Capítulo 1

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Atlântida, 4325 a.C.

A penumbra prejudicava seu trabalho, mas mesmo assim o sacerdote persistia.

A chama da vela já não era tão forte e havia passado da hora de encerrar os trabalhos do dia, porém não pararia agora. Não faltando tão pouco.

Apenas mais algumas linhas e o seu livro estaria pronto. Já podia ouvir a multidão se aglomerando às portas do Templo junto com o barulho das ondas batendo ferozmente nas rochas que margeavam a ilha.

Luaror terminou a última linha com sua escrita rebuscada. Aguardou alguns segundos para que a tinta secasse nas folhas do livro. Soprou levemente as linhas tão caprichosamente desenhadas.

Só mais um detalhe e estaria terminado.

Levantou-se com calma, apesar da tragédia iminente. Ouviu o farfalhar de suas vestes e percebeu o brilho de seus braceletes de ouro refletindo a fraca chama que iluminava o aposento. Sobre as prateleiras abarrotadas de seu escritório de trabalho, buscou um pergaminho antigo que ele havia estudado anos atrás. Abriu na folha demarcada.

Suspirou profundamente. Pousou a obra ao lado de seu livro, sentou-se pegando os finos bastões de madeira que usava para escrever. Mergulhando-os em tinta vermelha, fez uma cópia fiel do estranho desenho que ilustrava a página. Lembrou o quanto aquele simples desenho estava relacionado com a tragédia que sua terra vivera e que havia conduzido-os àquele momento.

Ao cabo de alguns minutos, estava terminado. O sacerdote aguardou a secagem e fechou o pesado volume.

Estava acabado.

Agora deveria apenas levá-lo para seu amigo Tuthimós do Egito, e tudo estaria encerrado.

O transporte mágico não poderia ser utilizado naquele caso, pois o volume era muito grande. Havia servido para enviar o cilindro, porém não serviria mais para esse propósito. Seria, portanto, enviado naquela noite nos barcos que partiriam de Atlântida.

Colocou o volume junto às coisas e saiu de seus aposentos no subsolo do Templo. Viria buscá-lo mais tarde.

Chegou até o grande salão, vazio àquela hora, e ouviu a turba do lado de fora da majestosa construção. Abrindo as portas do Templo, viu a realidade frente aos seus olhos.

O fim estava próximo.


O Templo da Magia (Reinos em Guerra - Livro 1)Where stories live. Discover now