Pés Descalços - Epílogo

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"Fomos destinados a ficar juntos. O Destino pode ferir alguém, assim como pode abençoá-lo".

- Nicholas Sparks

"Como um furacão, eu tomo isso de forma muito lenta. O mundo está girando como uma gaiteira. Frágil e composto. Estou quebrando novamente, estou com dor agora para deixar você entrar".

- Hurricane (Fleurie)

CINCO ANOS DEPOIS

Finalmente adentrei a avenida movimentada, o tráfego começava a ficar lento demais ao ponto de só conseguir andar alguns poucos metros e depois parar novamente. Um policial acenava para pegar um desvio, pois um carro havia batido em um poste de luz após ter passado por cima de um hidrante, isso explicava toda aquela água que encharcava a rua. Felizmente o poste não caíra com o impacto.

Olhei para o banco de trás pelo retrovisor para saber se tudo estava bem até então.

Virei minha cabeça alguns centímetros e me dei conta de que estava de volta, do meu lado direito eu via as ondas que se debatiam, hoje elas estavam parcialmente calmas. Tudo continuava estranhamente do mesmo jeito, quase nada havia mudado; apenas algumas lojas haviam modificado suas fachadas, alguns estabelecimentos receberam uma nova cor em suas paredes. A lojinha de pranchas havia crescido e se tornado uma grande companhia, recebera até mesmo um estacionamento subterrâneo.

Parei o carro novamente quando o sinal ficara vermelho, alguns pedestres cruzaram a faixa para o outro lado, eles pareciam ser turistas vindos de uma parte mais afastada do país, onde não havia litoral. Eles usavam roupas de banho apesar de o clima não estar quente o suficiente para um mergulho na praia. Isso me fez refletir que as coisas que às vezes não damos muito valor podem significar muito para outras pessoas, afinal algumas das cidades em que eu vivera com minha mãe eram litorâneas, eu não ligava muito para praias, na maioria das vezes eu preferia ficar pelos centros sem contato direto com a areia, pois eu odiava areia.

Eu havia mudado desde que eu fui embora para Chicago, eu não usava muitos jeans rasgados como antes, mas eu ainda mantinha minha paixão pelo skate, então aos fins de semana eu ia para as pistas de skate e ficava lá quase o dia inteiro. Eu também não abandonara a bicicleta, só não a usava com muita frequência, depois de um tempo eu tive que trocá-la pelo carro.

Eu sabia que Chicago mudaria minha vida, eu começara a fazer o curso de fotografia e me tornara um dos melhores da turma. Com o tempo eu já estava sendo contratado por grandes jornais e revistas.

Os primeiros meses que eu ficara longe de Caleb foram os piores, mas Lana me convencera de que eu precisava viver um pouco, eu precisava desapegar dos meus sentimentos. Como se fosse fácil. Com um ano que eu estava lá, eu estava sentado no meu quarto com uma enorme vontade de pegar o telefone e ligar para ele, mas então eu disse a mim mesmo que eu conseguiria resistir, que eu era forte.

E eu fui forte.

Caleb fizera a cirurgia semanas depois de chegar ao Japão.

Ele já não era mais um garoto cego.

Minha mãe me ligava constantemente para falar como as coisas estavam indo, ela disse que Caleb estava enxergando até melhor que ela, que sua cirurgia fora um sucesso, que ele não tivera sequelas. Eu estava feliz por ele, eu queria poder falar com ele, ligar com a desculpa de que eu o estava parabenizando pela conquista, mas eu sabia que se eu ouvisse sua voz, eu faria de tudo para ir até onde ele estava. E eu fui forte, apesar de já ter discado seu número no celular e estar prestes a pressionar o botão de chamada.

Olhos AzuisWhere stories live. Discover now