Um segredo revelado

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— O nome dele era Joseph - ela disse antes de cair no choro novamente

Ver minha mãe naquela situação, tão frágil e assustada, como nunca antes eu a vi, me partia o coração. Mas eu precisava saber mais, uma vida inteira de segredos já foi o bastante e agora a vida dela depende disso. Passei a mão em seu rosto, secando as suas lágrimas.

— Diaval me disse que esse... segredo - olhei para ele, antes de voltar a atenção para ela novamente - essa história, ou o que quer que seja, pode ajudar no julgamento, pode ser a única coisa que vai te salvar e...

— Não! - ela me interrompeu com a voz firme - Eu não vou ficar aqui o suficiente para esse julgamento

— Vai fugir? É isso que vai fazer?! - eu disse me levantando

Malévola olhou para mim com surpresa, depois direcionou o olhar para Diaval.

— É, foi ele quem me contou - eu falei - como eu já disse, ele tá me ajudando

— Seu...

Malévola tentou avançar nele novamente, mas dessa vez eu fui mais rápida, entrando na frente dela primeiro. Na hora senti meus olhos ficarem verdes e vi os dela também ficarem, o meu poder começou a se mover mais rapidamente dentro de mim, eu sabia o que ela queria fazer, passei minha vida inteira nessa brincadeira, mas agora era diferente.

Forcei meu poder para que se concentrasse, senti meus olhos ficarem mais e mais verdes, podia sentir o sangue fervendo, até que o brilho dos dela começou a ficar mais fraco e até falhar, voltando para o tom natural.

— Eu não tenho mais cinco anos - disse por fim, sentindo os meus olhos também voltarem ao normal - e não pense que essa história de fuga dará certo, farei tudo que for preciso para mante-la aqui dentro

— Está contra mim agora?

— Pelo contrário, faço isso pelo seu próprio bem - eu disse em um tom firme - agora me diga, quem era esse Joseph

Vi o semblante dela passar de sério para emocionalmente abalado em segundos. Droga, essa história realmente mexe com ela, mas não adianta, dessa vez ela não vai fazer o que quer. Malévola respirou fundo e sentou-se novamente no banco, seus olhos marejaram e ela me chamou com a mão, para que eu me aproximasse.

Ajoelhei aos seus pés novamente, exatamente como quando eu era pequena, claro que em circunstâncias bem diferentes, mas me remeteu à época. Malévola os dedos pelo rosto delicadamente, desde a minha testa até o meu queixo. Ela deu um pequeno sorriso antes de fazer um leve movimento na mão e lançar uma fumaça verde em minha direção.

Eu fechei os olhos e tentei me proteger. Ela seria capaz de me machucar? Mas eu não senti nenhuma dor e, quando abri os olhos novamente, o que vi foi bem diferente. Era como se eu tivesse feito o feitiço que me levou até Auradon novamente, com a diferença de que eu não tinha dito uma palavra.

A primeira diferença que senti foi no olfato, uma brisa fria, porém aconchegante, invadiu meus pulmões, um cheiro forte de natureza. Quando abri meus olhos, pude observar que meus pés tocavam uma grama verde escura e espessa, olhei ao redor e me vi rodeada de arbustos e pequenas árvores.

O sol estava forte e me aquecia ao mesmo tempo que iluminava o local estranhamente deserto, parecia que estava dentro de uma floresta. Até que o silêncio foi cortado por um barulho de ao longe, folhas secas e gravetos sendo esmagados, alguém se aproximava. Tentei ver quem era, forçando a vista o mais longe que conseguia, mas eu só ouvia o barulho, se aproximando mais e mais.

Quando eu já estava ficando um pouco nervosa, me vendo encurralada por lago que não conseguia enxergar, o barulho simplesmente parou. Mas antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, um riso de criança ecoou por todo o lugar, quando me virei, encontrei um menino a minha frente, me encarando.

Two Worlds - Dois MundosTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon