Londres, Inglaterra

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-Você não deveria ter vindo! - Seus cachos negros balançaram quando ela confirmou com a cabeça que queria estar ali. Callie sabia perfeitamente que Christian e eu estávamos nos divorciando, e ao contrario do que achei que seria ela não chorou, não gritou e muito menos disse que iria morar com ele caso realmente nos separarmos, como a maioria das crianças fazem quando os pais entram em divórcio, talvez porque ele e eu estávamos tendo um termino calmo.

-Porquê vocês estão fazendo isso mesmo? - Sua voz tinha um tom de curiosidade de quem queria entender os motivos de coisas simples. Ela se sentou na poltrona do lado de fora do tribunal, estávamos esperando uma de minhas sobrinhas para ficar aqui com ela, já que não podíamos deixa-la entrar na hora que estivéssemos frente a frente com o juiz.

Suspirei me sentando ao lado dela enquanto abria a garrafinha de água e entregava a ela. Alisei seus cabelos negros e sorri dando um beijo em sua testa. Deus eu a amo tanto.

-Entenda uma coisa na vida meu anjo, na vida não podemos nos enganar. Digo... você consigo mesma, e acho que em partes nós estávamos fazendo isso. Passamos quase nove anos achando que era amor, paixão. - Eu sabia que era complexo de mais para uma criança entender isso, mas ela tinha o direito de ter respostas. - O problema é que nós confundimos nosso amor de amigos com o amor como dos meus Pais.

-O vovô amava a vó! - Sorri concordando. Minha mãe havia falecido quando Callie havia completado dois anos, e desde seu crescimento meu pai sempre falou sobre minha mãe pra ela, o quanto se amavam.

-Sim, mas o amor que tenho por ele. - Apontei para Christian que vinha em nossa direção. -Não é o mesmo amor que seu avô tinha pela sua vó.

Ela pareceu entender um pouco do que eu estava dizendo e inteligente como era eu apostaria que ela havia entendido. Seu grito animado ao vê-lo me fez sorrir, ele a recebeu de braços abertos e cochichou algo em seu ouvido.

-Espero não perder minha parceira. - Falei rindo enquanto ele a pegava no colo e beijava seu cabelo.

-Cait. - Me cumprimentou enquanto colocava sua pasta com documentos na mesa espelhada e se sentava com Callie em seu colo. -Sua mãe e eu já conversamos sobre porque de tudo isso não é querida? - Ela assentiu em silêncio e suspirei. Eu pedia a Deus que ela não estivesse sofrendo em silêncio, eu sabia que ela havia puxado isso dele, não deixar transparecer e quando deixava era uma explosão e isso me preocupava.

-Mas poderei ver você, certo?! - Assentimos e ela não fez mais nenhuma pergunta. Minha sobrinha havia chegado alguns minutos depois, bem na hora certa. Nosso horário estava marcado e não poderiamos ser Pais irresponsáveis que deixavam uma criança sozinha em uma sala.

-Foi determinado que ela passará quinze dias dos trinta dias de férias escolares com cada um. - Enquanto meu advogado falava o juiz concordava e escrevia em um papel.

Eu estava sentada de frente para Christian e sabia que ele estava nervoso, com medo de perder algum direito sobre ela, o que eu não faria. Eles se amavam e não seria justo com ambos fazer isso, não tinha nem mesmo uma razão para faze-lo.

-Visitas aos finais de semana sempre autorizadas e nos dias de semana, apenas com a autorização da mãe, Caitriona Balfe. - O juiz disse e olhou para ambos. Assentiu e observei meu ex marido abrir a boca para falar algo.

-Sério isso? Não posso simplesmente pegar minha filha e sair, preciso depender de Caitriona?! - Ele estava irritado e era compreensível. Suspirei desencostando da cadeira.

-Claro que pode, mas quero que me avise com antecedência. Não podemos bagunçar a vida dela por capricho nosso Christian! - Ele ficou em silêncio e tomei isso como consentimento da situação, o que me deixou aliviada.

Estilhaços do DestinoWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu