Diz você, ou digo eu!

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A cena seria cômica se eu não estivesse sem graça. Sam estava ao meu lado com os braços ao meu redor, eu havia dormido com metade do meu corpo apoiado no dele e agora sentia dor no corpo. O sol entrava pela janela de vidro iluminando ainda mais o ambiente e Callie estava parada a nossa frente com a cabeça inclinada de lado, nos observando, vestida em seu pijama com estampas de batata frita e hamburguer. 

-E então? - Ela insistiu. - Vocês são namorados? - Sua testa estava enrugada e um bico forçava em seus lábios. -Não entendo, vocês não brigaram? - Me sentei melhor ouvindo meu corpo reclamar pela noite mal dormida, Sam estava ao meu lado e não sei quem mais pedia ajuda, ele ou eu.

-Já fomos um dia Callie. - Sam começou, ele limpou a garganta e se concentrou na garotinha a sua frente. Não me preocupei em interromper isso, estava bom de mais ver ambos interagirem. -Mas não, não somos. Na verdade eu ainda estou bravo com a sua mãe. 

-Por quê?! - Callie se aproximou dele, curiosa e me olhou como se eu tivesse feito alguma coisa muito errado, como se eu tivesse quebrado o brinquedo favorito de um coleguinha da escola. -O que ela fez? 

-Mentiu pra mim. - Ela abriu a boca em um perfeito "o". -Mas sabemos que não é certo mentir. E sua mãe agiu errado comigo e também já pediu desculpa, entende Callie? Ela não fez por mal, e você não deve jamais jogar isso contra ela. Sei muito bem que vocês crianças fazem isso. - Ela me olhou como se não entendesse o que ele estava falando. -Se um dia você mentir, não quero que você fale que fez isso, apenas porque sua mãe também um dia fez. Isso não justifica! - Sam a olhou com firmeza nos olhos e entendi o que ele estava fazendo, não queria tirar minha autoridade e respeito como mãe e admirei isso, ele não podia saber, mas eu sabia... ele seria um bom Pai, sempre soube disso. 

-Cerrrto. - Callie tinha uma sobrancelha levantada e ainda nos olhava sentados lado a lado. A puxei pela camiseta e abracei.

-Bom dia pra você também! - sua risada me acordou ainda mais e sorri feliz por ouvi-la. Olhei no relógio e vi que eram quase nove horas da manhã. -Perdeu o sono mais uma vez? - ela assentiu. -pesadelos? - Callie concordou e deitou a cabeça em meu ombro, coloquei seus cabelos para trás e beijei sua testa. Sam estava nos observando e fiquei sem jeito com isso. 

-Que tal nós sairmos pra tomar um café da manhã e passear um pouco? - Sam a cutucou.

-Por quê eu iria tomar café com alguém que não conheço mamãe? Nem podemos sair com estranhos! - Ela sussurrou no meu ouvido alto o suficiente para ele escutar. Suspirei, mais uma vez, o meu erro de ter passado anos mentindo batendo de frente. 

-Mas eu irei junto, então não tem perigo, além do que eu o conheço lembra? - Sussurrei de volta em seu ouvido me sentindo mal por Sam. Ela o olhou com os olhos semi serrados e então concordou com a cabeça. 

Eu podia notar que Sam estava ansioso, eu havia ido ao quarto tomar um banho junto com Callie, e trocar de roupa, e quando retornei ao quarto para colocar sapatos nela, o vi andar de um lado para  o outro na sala. Me levantei dando um beijo nos cabelos molhados dela e lhe entrei o pé direito da sapatilha.

-Termina de colocar sozinha sim? - Ela assentiu e fui até ele. - Ei. - Sam se virou para mim. -Calma, é só uma criança, não é o presidente. - Sorri colocando a mão em seu braço, na tentativa de acalma-lo.

-Não é apenas uma criança Caitriona... É minha filha. - Ele olhou por cima do meu outro, a procurando com o olhar. - É muito mais importante do que o presidente pra mim. - Rolei os olhos para ele rindo e então assenti. Ele havia ido tomar banho, enquanto a gente tomava o nosso. Seu cabelo estava molhado e bagunçado, ele cheirava a shampoo de hotel e havia feito a barba. 

Estilhaços do DestinoWhere stories live. Discover now