baixo dos panos. As mulheres que encontrava praticamente assinavam termos. Ninguém poderia ou iria me expor.

A última coisa que queria era passar na língua de pessoas que desprezava e eu sabia muito bem do que eles iriam me chamar.

A controladora sapatona. A mulher que, com certeza, só pode estar tendo uma crise de meia idade.

Eu tinha um casamento de 20 anos. Uma união que funcionava mais como uma sociedade.

Lucas? Nunca o amei. Às vezes gostava de sua presença. Um homem inteligente e bom, altamente fraco. Eu tinha quase certeza de que ele sabia dos meus casos, mas nunca abrira sequer a boca para falar. Talvez, no final, ele mesmo saísse perdendo.

Seja como for, eu apreciava ter meu nome imaculado. Se minha orientação sexual viesse à tona, eu perderia o controle e controle é um sentimento que dificilmente é perdido por mim. Ao menos que levasse para o meu segundo motivo de aborrecimento.

Eu não via Allie havia alguns longos dias.

Eu sentia falta dela, do seu cheiro, do seu corpo, da movimentação sensual do quadril e principalmente do seu sexo, mesmo que a falta de tempo, espaço e talvez o local não fossem totalmente apropriados. O sexo com Allie, fora além das minhas expectativas. Além do que eu imaginava que um dia poderia ter.

Desejar alguém assim parecia quase doentio. Mas, ela é a virada para a minha falta de controle. Allie era a minha insanidade noturna, era minha válvula de escape.

Infelizmente, não conseguira voltar para a boate depois que eu tomei o seu corpo.

Deveria tomar cuidado, mas meu desejo não se resumia apenas no sexo. Não mais, eu queria conhecer aquela garota tatuada. Com os olhos verdes claros e de estatura baixa.

Respirei fundo, procurando mais uma vez o carro de Lucas. Meus olhos passeavam pela rua movimentada. As pessoas perambulavam de um lado para o outro. Era o horário de almoço, então elas passeavam à procura de restaurantes ou indo ao encontro de outros amigos.

Temperatura de Rudápave estava um pouco quente. Eu particularmente não gostava do calor, sempre preferi o frio. Pois, nesse momento à espera de Lucas, eu estava transpirando e no calor isso acontecia constantemente. Era um fator a mais de irritabilidade.

Fui recebida por um taxi entrando no estacionamento do edifício e ele estava lá dentro.

— Desculpe o atraso, minha querida — Lucas disse enquanto saía do carro.

Entre elas #3 : Perfeita para mim (Romance Lésbico)Where stories live. Discover now