O Julgamento - Parte 1 (OPAM)

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** Pensamentos da Princesa Isabel **

Agui puxava minha mão com entusiasmo, me arrastando pelo gramado leste do campus. Nós já estávamos bem longe da escola e estava de noite, a lua já começava a aparecer no céu estrelado, então tive que inventar uma desculpa para fugir dali e salvar minha vida.

- Olha Agui... já tá bem tarde e minha mãe disse que ia ligar para o telefone do dormitório, então eu acho que vou indo. Boa...

- Isabel - ele finalmente parou de andar - nós já chegamos

Olhei ao redor e não havia nada além de grama e uma enorme árvore - que parecia ser bem antiga - nenhum banheiro ou quadra, não tinha certeza sequer se aquilo ainda fazia parte da escola. Eu sabia que devia ter seguido as normas de segurança e não ter aceito ir até ali com um completo desconhecido.

- Que legal - fingi entusiasmo - agora que conheci seus amigos, acho melhor voltar para o dormitório

Me virei para sair correndo dali, mas Agui segurou meu cotovelo, me fazendo virar e encarar seus grandes olhos azuis, que me olhavam confusos. Droga, ele realmente acreditava que aquilo é real, era pior do que o que eu tinha pensado. 

- Espera - ele pediu - não acha que eu tô mentindo pra você, né?

- Não... é claro que não - soltei um riso abafado - mas o que, exatamente, eu deveria estar vendo?

Comecei a desejar que ele não dissesse dragões ou coisa do tipo. Por que o único garoto que resolveu ser meu amigo tinha que ser lunático? Minha mãe tinha razão, a capital é um lugar esquisito e, definitivamente, não é só pelo fato de terem banido a magia, a população daqui também não é muito... normal. 

- Bem, nada - ele respondeu e eu respirei aliviada, por ele não ser louco - pelo menos não ainda

- Ainda?

Agui deu um passo para frente e contemplou a enorme árvore, até aquele momento as coisas continuavam esquisitas e eu me mantinha a uma distância de dois passos. Foi quando ele estendeu as mãos, com as palmas para cima, e fechou os olhos. 

Eu dei um pequeno passo para frente, apenas o suficiente para enxergar o que ele estava fazendo, meus olhos brilhavam de curiosidade. Além de minha mãe, nunca vi nenhuma outra pessoa fazer magia, pelo menos não assim tão de perto. 

As mãos de Agui começaram a ficar mais brancas do que o normal, criando pequenas rachaduras em sua pele, como se ele estivesse... congelando. E acredito que era isso mesmo que estava acontecendo. Até que ele bateu uma palma na outra e, do choque, surgiu uma pequena fumaça azul, tão brilhante que me prendeu no momento que a vi. Era lindo. 

Agui olhou para mim e deu um sorriso, orgulhoso de si. Em seguida ele direcionou a fumaça para frente, atingindo a árvore e banhando-a de magia. E bem ali, onde antes eu acreditava não existir nada, a magia de Agui fez com que as raízes pesadas saíssem do solo, espalhando terra e rasgando a grama. 

Eu dei um passo para trás, perplexa com o que estava acontecendo bem na minha frente. Agui recolheu as mãos, que não estavam mais congeladas, e virou-se para mim com um sorriso. Eu definitivamente não conseguia acreditar naquilo. De baixo das raízes - que continuavam a sair da terra, sem parar - surgiu uma pequena casa, com janelas baixas, que parecia ser feita da própria árvore. 

- Quer entrar? - ele perguntou - E conhecer os meus amigos? 

Fiz positivo com a cabeça, quase que instantaneamente, aquele lugar cheirava a magia, exalava magia em todas as direções, uma das coisas mais linda que eu já vi em toda a minha vida. Só de estar ali perto, já me sentia mais forte, vitalizada e confiante. Sentia meu poder percorrer meu corpo com mais rapidez, me sentia profundamente... viva. Segurei na mão de Agui e ele me levou para a porta. 

Two Worlds - Dois MundosWhere stories live. Discover now