•Imagine Cameron Dallas•

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     Eram quatro e meia da manhã, Cameron ainda não havia chegado. Já era décima xícara de café que eu tomava, junto com remédios calmantes. Eu estava realmente preocupada, já era a segunda noite que ele fazia isso, a segunda vez que eu quase morria. Ultimamente ele andará estranho, não nos falamos como antes, nunca mais transamos, nem se quer tomamos café junto. Tudo estava indo estranho, já passou pela minha cabeça que ele possa estar tendo outra, isso era horrível de pensar, queimava meus neurônios por dentro. 

     Ouvi a porta sendo aberta e Cameron apareceu na frente dela. Segurava seu casaco em um dos braços. Seu cabelo estava bagunçado, sua gravata também. Ele entrou sala a dentro e largou suas coisas no sofá. Passou por mim e um cheiro forte de perfume feminino pairou o local. Fechei meus olhos e respirei fundo. 

— Onde estava Cam? — tentei manter a calma. — Por que demorou tanto? 

— Ah, não enche. — sentou no sofá.

— Só estou tentando saber onde você estava. — mantive meu tom de voz.

— Isso não é da sua conta. — passou a mão em seus cabelos. — Prepare um banho para mim, agora!

— Não! — exclamei. — Você nunca falou comigo assim, Cameron. O que está acontecendo?

— Está acontecendo que eu quero que você prepare um banho para mim. — Ele sorriu sarcástico. 

— E eu digo que não. — cheguei perto dele. 

— Eu estou mandando. — seus olhos estavam escuros.

— Que cheiro é esse de perfume em você? — perguntei olhando suas feições mudarem. 

— O quê está insinuando com isso? — me olhou. 

— Só quero saber, comprou novo? — debochei. 

— Eu não estou te traindo. — ele se levantou bravo. 

— Não duvido mais. — virei de costas.

— COMO É QUÊ É? Está duvidando de mim? — ele puxou meu braço com força. 

— Você anda muito estranho, não duvido. — a olhei.

     Sem deixar eu respirar direito depois da fala, senti uma ardência correr em minha bochecha e meu rosto virar bruscamente em direção ao chão. Ele havia me dado um enorme tapa no rosto. Seguidamente segurou meus braços e me jogou no chão com uma força bruta enorme. Lagrimas já corriam em meu rosto, levantei meu rosto e pude ver o seu vermelho e tomado pela raiva. Olhei em meus braços e já havia marcas roxas neles. Não aguentei e comecei a chorar alto. Ele me olhava concentradamente, como se controlasse cada comprimento do meu corpo. Tomei coragem e me levantei correndo e subi as escadas de casa. 

— S/n, volta aqui! — ele saiu correndo atrás de mim. — Vem aqui, vamos conversar.

— Você ainda quer conversar depois do que fez? — passei o trinco na porta do nosso quarto. 

— Eu... — não completou a frase.

— Eu vou embora. Já estou farta de tudo isso. — peguei uma mala vazia debaixo da cama. Abri o guarda-roupa e soquei várias peças ali dentro. — Espero que seja feliz. 

— NÃO, POR FAVOR! FIQUE! — Cameron parecia querer chorar. — Me desculpe, eu agi sem pensar.

— Você faz tudo sem pensar, sempre a mesma desculpa. — atirei as palavras em sua cara. — Só quero embora.

— Por favor, não me deixe. — sua voz já era gaga. — Você vai me quebrar ao meio. 

— E você acha que me batendo não fez o mesmo? — abri a porta e o encarei. — Me de licença, vou ligar para meu pai. — passei por ele.

— Volta aqui. Por favor, eu imploro, não vá. — ele me interrompeu. — Eu te amo. 

— Você pensou enquanto me machucava? — suspirei. — Olha Cameron, já estou cansada disso, quero um basta, já!

— Eu não sou nada sem você. — ele chorava. 

— Procure outra pessoa para depender para viver, essa aqui esgotou o limite. — saí por aquela porta.

     Caminhei rápido e não pude conter as lágrimas de novo, parecia uma criança chorando, eu não queria acreditar que ele tinha feito isso. Tudo estava indo tão bem, mas foi caindo conforme seu estado ia mudando. 

     Meu pai não havia atendido o telefone, fui para um ponto de táxi e peguei o primeiro que vi. Passei novamente na frente da antiga casa e pude ver Cameron de cabeça baixa na varanda, engoli seco e segurei ao máximo as lágrimas, eu nunca mais choraria por ele...

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