Capítulo 7

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Seguro as rédeas com firmeza e me preparo. Dou uma breve olhada para o meu parceiro, ele parecia tenso, o que era aceitável, devido às circunstâncias. Logo após a reunião com o Gaspar, decidi que estava na hora de cobrar aquele favor que o meu amigo me devia. Dessa vez, era diferente. Havíamos apostado que, o perdedor terá que pular no lago complemente nu.

– Ben... – Ouço sua voz aflita – Quer mesmo fazer isso?

– Está com medo, meu amigo? – Levanto minhas sobrancelhas e sorrio.

– Não é medo. – Ele retruca – A questão é que sabemos que você é muito melhor que eu.

– Ian, você só não é melhor que eu, porque não quer. – Dou de ombros – Vamos correr e depois da corrida, decidimos o que realmente fazer.

– Está bem.

Ele responde, tirando metade da tensão de seus ombros. Me viro novamente e me concentro na estrada à minha frente. O trajeto será o mesmo de sempre. Não tem como errar.

– Vamos lá, amigão. – Incentivo o Trovão, que por incrível que pareça, estava mais agitado que o normal.

– Um, dois, três e... – Começo a contagem – Já!

Cutuco o trovão com a minha bota e sem pestanejar, o animal dispara em alta velocidade pela estrada de terra e mais uma vez, aquela sensação de poder me invade. O ar fresco em meu rosto, fazia com que eu me sentisse nas nuvens.

– Assim não vale! – Ouço a voz do meu amigo, levemente alterada.

– Corra mais! – Grito de volta.

Seguro com mais firmeza nas rédeas e sigo convicto até a linha de chegada. Eu estava pronto para ultrapassar e comemorar com vigor a minha vitória, mas algo me distraiu. Melhor dizendo, um pedido de socorro me fez parar de cavalgar. Fico em silêncio absoluto tentando identificar de onde vinha os gritos de socorro.

– Você está ouvindo? – Pergunto ao Ian.

– Sim. Parece que alguém está em perigo. – Ele responde.

– Acho melhor procurarmos. – Digo e dou partida, cavalgando em direção aos gritos.

Conforme nos aproximavamos da floresta, os gritos ficavam cada vez mais altos. Tento ir o mais rápido possível, mas ao chegar em um certo ponto, os gritos não eram mais audíveis. Eles haviam parado.

– De onde estavam vindo esses gritos? – Ian sussurra ao meu lado. Sua voz emitia um tom de agonia – Não é possível que tenham sumido tão repentinamente.

– Concordo com você. – Digo e continuo a procurar por algo. – Vamos continuar procurando. Não devem estar muito longe.

Continuo a vasculhar cada pedaço daquela floresta, mas ao contrário do que eu esperava, tudo parecia tranquilo. Após um tempo procurando, me sinto totalmente inútil. Alguém estava em perigo e eu não era capaz de encontrar.

– Quer ir embora? – Ian pergunta e eu nego.

– Falta um último lugar. – Digo, ao me lembrar do lugar onde meus pais sempre iam. A tão idolatrada cachoeira.

– Então vamos.

Assinto e cavalgo em direção ao local. Aquele era o único lugar em que não havíamos procurado ainda, e eu espero que quem quer que seja essa pessoa em perigo, que ela esteja bem e viva.

– Você é uma garota tão ingênua. É uma pena que esteja tão machucada. – Ouço uma voz masculina soar bem alto.

Desço do cavalo e retiro minha espada de dentro do colete. A voz estava perto e eu só precisava pegá-lo desprevenido. Me aproximo vagarosamente do homem, ele parecia estar se divertindo com aquela garota, mas ao notar gotas de sangue no gramado, um sentimento de raiva me domina. Tomo coragem e o acerto na cabeça com a parte contrária a da lâmina. Ele fica zonzo e cai sobre a grama.

O Herdeiro Where stories live. Discover now