Final - parte 3

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Quando os gêmeos tinham quatro anos e Ben estava em uma viagem de compromissos reais, eu resolvi também sair em uma, só que com um destino diferente. Eu iria deixar as crianças com a babá, mas Evelyn me implorou tanto para ir comigo que eu não consegui dizer não e a levei junto comigo, afinal, estaríamos de volta no fim da tarde mesmo, não seria nada muito cansativo. E pelo contrário, Joseph disse que preferia ficar em casa brincando. Então peguei Ealy no colo e fui até a área de decolagem, que ficava no último andar do castelo. O helicóptero já estava a nossa espera.

Evelyn já era tão acostumada que já sabia exatamente como colocar o sinto quando a sentei no banco ao meu lado, mas é claro que eu sempre me certificava se estava bem preso. Quando finalmente o helicóptero decolou, fiquei me perguntando se havia feito a escolha certa em rever aquele lugar novamente.

Quando finalmente chegamos ao destino, meu coração apertou e ficou bem pequeno, na minha cabeça se passavam diversas lembranças boas e ruins, o que me fez ficar sentada mesmo depois do helicóptero ter pousado. Ao contrário de mim, Ealy tirou o sinto e já foi dando a mãozinha para o co-piloto, que havia aberto a porta, e tentando descer os degraus com a maior delicadeza que conseguia - o que consistia em errar alguns passos e quase cair de cara no chão - o que me fez levantar e me apressar em ajuda-la.

Sempre que chegamos em algum lugar de helicóptero ou avião, sempre há várias pessoas gritando e tentando chegar perto de nós, mas daquela vez não havia ninguém, estava tudo deserto e coberto por uma fina camada de areia

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Sempre que chegamos em algum lugar de helicóptero ou avião, sempre há várias pessoas gritando e tentando chegar perto de nós, mas daquela vez não havia ninguém, estava tudo deserto e coberto por uma fina camada de areia.

- Onde está todo mundo, mamãe? - Evelyn perguntou enquanto olhava para mim com os olhinhos apertados por conta do sol

- Não tem ninguém aqui, meu amor - eu respondi, segurando sua mãozinha - só eu e você

Ealy franziu a testa e começou a andar para mais dentro da Ilha, me puxando junto, enquanto o piloto e o seu ajudante ficaram no helicóptero mesmo, nos dando privacidade. A medida que andava podia reconhecer aquelas ruínas: a escola, o mercado do rato, a pedra orgulhosa, a minha casa... Tudo aquilo me arrepiava e provocava um sentimento ruim dentro de mim. Por que mesmo eu vim até aqui? E porque trouxe Ealy comigo?

Quando finalmente chegamos em frente ao lago de terra batida, cuja água era tão escura e suja que me dava repulsa, Evelyn soltou a seguinte pergunta:

- Aqui é onde você brincava quando era pequena, mamãe? - disse enquanto observava o lago a nossa frente, com os olhinhos franzidos por conta do sol

- Sim - respondi a olhando - era um dos lugares

- Eu posso brincar também?

Tirei a atenção dela e olhei para o lago, a água turva e barrenta ainda parecia a mesma, como se nada tivesse mudado ao longo de todos esses anos. Eu costumava brincar ali quando tinha a idade que Evelyn tem agora, até depois disso, afinal, era um dos poucos cantos nos quais as crianças podiam se divertir.

Two Worlds - Dois MundosWhere stories live. Discover now