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— Então é isso, querida? Você tem realmente certeza?

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— Então é isso, querida? Você tem realmente certeza?

A mãe de Maya perguntou à garota pela quarta vez, parada frente a porta de seu quarto. A cabeça encostada na madeira recém pintada de branco, os braços cruzados e expressão um tanto tristonha.

Maya sabia que a mulher sentia bastante vontade de chorar no momento. Seus olhos castanhos claro, meio âmbar, marejados sempre tão expressivos. E lógico que era compreensível, afinal de contas, sua única filha estava partindo.

— Sim,  mamãe, é isso — ela tentou sorrir.

— Mas tem certeza, minha filha? Certeza absoluta?

A  jovem suspirou, inquieta, porém não impaciente.

Desde que tomou aquela decisão, após receber a notícia que tinha sido aceita com bolsa de 100% em uma das melhores Universidades da Califórnia então contou para a mãe, a mulher não aprovou muita a ideia.

Para a Sra. Morris, que não era nada a favor de mudanças muito radicais, aquilo era uma "loucura total".

E, em tese, Mabel até concordava.

Sair do Japão em busca de seus sonhos nos Estados Unidos ia muito além das suas expectativas. Parecia algo tão impossível. Tão distante de seu alcance, quando parava para pensar.

Entretanto, era real. Maya tinha consigo. E iria atrás de seu sonho.

Ela não queria viver inerte para sempre. Parada em uma cidade rural e pacata, sempre na mesmice, pelo resto de sua vida. Maya queria movimento, grandes mudanças, aventuras. 

Tinha dado tudo de si por tantos anos. Tinha estudado, trabalhado, juntado um bom dinheiro, somente para esse dia. E não iria parar somente porque sua mãe achava que ter objetivos grandes demais para uma garota jovem era um tanto perigoso. Que se dane, precisava tentar.

As coisas estavam dando certo até agora e Maya já era uma garota adulta, tinha autoridade o suficiente para tomar decisões sozinhas. Para viver sua própria realidade, seu futuro, todos os sonhos. E ela queria isso.

— A State University é uma boa universidade, mamãe. Não se preocupe tanto com isso, ou irá ficar com rugas antes da idade — falou para mãe, tentando acalmá-la.

Ainda se lembrava de quando começou a pesquisar  o mais novo início de sua jornada. Inicialmente, sonhava em ir para França, mas desistiu no meio do percurso pois aprender uma língua nova, assim tão rápido, parecia uma missão impossível demais para si. Diferente do inglês, que era sua segunda língua materna, por conta de seu pai, que veio dos Estados Unidos trabalhar em um dos Centros de Tecnologia Japonesa.

Maya não conhecia muito da vida do pai em sua terra natal, e isso gerou curiosidade. Até que um dia perguntou à mãe em qual local exato ele nasceu, e ela respondeu, distraída: Califórnia.

E quando começou a pesquisar, dia após dia, incansavelmente, e encontrou um belo campus em Fresno, decidiu investir. Não se arrependia nenhum pouquinho.

Fugir de sua própria cidade natal e investir em outro local renomado era algo digno. Maya sabia que não teria outra chance como essa nunca mais. Uma bolsa de estudos. Uma maldita bolsa de estudos de 100%.

Nem mesmo se implorasse as piores criaturas existentes nessa terra, acreditaria que elas iriam ceder a tal pedido. Era agora ou nunca.

— Mas existem tantas outras universidades boas por aqui também, querida. Se ficar, poderia conhecer mais sobre elas. Talvez goste de uma em específico e...

— Mamãe — Maya interrompeu a mãe, fechando a mala  e continuando a frase com suavidade, pois não queria soar rude: — A senhora precisa me deixar ir.

— Minha filha... Desculpe.

— Já tomei minha decisão.

— Eu sei...

— Então, poderia ficar feliz por mim?

— Estou feliz por você. Mas também tenho medo.

— Vai ficar tudo bem, esqueceu de quem eu sou filha?

Sua mãe sorriu, ainda com certeza tristeza. Então Maya levantou da cama, pondo a mala no chão, saindo do quarto. A mulher também foi atrás. Deixar Maya ir embora não era um pedido simples simples.

"Por favor, não vá. Fique aqui em Osaka. Fique aqui comigo".

Tinha ouvido tanto essa frase esses dias. Mas nunca mudou de ideia, pois o corpo da jovem se arrepiava apenas com a possibilidade de desistir. E talvez fosse um puta egoísmo de sua parte, mas sabia que iria se arrepender e não seguisse em frente.

Precisava voar. Parar de esperar que sua mãe estivesse sempre por perto para lhe proteger de toda maldade, mesmo que isso também incluísse algumas de suas chantagens.

— Sabe que tem tempo para voltar atrás, não é? Pense um pouco mais, Maya. Imagine seu futuro aqui. Um futuro no qual poderia ser uma advogada incrível, ou até mesmo uma médica renomada. Teria estabilidade, teria a calmaria da cidade, amigos conhecidos com forte potencial ao seu lado e tudo isso em sua cidade natal — sua mãe continuou tentando.

— Não preciso cursar algo assim para conhecer pessoas importantes. Não preciso passar minha vida inteira morando aqui. E também, direito ou medicina, não é esse o caminho que eu desejo, mãe — falou, sentindo a tristeza crescer.

— Mas se esforçou tanto para chegar até aqui...

— É por isso que preciso ir. Para continuar dando o meu melhor.

— E deixando sua mãe para trás?

Maya quis dizer que sentia muito, de verdade. Mas manteve as palavras presas na garganta. Estar magoando a única pessoa que sobrou de sua família desde a morte do pai lhe quebrava em mil pedaços. Tinha sido apenas elas duas para tudo. E cortar laços desta forma soava cruel demais.

— Sei o que está fazendo, mamãe. Sei que tem medo por mim.  Que deseja me proteger mais que qualquer outra coisa nesse mundo e me sinto tão grata por isso. Deve ser assustador ver sua filha partindo dessa forma, mas não é um adeus — Maya segurou as mãos da mãe, apertando-a levemente. — Eu te amo, mãe. Com todas as minhas forças. Com todo o meu coração. E vou sentir saudades. Prometo que irei ligar todos os finais de semana, também irei mandar mensagem, mas agora, preciso ir.

— Cinco anos... — murmurou a mulher, quando as lágrimas finalmente desceram pelos olhos. — É tanto tempo... como vou ficar sem você durante essa eternidade?

— Pode me ligar sempre que sentir saudades. Eu irei atender, e farei questão de contar todas as novidades.

— Você promete?

— Prometo, dona Morris — Maya sorriu. — Amo você.

Tentando retribuir o sorriso da menina, a mãe de Maya apertou a mão da garota de e acenou com a cabeça fracamente.

Maya desejou dar um forte abraço na mulher, mas tal atitude faria ela cair em choros. Por isso, começou a caminhar rumo à saída, evitando suas próprias lágrimas também.

Às vezes, na vida, precisávamos agir como vilões para conseguir tal felicidade. Ela só desejava que tudo isso valesse a pena.

— Também amo você, minha querida — sua mãe finalmente disse de volta, vendo-a atravessar a porta.

Uma nova vida. Um novo recomeço.

Era agora ou nunca.

Enemies ❄ GOT7Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz