Capítulo 11

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Enquanto cavalgo em direção à aldeia, sinto a adrenalina pulsando em minhas veias. Meu coração batia acelerado em meu peito e minha respiração estava desregulada. Ficar nesse estado nunca foi um problema pra mim, já que era uma característica comum enquanto eu cavalgava em cima do trovão, no entanto, a situação era completamente diferente.

– É melhor não chegarmos na aldeia cavalgando nessa velocidade. – Diz Ian – Não sabemos o que está, de fato, acontecendo.

– Tudo bem. – Diminuo o ritmo das cavalgadas assim que entramos na aldeia.

A princípio, tudo parecia normal. Casas simples, variáveis plantações e comércios em todos os cantos, mas aos poucos, o cenário começa a mudar. Seguro as rédeas com firmeza e paro na parte lateral da aldeia, próximo ao mercado camponês. Meus olhos percorrem todo o local com muita cautela e a primeira coisa que eu reparo é a enorme fogueira que se localizava no centro da aldeia. Poderia ser uma fogueira qualquer, se não fosse pelos corpos sem vida que se encontravam próximos à fogueira. O clima era desagradável, as pessoas corriam de um lado para o outro, enquanto outras choravam pelos seus familiares. Nunca vi nada mais triste que isso.

– Ben, como vamos encontrar a Mirella? – Ian pergunta repentinamente.

– Ela não deve estar longe. – Olho ao redor procurando por qualquer sinal dela. – Tenho certeza que ela não escondeu o Trovão do jeito correto.

– Não? – Ian arqueia as sobrancelhas – Como sabe?

– Ela deveria saber que ele odeia lugares muito fechados. – Digo, ao avistar o mesmo com a cabeça de fora. Cutuco o bichano e vou em direção ao pequeno cubículo em que o Trovão se encontrava.

– Você é muito perfeccionista. – Murmurou Ian logo atrás de mim.

– Não sou perfeccionista. – Desço do cavalo entregando as rédeas para ele e vou até o trovão, alisando seus pelos pretos como o carvão. – Sou um observador nato. – Dou um meio sorriso – Você me deixou preocupado, amigo.

– Sinto muito por atrapalhar o momento do casal – Mesmo de costas, sinto o tom de ironia na voz do Ian – Temos que ir.

– Você atrapalhou nosso momento – Riu baixo e me viro – Se ele está escondido aqui, ela só pode estar dentro desta casa.

Digo e aponto para casa ao lado. Era uma casa simples, mas bonita.

– Então vamos lá. – Assinto e me aproximo da porta – Senhorita Cooper? – Chamo por ela e estranho ao ver a porta entreaberta.

– Mirella! – Entro na casa e observo o local com cautela. A princípio, tudo parecia intacto e o silêncio era ensurdecedor.

– Vou olhar nos quartos. – Ian me informa, antes de se virar e entrar na primeira porta à sua frente.

Assim que me encontro sozinho, começo a procurar pistas. Qualquer coisa poderia ser útil. Não consigo parar de pensar na Mirella pequena, correndo pela casa, com os seus cabelos louros soltos e seu sorriso encantador. Deve ter sido difícil quando seu pai veio a falecer, e ela descobriu que ela não poderia ser apenas a irmã mais velha ou a primogênita, que ela teria de ser alguém responsável para ajudar sua mãe a cuidar da casa e de sua irmã.

– O que você está fazendo aqui? – Ouço uma voz rouca e fraca logo atrás mim, me viro e solto um suspiro de alívio. Ela parecia bem, aparentemente.

– Você saiu sem me avisar... – Ela parecia exausta – E também pegou o meu cavalo e eu estava preocupado com a senhorita.

– Para de me chamar assim. – Ela bufa, passando seu pulso em sua testa – Não sou uma senhorita. Sou uma camponesa e a alteza não deveria ter vindo. Esse lugar está um verdadeiro caos.

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