Indiferença?

38 11 32
                                    

Como odeio esperar. Acho que é verdade sobre o que dizem: Paciência é um dom. Creio que não nasci abençoado com esse dom, eu estava desesperado por uma resposta da Isa, depois daquela cena estranha que a beijei de impulso, quando ela revelara que antes gostava de mim. Droga! Eu não imaginava que estava tão descontrolado assim. Precisava de ajuda e só de pensar na cena daquela tarde  me amaldiçoava em palavras torpes, sem dizê-las em voz alta, é claro. Podia estar perturbado, mas não a ponto de ficar gritando sozinho comigo mesmo. O que me apavorava era a possibilidade de que a noite na escola tinha a possibilidade dela ir a aula, era uma chance de vê-la e explicar, contudo me pegava em dúvidas: O que eu explicaria? "Olha Isa, eu sempre gostei de você e te beijei sem querer", estranho não é? Isso realmente é assustador, agora faz sentido quando vejo os mais velhos falando que paixões matam. Naquele momento me sentia, morto, inútil, invasivo até. Sorte minha que não foi em publico, senão seria chamado de pervertido ou algo do tipo, nada animador a ideia, mas agora o que eu fazia era olhar em direção a casa dela e fazer cara de "Idiota". Por quê não atravessar a rua e ir lá? eu não achava uma boa ideia. Ela poderia estar chorando, ou ter dito pros pais dela que a beijei a força, com medo do Senhor Connor me deixar com um olho roxo, ou com uma cicatriz no caráter com um daqueles sermão que os adultos conseguem aplicar com um êxito. Uma lágrima solitária corria no meu rosto e percorreu toda minha face, até se acumular e formar uma gota redondinha e cair na sola do meu tênis, fiquei olhando para onde a gotinha caiu e fiquei imaginando, se ela tinha um objetivo final de pingar por ultimo no meu tênis, se era o propósito dela, ela tinha escolha? Foi ai que tive um sobressalto do dilema que me encontrava imerso. Era só uma gota da minha lágrima, nem mais nem menos, talvez era assim que os filósofos ficavam doidos, a busca de encontrar razão pra tudo, perguntas sobre tudo no universo. Muita loucura, entretanto não era do que eu precisava naquele momento, precisava me acalmar.

Eu coloquei uma música no som da mamãe, ela não gostava que eu mexia nas coisas dela, porém dessa vez eu tomaria os devidos cuidados para que ela não notasse que usei o aparelho monstro dela para ouvir meu péssimo gosto musical, musica do Il Volo, uma banda que cantava com aquele ''tipão'' de cantor de ópera, meu coração sofria a música ajudava o colocar pra fora o que eu sentia, descobri que era péssimo com sentimentos, nunca fora apaixonado antes ou tivera um problemas sentimentais com alguma garota, pois a única garota que eu notara em toda minha vida fora Isabelle Connor, ela sim, era uma mulher de verdade! Ao mesmo tempo tinha aquele jeitinho risonho e meigo de garotinha, ela tinha tudo que me fazia olhar para ela, talvez foi por isso que nunca consegui estender meu horizonte e perceber outra garota.

Passei toda a tarde nisso e antes de chegar a noite consegui dormir um pouco pensando no rosto dela! Droga, eu confesso que já não pensava em outra coisa, e por mais que ela não evidenciara com a sua fuga que aquele beijo foi errado. Eu só pensava naqueles lábios fazendo meu mundo interno abalar, energizar. Aqueles lábios trêmulos e macios me fez parecer vivo, como se eu vivesse toda a vida pra sentir aquela sensação, aquele arrepio!

Cheguei a escola, e não prestava atenção na aula, ficava olhando pra isabelle Connor, que não me encarava. Mal levantava o rosto!
Resolvi tomar coragem e ser homem ao menos uma vez naquela situação angustiante! Fui até ela e toquei seu ombro, ela estava olhando pro chão do outro lado do corredor.

- Isa, posso falar com você?__ Perguntei inseguro com voz de choro.

Ela levantou os olhos, em minha direção, pela primeira vez eles estavam indecifráveis, não sabia o que ela estava sentindo.

- Randall...

Ela susurrou baixinho, como um gemido, como se estivesse surpresa, talvez ela não acreditasse que eu fosse até ela. Na verdade nem eu mesmo acreditava, entretanto lá estava buscando a redenção.

- Me perdoe por aquilo, desculpa mesmo, eu não sei dizer o que houve comigo.

Ela sorriu, e disse para me tranquilizar:

- Está tudo bem Randall, aquilo não foi nada, só me assustei.

- Desculpa, não era minha intenção fazê-lo!

- Então não queria beijar a mim?

Assustei com a pergunta dela, e por um segundo gaguejei.

- Não é isso, eu quis. Mas a intenção não era te assustar.

- O quê quis dizer com isso?__ ela perguntou com uma expectativa diferente.

Eu engoli em seco e respondi da forma mais sincera possível.

- Eu amei a sensação de te beijar...

Isa arregalou os olhos, preparei pra ouvir algo terrível que me magoaria, porém fomos interrompidos pelo professor que dispensou a turma pra ir pro intervalo e só nós dois estávamos lá ainda e o professor olhando pra nós dois com um olhar inquisitivo.

- Já vamos professor! __  Dei um sorriso sem graça pra ele.

Isa e eu caminhamos lado a lado no corredor, havia algo pesado, eu tinha medo do que ela poderia revelar, que talvez não gostasse mais de mim, e complementar pedindo para que eu parasse com aquelas atitudes. Enfim, eu fiquei calado, ela também, um silêncio tortuoso reinava.

Ela ia ficar na biblioteca no recreio, ela ficava lá sozinha lendo romances, eu sabia sobre isso, parecia até um serial killer. Na verdade não passava nem perto disso, apenas tentava entender e ver o que a pessoa que estava em meu coração fazia. Ela não tinha dificuldade pra enturmar, era bem popular e conseguia atenção fácil, contudo preferia se isolar, algo no comportamento dela que eu jamais conseguia compreender. Pra alguns no ensino medio, popularidade é tudo, porém pra aquela garota tudo isso parecia irrelevante.

Quando chegamos no fim das escadas que levavam ao segundo andar da escola, eu despedi e fui pra um lado, ela pro outro.

- Até mais Isa!

Eu disse isso quase chorando, ela sorriu com um olhar triste me olhando dentro da alma:

- Se cuida Randall, até depois.

O que eu queria dizer aquele momento era " Deixe que te acompanhe até a biblioteca? Quero passar o intervalo com você"

Mas me limitei a virar o rosto e vê-la rompendo as portas da biblioteca enquanto meu coração se apertava, vendo meu amor cada vez mais longe, cada vez mais perto. Tão intenso, tão inocente, tão diferente de tudo, fagulhas de uma tristeza imensa começava a ganhar forma naquele meu coração jovem.

O Mundo Dentro Dos Teus OlhosWhere stories live. Discover now