Capítulo sete

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O domingo passa rápido demais. Não deixo os pensamentos tomarem conta de mim, e tento não pensar muito sobre a noite de sábado. Resumo o meu domingo comendo comida congelada (nada saudável, eu sei. Eu compenso isso durante a semana), assistindo filmes e ouvindo músicas agitadas no meu iPod. Carla me manda mensagens querendo saber se eu gostei da noite anterior e dizendo como foi bom ter ido para a balada. E adiciona muito animada que beijou o Vizinho a noite toda. Pergunto se eles dormiram juntos e ela diz que não. Que estavam muito bêbados e ele a deixou em casa e nem tentou nada, mas que ela acha que vai rolar algo mais. Sinto uma pontada de inveja de Carla, por ter um homem tão bonito e interessante quanto o Vizinho que está interessado nela. Isso é um privilégio. Eu também deveria me interessar por alguém, mas eu sou uma pessoa desapegada. Não tenho necessidade de ter uma pessoa para dividir a cama. Não qualquer pessoa. Pego-me suspirando e pensando naqueles olhos escuros e redondos olhando para mim. Afasto o pensamento. Se eu vou conviver com Henri, então vai ter que ser inteiramente como amigos. Começando pelos pensamentos. Nada mais de olhá-lo como um cara interessante, bonito, charmoso, forte, inteligente e mil outras características que o meu cérebro atribui à ele. Olho no relógio do meu celular e já é quase meia-noite. Arrumo minhas coisas para o dia seguinte, coloco uma música relaxante no meu iPod (não posso me arriscar a deitar com a cabeça vazia e ficar o tempo todo pensando nele) e me deito, confortavelmente.

Levanto-me às sete da manhã, um pouco antes do meu despertador tocar, mas estou pronto para começar mais uma semana. Penso rapidamente nos projetos que deixei pendente na sexta-feira passada enquanto tomo um banho quente, escutando uma música animada no dock do meu iPod. Saio enrolado na toalha e paro na frente do espelho. Quase tomo um susto quando me vejo. Fazia tanto tempo que não me reparava. Estou muito mais forte do que quando entrei na academia. Faço umas poses na frente do espelho e sorrio com isso. Que ótimo, estou de bom humor hoje. Visto uma calça jeans escura, coloco minha polo branca de uniforme e acabo de me arrumar ao som de Maroon 5. Tomo um café da manhã reforçado com pão integral e ricota, pego minha bolsa de treino que eu já levo para o trabalho e saio de casa.

O dia na empresa passa devagar, mas eu consigo terminar todas as tarefas delegadas ao eficiente estagiário que sou. Almoço em um restaurante muito bom e barato que fica quase em frente ao prédio. Às cinco da tarde eu bato meu ponto e entro no banheiro da minha sala para me arrumar. Ao terminar me olho no espelho e reflito se quero mesmo ir no mesmo horário de sempre para a academia. Talvez fosse melhor se eu chegasse mais tarde ou se eu nem fosse durante pelo menos uma semana. Mas afasto o pensamento. O meu projeto verão é muito mais importante do que qualquer interferência externa (lê-se Henri, o piloto).

Entro na academia com a melhor animação que consigo juntar e já encontro Carla toda animada cantando baixinho na recepção. Quando me vê abre um sorrisão, que me assusta.

– Boa noite, P.O.zinho! – P.O.zinho? Essa é nova.

– Boa noite, linda! Como foi o resto do final de semana?

– Ah, fiquei na cama o dia todo, assistindo seriado. Sabe como é o domingo, né?

– Claro. – Concordo, sorrindo – Eu fiz a mesma coisa.

Passo pela catraca da academia, usando a minha digital e logo já estou do lado de dentro.

– Ah, P.O.! – Carla adiciona. – Henri está aí. Já perguntou por você duas vezes. Disse que combinou de treinarem juntos hoje.

Ai meu Deus. Era o que eu temia. Eu sabia que deveria ter vindo mais tarde possível, mas agora é tarde demais para me arrepender. Vou ter que ficar perto dele o tempo todo. Mas não é isso que os amigos fazem?– Meu cérebro pergunta – É isso mesmo. Dessa vez eu concordo com ele.

Piloto (Amor sem limites #1)Where stories live. Discover now