Ao Relento

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"Amor é aquela esperança tola que afoga todos os amantes, que destrói através da importância, é sobre ser destruído por quem tu o queres bem. '' (Samuel D Mesquita)


   Ainda não entendia, mas em um dilema de coração partido a última coisa que consegues ver, é sentido em algo. Perdi alguns quilos com o andamento dos dias, não tocava em refeição nenhuma, parecia que sempre tinha um bolo ali na minha garganta, amargo, impedindo que eu pudesse ter o prazer de degustar algo, minha mãe que mesmo não tão presente notou minha falta de apetite, eu desconversei. Fingir que ia a aula por duas vezes, mas faltei, não sei se conseguiria olhar para cara da Isabelle Connor outra vez, andava sem rumo por ai, e comecei a ter a idéia de pedir a mamãe pra me comprar um carro, eu já tinha a carteira de habilitação, queria sair por ai, matar umas aulas, ver pessoas novas.

Estava no auge da desilusão, a revolta me consumia. Uma raiva trepidava do lado esquerdo e eu tinha vontade de vingar de Isa, mesmo que ainda eu gostava dela imensamente. Entretanto, que culpa eu teria por ela me beijar em um dia e beijar outro cara no dia seguinte? Só de pensar meu sangue borbulhava.

Ela era meu sonho parecia que do nada tinha se transformado em meu pior pesadelo, era difícil não sucumbir à dor. Minha alma se rasgara, primeiro amor, primeiro de muitas coisas, primeiro abraço, primeiro beijo, primeira promessa, primeiro coração partido e surpresa, não o dela, o meu.

Finalmente tomei coragem de ir a aula, eu estava bem diferente, cortei o cabelo de uma maneira que ficou estiloso, precisei até pedir indicação a minha mãe e por incrível que pareça, eu gostei da atenção ao meu novo penteado, também vesti uma blusa de frio muito diferente do comum. Eu estava andando na linha, não era muito vaidoso. Clarissa Parker me olhou assustada e sorriu, e depois abaixou a cabeça. Era uma das nerds raras da turma, muito bonita, mas na mesma proporção estranha demais para se ter uma conversa. Será que ela sorrira que já sabia sobre Isa e eu? Gelei, e abaixei a cabeça. O olhar de todos na sala de aula parecia parado em mim.

Um dos nerds me olhou e falou quase sussurrando ao meu ouvido:

- Está diferente Randall...

Olhei para ele sem graça e disse:

- Obrigado.

Ele percebeu que eu estava com vergonha .

- Não se preocupe não sou gay!

- Isso é ótimo. _ Enfatizei e ele foi conversar com uma das meninas da sala, provavelmente falar sobre o dever de química.

Eu cometi o erro de olhar pro fundo da sala e o olhar de Isabelle Connor se prendeu ao meu, apenas abaixei o meu e dei alguns passos pra frente.

O olhar dela pareceu triste, amedrontado. O meu provavelmente era um olhar robótico sem esperanças, morto.

Agora entendia porque algumas pessoas mudavam tanto após uma decepção. Passei a aula toda calada, mas recebi um convite que outrora deixaria passar, uma das meninas narizinho em pé, acho que era Chloe, me chamou pra ir em uma festinha na casa dela. De acordo com ela os pais viajaram, e ela comprara bebidas e estava cheia de aperitivos e carne pra assar, começaria as onze. A aula terminava pouco depois das dez. Era uma oportunidade de conhecer alguma companhia, distrair, ou até mesmo arrumar uma briga como qualquer adolescente normal, certo, um Foster nunca seria normal. Mas aqui estava, procurando sair da mesmice tudo por causa de uma garota. Talvez era o choque eu precisava pra fazer algo diferente, explorar mais, ir alem da área de conforto.

Cheguei em casa mais cedo.

Peguei o meu celular, um Sony muito sofisticado para ocasião. Lentamente digitei o numero de mamãe. Ela atendeu preocupada, a voz cansada, urgente.

O Mundo Dentro Dos Teus OlhosWhere stories live. Discover now