Capítulo 10

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Uma vidente. Uma praga. Um novo concorrente ao trono. Uma garota desconhecida. Tudo isso em menos de uma semana. Não consigo raciocinar direito desde que meu pai saiu da sala para chamar minha mãe. Ele estava tenso desde o recado do guarda e eu não o culpava, mas algo me dizia que ele sabia mais do que eu. Ouço murmúrios vindo do corredor. Me levanto e me aproximo da porta entreaberta, logo percebo que as vozes pertenciam aos dois guardas que há pouco estavam na sala de reuniões com suas expressões confusas e repletas de medo. Medo do desconhecido.

– Você viu o estado daquela mulher? – Perguntou um dos guardas – A pele dela estava horrível.

– Mas é claro que eu vi. – O outro responde – O que será que aconteceu naquela aldeia? Creio que não deva ter sido nada agradável. Soube  por alguns guardas que houve muitas mortes e todas estavam no mesmo estado daquela mulher.

Não compreendo como teve tantas mortes sem que o palácio soubesse. Meu pai está demorando e eu não posso ficar parado enquanto pessoas morrem. Abro a porta e passo pelos guardas sem dizer uma palavra. Qualquer que tenha sido o motivo das mortes, eu não desejo que retorne.

– Benjamin – Ouço uma voz um tanto familiar – Preciso que me leve para a aldeia.

Me viro e me deparo com a Mirella no pé da escada. Ela vestia uma camisola longa, de cor branca. A peça de roupa era transparente o bastante para que eu pudesse enxergar todas as suas curvas. Desvio o olhar no exato momento em que sinto minhas bochechas queimarem.

– Senhorita Cooper – Limpo a garganta – o que faz fora da cama?

Me sinto aliviado ao perceber que ela não havia notado meu olhar sobre seu corpo.

– Sinto muito, mas eu precisava lhe encontrar. – Ela termina de descer os últimos degraus – Estão todos comentando sobre a possível matança que ocorreu ou está ocorrendo na aldeia. Minha mãe e minha irmã estão lá. Eu preciso ajudá-las.

– No momento, a única coisa que eu sei é que está acontecendo alguma confusão na vila. Peço desculpas pelos boatos que a senhorita ouviu, mas creio que a situação não possa ser resolvida tão facilmente.

– Eu preciso ir até a vila, por favor. – O medo estava nítido em seus olhos, tão nítido que meu coração chega a doer.

– Não posso lhe prometer nada. – Coloco as mãos no bolso – Mas tentarei resgatar sua mãe e irmã em segurança. Pode confiar em mim?

Ela me encara, antes de responder:

– Posso.

– Obrigada, agora, eu acho melhor a senhorita voltar para a cama. – aponto para os curativos em seu rosto – Ainda não está totalmente boa.

– Você está certo. – Ela estranhamente concorda comigo – Vou subir e me deitar. Com a sua licença vossa alteza. – Ela sorrir, antes de se virar e subir pelos degraus.

Mirella é diferente de tudo que eu já conheci. Ela tem algo que eu nunca vou ter. A liberdade de fazer o que bem entender sem ter que pensar em milhares de pessoas primeiro.

– Filho, precisamos conversar. Agora mesmo. – Me viro ao ouvir a voz aflita da minha mãe.

– Está tudo bem? – Pergunto, mesmo que por uma questão de percepção, eu soubesse que nada estava bem.

– Nada está bem. – Dessa vez, meu pai que responde – Podemos conversar um instante?

– Sim, claro.

Acompanho os dois em silêncio até a sala de reuniões. Os murmúrios pareciam cada vez maiores. Seja lá qual for o motivo, não deve ser nada bom, levanto em conta as expressões nos rostos dos meus pais.

O Herdeiro Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang