Um Beijo Para Resolver Um Caso Complicado De Outro Beijo!

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          " Meu sorriso tem a proporção de medidas de acordo com a forma que me amas" (Samuel D Mesquita)

Era pra ser um dia comum, porém foi totalmente o oposto do dia anterior em meus problemas com Isabelle Connor. Apesar de todo aquele sentimento depressivo que estava me deixando pra baixo, eu passei a pensar no que ela disse quando pedi desculpas por beijá-la e ela foi direta em perguntar: "Você não queria?"  dando a entender que se eu dissesse que não a queria beijar, eu a magoaria, ela se sentiria mal amada, incapaz. portanto era impossível eu não ter gostado ou não querer beijar aquela garota. Aquele sorriso era sempre um convite para esse pensamento, então parece que dei a resposta certa quando a mesma perguntou se eu queria mesmo por vontade própria tê-la beijado.

Eu tinha acordado de bom humor, e mamãe parece que estava de folga hoje, passou e me estalou um beijo na testa, um gesto raro!

- Bom dia filho.

Eu olhei para baixo e respondi:

-Bom dia mãe.

- Já tem café pronto, vá tomar um pouco.

Na minha família quando se tratava de refeição, era sempre uma fartura. Quase um banquete, em um dia comum me limitava a comer algumas torradas e tomar suco natural, entretanto minha fome estava formidável naquela manhã. Tudo em mim parecia diferente, eu sorria! Minha mãe acostumada em ver que eu sempre estava de mal humor pelas manhãs comentou sobre isso.

- Randall, viu passarinho verde? por acaso andas apaixonado?

Enna Foster era uma mulher incrível, mas tinha um erro como mulher, não tinha uma vida muito voltada para a convivência familiar, entretanto era assim que eu via minha mãe. Ela parecia mais jovial aquela manhã, os cabelos loiros cacheados preso na altura do pescoço por uma simples fitinha deu a ela uma graça diferente, como se a naturalidade dela ao andar por aquela casa fosse tão irreal como uma pena flutuando em Marte. Eu tinha uma mãe surreal, mas confesso que ela perdia metade disso quando abria a boca, isso lá é coisa de se perguntar logo cedo? "Está apaixonado filho?", talvez eu merecesse, sabe-se o que já aprontei de tão errado para estar pagando os pecados daquela forma. Sorri e respondi convicto!

- Jamais, imagina!

Mães e seus instintos aguçados, medonho. Parecem sempre saber seus erros, e seus segredos, e quando não sabem fingem que sabem e descobrem! Essas são as mães, segredos não existem pra elas, o mundo conspira para mostrar a elas toda a verdade que suas crias insistem em esconder. Mamãe era falha na função de mãe presente, mas eu não ligava, gostava de me sentir livre, sem pressão. O que nunca me impediu de ser um filho exemplar, minha mãe nunca precisou comparecer a diretoria da escola que eu frequentava por ter dado facadas em alguém ou ter sido expulso por cortar o cabelo de uma colega de turma, então tecnicamente eu era um exemplo no quesito de comportamento escolar.

- Mãe, cadê o pai?

-Trabalhando como sempre, meu filho... Final de semana ele está de volta.

Outro familiar bem voltado para o trabalho. Talvez não seria o tipo de líder familiar que eu queria ser.  Já que interpretava  como um comportamento falho, parece alguém fugindo dos seus problemas familiares. Mas, não achava que era o caso do meu pai.

Enna Foster passou o resto da tarde ouvindo músicas bregas, sobre amor não correspondido. Será que ela era do tipo romântica? Eu não saberia afirmar com certeza, uma coisa que minha mãe era, com certeza, uma caixinha de surpresas. Única certeza que eu tinha era que ela era minha mãe, de resto podia esperar qualquer coisa dela. 

A tarde foi ganhando a noite e eu cantarolava uma canção triste debaixo do chuveiro. A água quente fazia o vapor sair lentamente do meu corpo. Era lindo, estava ansioso, veria a garota que era a onda de choque do meu coração. Eu sorria, e temia não conseguir puxar um assunto, mas eu deixei em minha mente que eu deixaria ser natural. Eu queria beijá-la outra vez, meu coração saltitava com essa ideia, tudo que eu mais queria era um beijo sem culpa, correspondido, uma jura de amor e o sorriso dela prometendo que eu era quem ela amava, contudo por algum motivo, isso parecia tão distante, tão irreal, pura utopia. Lembrei da vez que ela abraçou no meio de uma conversa, quando éramos mais novos, e ela perguntava quem era a garota mais bonita da escola, e com toda sinceridade que eu tinha eu dissera que era ela, foi a recompensa que eu precisava. Guardei com carinho na memória, o abraço do anjo mais protetor!

Cheguei a escola eufórico, e meio tímido como se estivesse claro minhas intenções naquele lugar. 

A aula transcorreu normalmente, chegou o horário de Edução Física e eu a vi fugir das atividades que envolvia esforço físico e ir em direção a biblioteca, era como se fosse o porto seguro da Isa, Vi ali minha oportunidade.

Aproximei lentamente, ela sentada em uma mesa de costas para a porta, segurando um livro pardo, não me viu chegando, fiz a volta na mesa e sentei em uma cadeira de fronte a que ela se postava. Ela ouviu o barulho da cadeira sendo deslocada e logo olhou em minha direção com um olhar de surpresa, e parecia um olhar suave. Sinceramente esperava outro olhar daqueles que provavelmente ela daria por se sentir irritada pela invasão a seu lugar de paz e interrupção da sua leitura. Entretanto ela sorriu de lado, e fingiu não estar surpresa.

- Está mesmo disposto a levar a sério a volta dos velhos tempos?

Eu gargalhei, ela era atrevida.

- Claro, só que pretendo criar momentos melhores que aqueles.

Ela fechou o livro, manchado e velho, cor desbotada e olhou pra mim.

- E como pretende conseguir?

Olhei dentro dos seus olhos e Isa não fez questão de desviar o olhar, interrompi o sorriso que ainda estava no meu rosto.

- Te conquistando...

Ela pareceu corar, e eu me mantive firme, ela porém gostou da atitude e sentou na cadeira do lado da minha, e me olhando com o olhar vago declarou:

- Quero mesmo vê-lo tentar...

Eu não sei qual foi minha reação mais me aproximei e a abracei, ela suspirou e se deixou envolver, folguei o abraço e colei meu rosto no dela, e sussurei tremendo e com medo:

- Sempre te amei, e ainda a amo.

Os olhos dela estavam fechados, os lábios entreabertos. E a beijei, de novo? Sim. De novo, era diferente dessa vez. E ela retribuiu na mesma intensidade minha cabeça girava, o coração batia acelerado. Nossa sincronia parecia única naquele momento, até que alguém pigarreou limpando a garganta, e nos separamos rapidamente assustados, era a bibliotecária.

Puxei-a pela mão, e ela deixou-se levar e veio sorrindo enquanto me dava a mão, os dedos mais graciosos e leves, uma mão de princesinha.

- Venha comigo! __ Sussurei enquanto via o cabelo dela esvoaçante tão negro balançando como se fosse em câmera lenta, seu sorriso vergonhoso e os olhos anuviados como se tivesse saído de um sonho, as bochechas rubras pela timidez, ainda correndo pedi desculpas a bibliotecaria, não sabia o que podia passar pela mente dela, até onde sabia era proibido beijar alguém dentro da biblioteca, mas isso era a menor das preocupações pra mim naquele momento, não havia sequer preocupação. Isa estava ali, segurando minha mão, isa permitiu nosso beijo e sorria pra mim, estava tudo bem.

Corremos assim com as mãos dadas até a parte de trás da escola, e ela pediu para que eu parasse, ela de cabeça baixa, fez um gesto para que eu me aproximasse. Eu incerto dei um passo na sua direção, ela disse:

- Randall, eu também o amo. Me abraça.

Ela não precisou pedir uma segunda vez. A abracei e dei múltiplos beijos em seu rosto angelical, girei ela no ar segurando pela cintura, brincamos de cavalinho, e ela até resolveu me derrubar na grama, eu parecia sonhar acordado.

O Mundo Dentro Dos Teus OlhosWhere stories live. Discover now